terça-feira, 15 de maio de 2012

RIBEIRÃO PRETO, A SUA INTEGRAÇÃO REGIONAL E O AEROPORTO

Palestra proferida pelo Prof. Dr. Rodrigo Faria da Universidade de Brasilia
10/05/2012 no auditório do Sindicato dos Servidores Municipais

As forças que tentam obrigar Ribeirão Preto a engolir um aeroporto ridículo, incapaz de atender às futuras demandas  do desenvolvimento regional decidem as suas políticas de ações nos cafofos escuros e embolorados do poder político a serviço da parcela mais retrógrada do poder econômico local, infelizmente ainda hegemônica.

As forças progressistas de Ribeirão e região agem de forma diferente: Promovem seminários, palestras, encontros e outros modelos de exposição de suas ideias, de forma pública e transparente, abertos a todos, inclusive aos defensores do puxadinho do Leite Lopes.

O Sindicato dos  Arquitetos  em Ribeirão Preto organizou uma palestra com o Prof. Dr. Rodrigo Faria, docente da Universidade de Brasília, sobre Ribeirão Preto  como parte integrante no contexto regional incluindo o Triangulo Mineiro. Aconteceu no dia 10/05/2012 no auditório do Sindicato dos Servidores Municipais.

Presentes profissionais da área de urbanismo e de engenharia e de outras áreas profissionais, estudantes, professores universitários, lideres comunitários, ambientalistas entre muitos outros, todos cidadãos  engajados em discutir os problemas do município. É claro que a imprensa, estava ausente, como sempre acontece quando um dos temas é novo aeroporto.   Parece ser assunto tabu e proibido de ser divulgado.

Impossível discutir os problemas atuais de Ribeirão sem se recorrer ao seu histórico de padrão de crescimento e desenvolvimento econômico dentre o contexto mais amplo das forças dominantes desde a década de 40.

Nessa retrospectiva foi citado o Eng. Oliveira Reis que já em 1945 elaborou um plano diretor com as diretrizes de expansão urbana na direção oposta à do Leite Lopes, que ficaria dessa forma longe da cidade e que deveria ter a sua área patrimonial ampliada de tal forma que pudesse conter uma pista de 3.000 metros. Não existiam jatos e muito menos os cargueiros de hoje.
Impressionante a capacidade de visão desse técnico. Impressionante a capacidade do poder político local em arquivar projetos que possam desenvolver o município de forma independente dos donos do poder.

Discorrendo esse tema, ficou claro a falta de visão em se pretender ampliar o Leite Lopes ou de restringir a sua localização ao município, com exclusão de qualquer outro, numa comprovação de falta de visão estratégica regional de cooperação entre municípios, por uma falta de preparo entre os gestores públicos.

Uma das causas dessa falta de cooperação deve-se a que as elites detentoras do poder econômico – e portanto dominantes no poder político – sentem-se ameaçadas com os interesses regionais. Dentro desta linha está o aeroporto Leite Lopes. Foi feita uma análise e uma discussão com os presentes sobre uma fala do Prof Golfeto num programa de TV sobre a pretensa inserção de Ribeirão Preto na globalização por causa da internacionalização do Leite Lopes. Ficou claro que essa pretensa globalização e seus milagreiros efeitos econômicos são equivocados porque o Leite Lopes, mesmo que ampliado, não tem capacidade física de promover essa integração. É limitado.

Ocorrendo essa ampliação ficaria eternizado um grave problema urbano na cidade, sem solução. Seria transformar o Leite Lopes em um novo Congonhas.

Outros assuntos foram tratados como a falta de um sistema público de transportes adequado e decente, a falta de um plano especifico que lhe defina as diretrizes; a falta de um novo PoupaTempo porque o único – distante da massa populacional– já está com a sua capacidade de atendimento esgotada.

O arquiteto Mauro Freitas,  membro do Conselho Municipal de Urbanismo, citou o embróglio em que se tornou a Lei de Uso e Ocupação do Solo, feita sem atender os pareceres do  Conselho para atender a interesses emergenciais da administração municipal  e dos interesses da especulação imobiliária.

A comunidade do Jardim Aeroporto representada pelo Marcos Valério referiu-se ao  COMAM (Consórcio Inter Municípios da Alta Mogiana) e a tentativa já no ano de 2000, através do intermédio da EPTV de se formar uma Agência Regional de Desenvolvimento formada pelo tripé – Ribeirão Preto, Barretos e Franca.

Lembrou também que  a avenida fronteira à cabeceira da pista tem uma grande extensão sem iluminação publica por causa do aeroporto, tendo sido causadora de inúmeros acidentes graves com pedestres e ciclistas que nela transitam (nem calçada tem) e  que a ampliação da pista sobre essa avenida, obrigando-a a contornar, essa zona de escuridão irá ser aumentada e em pontos com curvas, tornando a circulação muito mais perigosa.

Outro fato é que a comunidade ficará espremida entre a rodovia Anhanguera e a pretensa pista ampliada, com a sua mobilidade reduzida e prejudicada no acesso ao resto da cidade.

O eng Lenio informou que se a pista pretendida para a ampliação do Leite Lopes é curta para os cargueiros que a propaganda oficial afirma que irão  operar. Então  não poderão ter carga plena (tanque cheio mais mercadorias transportadas) e por isso a tal internacionalização do aeroporto não é verdadeira, não passando de um aeroporto de conexão.

Outro fato a considerar é que  a região não produz mercadorias na quantidade suficiente para atingir carga plena  especificamente para os voos diretos Ribeirão  Preto -  Miami.

Como sempre, o Movimento Pro Novo Aeroporto estava lá representado pela sua faixa emblemática.

Foi uma verdadeira aula, não apenas de geopolítica mas também de cidadania, porque os problemas da cidade devem ser discutidos de forma ampla e aberta e não impostos por interesses outros.




 

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