quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

AS TENTATIVAS DE AMPLIAR O LEITE LOPES E A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL QUE TEMOS

Foto: internet

A janela de Overton manipulada pelos SLLQC

O termo "Janela de Overton" foi dado em homenagem a Joseph P. Overton, que era vice-presidente do Centro Mackinac para políticas públicas nos anos 90 e criou um modelo que mostra como as opiniões públicas podem ser mudadas intencionalmente e de forma gradual por um pequeno grupo de pensadores ("Think tank"). Ou seja, idéias que antes pareciam impossíveis são plantadas na sociedade e, com o tempo, se transformam até mesmo no oposto do que era antes

O que é que essa Janela de Overton tem a ver com a atual administração municipal?

Tem sido uma administração voltada exclusivamente para garantir os interesses de seus financiadores: Promove o Stockcar, desperdiçando o dinheiro publico para diversão de meia dúzia de aficionados das elites locais mas não tem pequenas verbas para subsidiar o carnaval  de rua, que tem um público cativo mas que é popular e não interessa às elites.

Com o Stockcar alguns hotéis, restaurantes e bares finos têm o seu lucro garantido; com o carnaval de rua só os pipoqueiros e outros teriam um ganho extra em seu ganha-pão. Pobre não financia campanha, só vota. Manipulado, sempre vota para atender aos interesses da casta política provinciana que ainda domina a cidade.

A administração municipal afirma que não pode contratar professores efetivos, devidamente aprovados em concurso público porque não tem verba mas vai gastar uma graninha para “arrumar” a cidade para os franceses que vêm para a cidade para treinarem para a Copa (que não vai ser jogada aqui).

A rede hoteleira, de restaurantes e bares e outros centros “recreativos”  serão os beneficiados. Os ribeirão-pretanos pagam a conta e continuam sem professores e os alunos continuarão aprendendo muito pouco em salas superlotadas.

Má educação pública produz cidadãos alienados. Cidadão alienado é presa fácil dos processos da Janela de Overton e, portanto, facilmente manipulável, ou seja, continuará a votar sempre nos mesmos e nada muda.

Poderíamos falar de muitos outros aspectos da Janela de Overton aplicados pela mídia em Ribeirão mas vamos nos ater apenas ao Leite Lopes.

Aplicação da técnica da Janela de Overton no projeto de ampliação do leite Lopes:
A construção da figura do Papai Noel Leite Lopes

Em 1995 a cidade declara que o Leite Lopes deve ser relocado para fora da área urbana. Interesses econômicos externos a Ribeirão cooptam algumas personalidades e entidades das elites locais e passam a promover a ideia de ampliar o aeroporto, tornando-o internacional, não afirmando mas sugerindo, como se verdadeiro fosse, que haveriam voos internacionais de passageiros.

Logo de cara sofrem com a rejeição da sociedade civil e dos moradores do entorno, aqueles preocupados com a cidade e seu desenvolvimento  e estes preocupados com o seu futuro[i]. A alternativa proposta é a de um aeroporto novo.

Para contornarem a situação, os interesses ligados à ampliação do Leite Lopes, que o Movimento Pro Novo Aeroporto denomina de SLLQC[ii], promovem campanhas para iludir a opinião dos moradores do entorno.

Iniciaram com uma campanha do tipo Papai Noel (Leite Lopes) organizando uma agenda denominada de “agenda positiva” junto a todas as associações de bairros do entorno, para cooptá-las, em que a palavra de ordem era: ”não adianta lutar contra ampliação do aeroporto, que é inevitável, mas vamos ser positivos tirando o maior proveito possível”.

Depois promoveram uma campanha demonizando os moradores do entorno afirmando que todos são invasores e aproveitadores que se estabeleceram dentro do zoneamento de ruído do Leite Lopes, mesmo os que moram em terrenos legalizados. Apregoam aos sete ventos para  os primeiros a remoção para locais melhores, mais dignos no processo de desfavelamento[iii] e para os segundos uma supervalorização imobiliária.

Sempre escondiam que os loteamentos, legais e devidamente regularizados,  já existiam muito antes de um campinho de aviação ter virado aeroporto e de ter um zoneamento de ruídos (por isso ele é o invasor e não os moradores) e os favelados já estavam ocupando áreas vazias e abandonadas muito antes das pretensões de ampliação do Leite Lopes e “sugerindo” que só lá é que existiam favelas.

Falaram que iam promover cursos especializados e muitas outras falácias, entre as quais que os empregos seriam preferenciais para os moradores e que ocorreria uma tal supervalorização dos imóveis que, se o Leite Lopes fosse ampliado ficariam todos ricos.

É a velha técnica da formação de demanda política: primeiro assusta, depois seduz e por último engana. Dessa forma se desloca a Janela de Overton da rejeição pura, para a situação de normalidade e depois para a aprovação do projeto usando a ganância do lucro fácil (vou vender o terreno com uma casinha e compro uma mansão ou vou ganhar uma casa de graça pela COHAB[iv]).

Foi uma campanha bem feita desenvolvida pela mídia escrita, falada e televisionada além dos prepostos dos interesses dos SLLQC com penetração junto às comunidades. Desde 1997 até à presente data.

Grandes campanhas televisivas como “Desafio 2000” e “O amanhã se constrói hoje” martelavam os noticiários tentando enganar as pessoas criando a imagem de  progresso que só a ampliação do Leite Lopes poderia proporcionar.

Escondiam a alternativa de construção de um novo aeroporto em local adequado. Nenhuma atividade do Movimento Pro Novo Aeroporto era alvo de noticiário.

Agora já está em curso a campanha de campo desenvolvida a partir de 2012, elaborada pelo DERSA,  muito bem descrita, estruturada  e organizada no Relatório de Regularização Ambiental.

Uma das frentes da campanha foi aberta através da sempre conivente mídia local, principalmente através da imprensa escrita, que publicou  diversos artigos, muito bem feitos por sinal, “demonstrando” uma “evidente” valorização já em curso  no entorno do Leite Lopes.

A fase final da Janela de Overton aplicada no Leite Lopes:

 Engana-se a população  aprovando uma Lei que transformou os bairros
do entorno de uso misto para uso industrial, proibindo o uso residencial

Em 2012, na revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo, transformaram todo o entorno do Leite Lopes (com exceção do bairro Quintino I) em uso industrial, sem conversar com os interessados, ou seja, os moradores que lá residem faz décadas.

A imprensa, escrita, falada e televisiva, foi informada disso pelo Movimento Pro Novo Aeroporto mas se fez de morta, nada divulgando a esse respeito.

Foi aprovada uma lei de autoria do  vereador Dr. Jorge Parada obrigando a prefeitura a incluir no carnê do IPTU o zoneamento do imóvel.  Os carnês foram distribuídos mas não incluíram essa informação.

Não esqueceram de cumprir a Lei:  foram omissos porque perceberam aonde isso os levaria.

Não o fizeram para que a população não ficasse sabendo que agora está  irregular e que não pode mais morar  onde há décadas sempre residiu!

E por isso a população continua não sabendo da manobra que aprontaram contra  ela. É por isso que a administração não quer que a população saiba e muito menos pelo carnê do IPTU!

Esse hábito, já cristalizado na administração pública,  de não ser transparente nem se interessar em divulgar as suas pretensões e atividades, também levou o vereador Beto Cangussú  a entrar com uma representação junto ao Ministério Público já que a lei da Transparência não permite a omissão de poder público de fornecer todos os esclarecimentos solicitados por qualquer cidadão. 

O Movimento Pro Novo Aeroporto fez uma pesquisa informal junto à comunidade que manifestou não acreditar que essa covardia tenha sido feita pela Prefeitura mas se assim o fosse,  é claro que  ocorreria a desvalorização de seus imóveis.

Este tema será analisado em maiores detalhes em artigos futuros.

Enquanto isso, sabem por que é que transformaram todo o entorno em área industrial?

Conversas na internet, SLLQC notáveis comentaram:

 [...] a maior reclamação são dos moradores no entorno, caso o Governo retire as pessoas de perto do aeroporto quem ficará para reclamar??? Ninguém, aí sim o aeroporto estará pronto para crescer mais ainda.

Ou seja, não existe nenhuma valorização no entorno por causa da transformação do uso do solo para industrial. É que o excesso de ruído, o excesso de vibrações, do porte do transito mais pesado não será passível de reclamação de morador porque não deveria estar morando lá. E, por ser legal, os incomodados que se mudem. Assim os SLLQC podem ampliar ainda mais o Leite Lopes às custas de todas as poupanças e economias de milhares de famílias que não terão a quem recorrer.

Esse é o resultado da manipulação da opinião publica usando o sistema da Janela de Everton para enganar toda uma população.

Mas o Movimento Pro Novo Aeroporto e o Movimento Pro Moradia e Cidadania não vai permitir que isso se consolide, porque

POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO

Diga Sim a revogação da Lei do Uso do Solo
Diga Não à ampliação do Aeroporto e desvalorização das casas

Nas eleições de 2014  e 2016:
Diga Não aos candidatos que “vendem” o Papai Noel Leite Lopes



[i] Aqui nasce o Movimento Pro Novo Aeroporto.
[ii] SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve.
[iii] Ao longo destes anos temos assistido ao que significa, de verdade, esse tal desfavelamento
[iv] Na verdade só ganham 2 carnês: o do IPTU e o das prestações da casa nova, normalmente com muitos defeitos e localizada em área sem postos de saúde, sem escolas nem creches

domingo, 19 de janeiro de 2014

O velado golpe na população do entorno ao aeroporto

2014 COMEÇOU E SERÁ DEFINITIVO PARA OS MORADORES DO ENTORNO DO LEITE LOPES

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve

O problema fundamental gerado pela funçanguice da ampliação do Leite Lopes é político-social.

É político porque pretende atender apenas a interesses econômicos de empresas sem nenhum respeito aos interesses regionais, municipais, locais e socioambientais, porque o setor político é submisso aos interesses do deus GRANA que manda e desmanda nesta cidade.

É político porque os interesses comerciais e econômicos ainda conseguem manter os cidadãos sob o jugo de uma casta política muito provinciana que ainda considera a Ribeirão Preto uma cidade grande do interior e não a sede de uma pulsante região metropolitana.

Haja visto a atual administração municipal que não consegue sair do atoleiro em que ela mesmo se enfiou. Todos conheciam muito bem a candidatura que foi eleita mas mesmo assim a reelegeram  porque foram “convencidos” pelos adeptos da teoria da prosperidade da qual a população em geral não está inclusa mas é uma excelente massa de manobra.

Mesmo assim se acham muito espertos. Em lugar de fazerem o projeto para um aeroporto novo, que já poderia estar pronto e funcionando, inclusive para atender com qualidade a pequena demanda que virá com a Copa, preferiram inventar uma tal Regularização Ambiental.

Com essa “mágica” tentam impor um tal deslocamento de pista como sendo a solução técnica, ao invés de um estudo sério (EIA-RIMA),  porque, se o fizessem, só iriam  confirmar a inviabilidade dessa ampliação.

Em 2013, os SLLQC sofreram revés muitos sérios:

O Ministério Público não foi na onda do tal deslocamento da pista e contestou essa pretensão no Judiciário.

A própria CETESB, órgão do Governo do Estado que é o responsável pelo licenciamento de obras desse tipo, contestou o projeto exigindo uma ampliação do Terminal de Passageiros porque, ao contrário das “conclusões” da Regularização Ambiental, o Leite Lopes ainda não tem demanda por cargas mas certamente que a tem por passageiros, com base nos dados do próprio Relatório  que preferiu não abordar este aspecto com o devido cuidado.

Afinal de contas, todo o histórico da pretensa ampliação do Leite Lopes sugere a alternativa de que os interesses em jogo têm apenas por objetivo atender à implantação de um  empreendimento que foi aprovado em 2002 numa licitação pública de um só concorrente.

O velado golpe na população do entorno ao aeroporto

A administração municipal, usando de toda a sua “capacidade de espertalheza jurídica”, em 2012 modificou o Uso do Solo de todo o entorno do Leite Lopes que era de uso misto (residencial, comercial e industrial de pequeno porte) para industrial de médio e grande porte.

Depois essa mesma “espertalheza” saiu do campo jurídico e entrou no midiático com amplas reportagens sobre a suposta valorização do entorno do Leite Lopes, mas “se esqueceu” de que a  transparência de seus atos a obrigaria a informar essa mudança do uso do solo aos interessados diretamente atingidos, o que sugere o intuito de esconder os prejuízos para a população do entorno decorrentes desta reforma da lei.

A valorização imobiliária em Ribeirão Preto é real mas é  generalizada a toda a cidade mas as reportagens feitas na mídia tentaram atribuir toda a valorização apenas como se a causa fosse a ampliação da pista e a construção de um Terminal de Cargas.

Foram reportagens tão bem feitas que até convenceram alguns de nossos internautas.

Além da administração municipal, outros interessados nesse projeto que impede que Ribeirão Preto tenha um aeroporto decente, temos certos sindicatos muito íntimos com a FIESP,  além da própria, continuaram essa campanha mas alegando a geração de milhares de novos empregos, o que nos reporta também para um outro empreendimento aeroportuário merecedor do maior repúdio por parte das comunidades que seriam atingidas[i].

Só para se ter uma ideia de volume de cargas atuais no Leite Lopes: mais ou menos 30 kg por pouso/decolagem. Até o aeroporto de Bauru tem um movimento maior!

A resposta à falta de transparência da prefeitura

Para finalizar este breve resumo referente a 2013, resta-nos relatar um fato que, aparentemente apenas administrativo, mas que demonstra como a verdade sobre o entorno do Leite Lopes não é do interesse da administração municipal em divulgar entre as pessoas diretamente interessadas que são os moradores do entorno, alguns ainda crédulos sobre as vantagens do “Papai Noel Leite Lopes e a grande valorização do entorno”.

O vereador Dr. Jorge Parada[ii] conseguiu aprovar uma lei que obriga a prefeitura a indicar no carnê do IPTU o zoneamento onde o imóvel está localizado, ou seja, obrigaria a administração municipal a ser transparente em seus atos:

No Plano Diretor do Município existem divisões determinando que áreas tenham construções predominante residencial, estritamente residencial, comerciais, mistas, industriais, interesse social, preservação. E estas divisões organizam construções impedindo o crescimento desordenado na cidade.


Dr. Jorge Parada teve esta iniciativa de elaborar esta Lei, após ouvir muitas solicitações no sentido de facilitar o acesso a este tipo de informação, inclusive porque algumas pessoas arcaram com prejuízos na compra/venda de imóveis por ignorarem o tipo de zoneamento do imóvel.



Uma medida simples e sem custo, que facilitará e beneficiará a toda população de Ribeirão Preto.


Uma medida simples, sem custo adicional mas que iria confirmar aos moradores do entorno do Leite Lopes que eles estão residindo irregularmente na casa onde sempre moraram, organizaram e construíram as suas vidas.

Essa falta de transparência por parte da administração municipal é generalizada e também foi objeto de representação junto ao Ministério Publico pelo vereador Beto Cangussú.

Quais os  prejuízos da reforma da lei de Uso e Ocupação do Solo para a população do entorno do Leite Lopes que a campanha midiática tenta esconder com a tal suposta valorização imobiliária?

De uma canetada, para atender aos interesses do Governo do Estado em impor à população a sua sanha ideológica de privatizar o Leite Lopes, a prefeitura aprovou, em 2012, a Lei do Uso e Ocupação do Solo Lei 2505 onde todo o entorno (exceto o bairro Quintino I) foi transformado de uso misto em industrial.

Olha só o que o presente que Papai Noel Leite Lopes (art. 6º)  deu para os moradores:

III - Áreas Especiais de Uso Industrial (AID) - destinadas principalmente à implantação de atividades industriais com risco ambiental alto e moderado, mas podendo receber também os demais tipos de indústrias, bem como atividades comerciais e de prestação de serviços, localizadas principalmente em distritos industriais e junto às rodovias, pela facilidade do transporte de cargas, onde fica proibido o uso residencial. Estas áreas estão descritas nos Anexos V - A, V - B, V - C, V - D e V - E;

                         Não entenderam o que isso significa? Prestem atenção no mapa:



Localizou a sua casa? Ela está dentro dessas faixas azuis?

Pois é: agora está impedido de morar lá porque passou a ser proibido o uso residencial.

Quanto vale a sua casa se ela não pode mais estar lá onde sempre esteve nos últimos 40 anos?

Este tema será mais detalhado em textos futuros

Para terminar, uma boa noticia sobre a desmoralização da ideologia privatizante do Governo do Estado que acha que tudo pode ser feito:  A tentativa de aprovação da privatização de 5 aeroportos foi revogada pela Secretaria de Aviação Civil[i].

2014 promete. De qualquer forma, não podemos esquecer que muita coisa que ocorre no estado de S. Paulo pode ser corrigida nas eleições deste ano, porque

POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO

Diga Sim a revogação da Lei do Uso do Solo
Diga Não à ampliação do Aeroporto e desvalorização das casas

Nas eleições de 2014  e 2016:
Diga Não aos candidatos que “vendem” o Papai Noel Leite Lopes



[i] http://jornalggn.com.br/noticia/como-o-jovem-skaf-conseguiu-um-aeroporto-em-parelheiros