terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Programa Encontro Empresarial entrevista Professor Jorge de Azevedo Pires

A mídia, cooptada por certos  interesses econômicos e políticos populistas interessados na ampliação do Leite Lopes a qualquer custo, tenta nos convencer que essa ampliação é uma vontade dogmática, inquestionável e unânime.

Sabemos que não é. Mas de vez em quando, personalidades ribeirão pretanas conseguem espaço , se manifestam contra a ampliação e demonstram a necessidade de um novo aeroporto para atender ao desenvolvimento local e regional.


Apresentamos uma entrevista na TV RP  em que a falácia Ampliação Leite Lopes é simplesmente detonada pelo ilustre prof. Jorge de Azevedo Pires. Vale a pena assistir.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A TAL SUPERVALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DO ENTORNO DO LEITE LOPES

A realidade desmascara o Papai Noel Leite Lopes[i]

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há mais de 15 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto porque demoraria 10 anos para se construído e que, por isso,  entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve.

Ao longo de nossa campanha por um novo aeroporto e que o Leite Lopes fique como está (ou seja, Ribeirão Preto disporia de dois aeroportos, como já acontece com muitas cidades – Bauru, por exemplo) alguns de nossos leitores têm travado um dialogo muito interessante sobre os diversos temas abordados.

Um desses temas tem sido uma tal valorização imobiliária no entorno do Leite Lopes para a construção de galpões logísticos e sempre baseados na opinião de autoproclamados “experts” no assunto, publicadas em reportagens da imprensa local.

Tomamos a liberdade de transcrever trechos de alguns desses diálogos, com omissão dos nomes, embora estejam publicados no blog:

Para não dizerem novamente que é matéria paga no jornal, tive a paciência de pesquisar e confirmar os valores do m2 praticados na região com corretores e Imobiliárias conhecidas da cidade [...]
 e
Desmerecendo seu comentário: JORNAL A CIDADE 19/01/2013
TÍTULO: Galpões disputam entorno do aeroporto de Ribeirão Preto

M
M I. já notou que eles sempre se acham com a razão ?? Para eles todos estão em estado de devaneios, todos são mal informados e que essa procura maior pelos espaços no entorno é pura e simplesmente por causa somente da rodovia.

[...]
Felizmente o Governo de São Paulo está decidido em deslocar a pista e prover condições para que o aeroporto consiga dar seus primeiros passos rumo as operações nacionais e internacionais de carga.
 

M, a rodovia sempre esteve no mesmo lugar e nunca, como agora, a valorização nas proximidades do aeroporto foi tão grande, porque será ?

M
Olha M I. acho que a valorização nas proximidades do aeroporto hummm.... tá meio difícil de responder, mas acho que deve ser pelo Shopping Iguatemi, ou mesmo pela expansão do RibeirãoShopping, ou pelas obras de mobilidade urbana previstas pela Prefeitura (túneis, viadutos, corredores de ônibus etc), ou talvez pela construção do Viaduto Henry Nestlé, também pode ser pela FATEC, ou pelas obras anti enchentes na Jerônimo Gonçalves; olha tá muito difícil de saber, mas acho que não deve ser pela internacionalização do aeroporto não, segundo o Movimento o aeroporto não tem nada haver com isso e está até desvalorizando o que tem perto. Fala sério né ??!! Interessante saber que nesta mesma Via Anhanguera, logo mais ao norte, em Orlândia, não existe esta procura por áreas para galpões, no sentido inverso, logo alí em Cravinhos também não existe esta procura, por coincidência justamente onde existe o LL por perto está tendo esta procura, agora fiquei intrigado!! Quem será que deve estar em estado de devaneios ?? Os que querem o aeroporto internacional (RP e região, em sua maioria absoluta), ou o Movimento que quer preservar todas as favelas e impedir que pessoas consigam condições melhores de vida, apenas porque eles não querem ser desapropriados ??

Para o leigo, todas as alegações feitas são verdadeiras jóias de sabedoria.

Mas a realidade é soberana e não compactua com devaneios. Nem mesmo quando são propagandeados por interessados em promover, mesmo que artificialmente, uma especulação imobiliária.

Abandono de áreas no entorno do Leite Lopes

No entorno imediato do Leite Lopes (e não à distância de 5 km) existem diversos loteamentos de uso industrial aprovados mas totalmente desocupados. Desocupados é uma força de expressão porque na verdade são invadidos por lixo, entulhos, ratos, escorpiões, carcaças de animais mortos e por muitos urubus que vão lá se alimentar.

Um desses loteamentos, próximo à cabeceira da pista, foi ocupado por um assentamento de Sem Teto denominado de Nelson Mandela e que depois foi desocupado pacificamente, no cumprimento de um acordo com os proprietários.



Nenhum lote foi colocado à venda. Se existisse algum tipo de interesse econômico para a construção de galpões tendo como fator de demanda o Leite Lopes, a procura seria grande e certamente que hoje não existiria nenhum lote à venda. E os urubus estariam buscando “boca livre” em outro local.





A tese da valorização imobiliária é posta à prova e é reprovada

Nesse meio tempo, a maravilhosa administração municipal que foi eleita, para enfrentar as grandes dificuldades financeiras até para pagar o salário dos seus servidores, colocou à venda por licitação[ii] inúmeros imóveis (próprios municipais), alguns situados no entorno imediato do Leite Lopes e por 60% de seu valor imobiliário.

Sem dúvida, uma verdadeira pechincha para quem acredita que se trata  uma região em franca valorização imobiliária por causa do galpão logístico situado dentro do Leite Lopes e do “breve” inicio das viagens de cargas internacionais.

Todos os especuladores imobiliários, incluindo os tais “experts” deveriam ter corrido em massa para apresentarem as suas propostas de compra. Deveria ser uma verdadeira maratona!

Pasmem! Não houve nenhuma oferta! Ninguém se interessou!

Isso apenas comprova que a tal internacionalização do Leite Lopes não promove a valorização imobiliária do seu entorno.

Promove apenas o risco socioambiental às populações do entorno, que não são favelados porque compraram os seus imóveis devidamente registrados em cartório (só os SLLQC insistem em chamar essas populações de favelados), e que neles investiram todo o trabalho de suas vidas. Sem falar, é claro nos danos à cidade e também à região por falta de um aeroporto que possa dar-lhe o suporte para o crescimento socioeconômico.

POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ ILUDIDO
CONGONHAS EM RIBEIRÃO, NÃO
NOVO AEOPORTO, EM NOVA AREA, JÁ!



domingo, 2 de novembro de 2014

AS ELEIÇÕES, OS SLLQC E O IMPÉRIO DA CIDADANIA

O Judiciário impõe a Cidadania a Ribeirão Preto

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há mais de 15 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto porque demoraria 10 anos para se construído e que, por isso,  entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve.

As férias do nosso blog acabaram porque as eleições já estão terminadas. Não nos interessam as eleições  presidenciais. No nosso caso, no momento, apenas as eleições estaduais. E. contrariando as expectativas de quem está cansado de promessas não cumpridas, o governo atual se reelegeu com uma ampla margem e logo no primeiro turno.

Consolidou-se o Tucanato Paulista. Em particular em Ribeirão Preto, cidade ocupada e pretensiosamente dirigida por uma oligarquia provinciana, conforme os franceses da Copa a definiram.

Mas é um Tucanato sem força renovadora. Em Ribeirão Preto foram reeleitos os mesmos de sempre e com uma ampla margem. O que isso significa? Significa que o Tucanato não está conseguindo desenvolver novas lideranças.

E o que é que o Movimento Pro Novo Aeroporto tem a ver com isso? Nada de especial: sem novas lideranças, as velhas emboloram e não conseguem mais ser defensoras eficientes da tese Só Leite Lopes a Qualquer Custo (SLLQC).

Por isso, o potencial ofensivo das forças contrárias ao desenvolvimento de Ribeirão Preto e região está em declínio.

Apesar da costumeira omissão da mídia local,  vai ficar mais fácil implantar a ideia do novo aeroporto junto ao que sobrou desse Tucanato porque essa ideia já é ponto pacifico na população, principalmente naquela moradora no entorno do Leite Lopes.

Antes das eleições os Movimentos Pro Novo Aeroporto e o da Moradia e Cidadania desenvolveram atividades de campo junto a essas populações explicando-lhes o que significava a transformação de todo o entorno do Leite Lopes em área industrial (LC 2505/12).

O pessoal ficou indignado quando viu no mapa a sua casa que levou uma vida inteira de trabalho e de economias  para ser construída, de repente, sem aviso e sem perguntar nada para ninguém, ficar dentro de uma área industrial.

E daí que não se perguntou nada para ninguém?

Fazer Leis, implantar o “progréssio” e facilitar os empreendimentos lucrativos é obrigação e prerrogativa do poder executivo, ou seja, da prefeitura. Não tem que perguntar nada para ninguém. Os vereadores aprovaram, está aprovado. Se não gosta que seja assim, que vá reclamar com o bispo. Este foi o pensamento dos SLLQC a respeito.

Teve gente que não gostou mas também não foi reclamar com o bispo mas sim denunciar ao Ministério Público que essa lei tinha sido aprovada fora dos ditames legais de ser discutida com as comunidades interessadas, através de Audiências Públicas.  Gente arrojada e sem medo de cara feia de oligarca provinciano.

E os SLOQC devem ter-se perguntado:

Como assim? Agora tem que se perguntar ao povinho se as leis estão de acordo com a vontade popular? Não basta a vontade dos donos do poder econômico e de seus representantes na vereança?

Pois é! Precisa sim, porque o Brasil não é mais uma Democracia Representativa como era nos tempos dos “coronés” mas sim uma Democracia Participativa através da qual a cidadania representada pelos movimentos sociais e outras entidades da Sociedade Civil também têm voz ativa.

O Ministério Público, no cumprimento de seu dever, entrou no Judiciário para resolver a questão dessa lei que foi  aprovada ao arrepio da lei. A sentença do Tribunal de Justiça já saiu: a lei foi declarada inconstitucional[i]. Entre outras coisas, o entorno do Leite Lopes não é mais de uso industrial.

O conceito megalomaníaco de transformar o entorno do Leite Lopes   de uso misto para uso predominantemente industrial, tentando transformá-lo  numa tal de cidade aeroportuária (ou aerotrópolis segundo os mais pomposos),  foi para o beleléu. Se escafedeu.

Na verdade esse pessoal leu a esse respeito em algum artigo mas não  faz a menor ideia do que seja uma cidade aeroportuária. Se entendesse do assunto, certamente que estaria defendendo um novo aeroporto. Não é possível organizar uma aerotrópolis no entorno do Leite Lopes.

Só para lembrar: a tentativa de ampliação do Leite Lopes contrariando uma decisão judicial[ii], recorrendo a um subterfúgio infanto-juvenil de aprovar um tal de Relatório de Regularização Ambiental em lugar de fazer um Estudo de Impacto Ambiental (obrigatório), e entre muitas outras coisas se esqueceram de que é necessário providenciar Audiências Públicas.

Precisamos relembrar a última, ocorrida em 2007, na qual o projeto original foi repudiado?

Com Tucanato ou sem Tucanato, já está a caminho o féretro  do projeto de ampliação do Leite Lopes em lugar de se construir um aeroporto novo, moderno, adequado e apto a suportar o desenvolvimento econômico regional. Sem causar danos sócio ambientais nem danos irreparáveis para a cidade de Ribeirão Preto.
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POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO

Diga Não à ampliação do Aeroporto e á desvalorização das casas

Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Artigo do Professor Jorge de Azevedo Pires

AEROPORTO “LEITE LOPES”: DESCULPEM PELA REDUNDÂNCIA!


Jorge de Azevedo Pires*


Ao assistir o programa “A GRANDE ENTREVISTA” no dia 22/08/2014, vemos o entrevistador, Prof. Antonio Cassoni indagar ao Promotor de Justiça, Dr. Antonio Alberto Machado, como se encontra a questão do Aeroporto Leite Lopes. Estavam presentes também, os arquitetos Sílvio Contar e William Fagiolo.

Com minhas palavras, dentre várias colocações, disse o entrevistado que ninguém é contra um aeroporto internacional de carga para Ribeirão Preto, aliás, há muito tempo ele está com a habilitação formalizada para o transporte de carga.

Simplesmente, o aeroporto que querem, não cabe no espaço disponível, e muito menos se fosse ampliada a pista para 3.000 metros conforme pretensão dos governos municipal e estadual. Inúmeros problemas persistiriam e/ou se agravariam, além do elevado custo.

Em contato com pessoas da aeronáutica, em Brasília, soube-se que o COMAR, filiado ao Ministério da Aeronáutica, nem quer ouvir falar sobre aumento da pista, da qual apenas 1.700 dos 2.100 metros podem ser utilizados, conforme TAC assinado no DAESP há anos - dificilmente aprovariam aumento da pista.

Surgem problemas viários, técnicos e jurídicos a cada momento, sem se falar nos de ordem social e segurança, nas inúmeras e onerosas desapropriações no seu entorno, constituindo numa enorme violência contra os cidadãos, habitantes da região.

Como bem afirmou o Promotor Machado, não podemos ter um aeroporto para só atender ao presente, com prazo de validade!

O Ministério Público e todos querem um aeroporto para passageiros e carga, fora da cidade, definitivo, servindo à cidade e toda região - visão de longo prazo, de estadista, deve ser comprometida com um aeroporto novo, maior, em outro lugar, que não só atenda ao presente, mas ao futuro da cidade e região – que seja digno para Ribeirão Preto!

Façamos como Bauru que construiu seu novo aeroporto a duas dezenas de quilômetros do centro urbano, em grande área, viabilizando futuras ampliações.

O Arq. Sílvio Contart afirma, e indagando diz que independente do que se faça, nesse aeroporto, um novo aeroporto será necessário.

O acima explanado já foi dito e escrito, em várias oportunidades, constituindo, portanto, para muitos, em verdadeira redundância!

Quanto tempo perdido! Há cidades bem acordadas tratando do assunto! Deixemos o atual como está e todos lutemos pelo novo! Acordemos antes que seja tarde demais! Chega de mediocridade!

*Jorge de Azevedo Pires, professor voltado às questões relativas ao bem comum e, autor do livro “Pensando Ribeirão Preto – ontem, hoje e amanhã” – edição do autor - 2011.



Ribeirão Preto, 31/08/2014.


Link da entrevista

sábado, 2 de agosto de 2014

A GÊNESE DO MOVIMENTO PRO NOVO AEROPORTO EM RIBEIRÃO PRETO e o PAPAI NOEL LEITE LOPES

Ribeirão Preto já viveu tempos de grande atividade da sociedade civil na elaboração das políticas públicas da cidade. Foi uma época de grandes iniciativas, com pouco papo furado e muitas ações realmente pró-ativas.

Uma dessas ações foi a elaboração pioneira do seu Plano Diretor onde se delinearam as diretrizes básicas do desenvolvimento do município.

Foram bons tempos, onde a cidadania realmente  estava presente.

Como eram diretrizes gerais todos os setores – político, corporativo e associativo – estavam unanimes na aprovação dessa lei, resultado do consenso das discussões produtivas de todos os envolvidos.

Essa lei do Plano Diretor foi publicada em 1995!

E num de seus artigos[1], constava que o aeroporto deveria ser remanejado para fora do Anel Viário (naquela época, o anel viário era um dos demarcadores da área urbana).

Toda essa glamorosa convivência corporativo-política com a cidadania para garantir a qualidade de vida da cidade constituiu uma lua-de-mel idílica até que os interesses privados se chocaram com os interesses da cidadania, como pode ser observado, ainda nos tempos atuais, nas “brigas” políticas para as sucessivas revisões das Leis do Plano Diretor, em particular as do Uso e Ocupação do Solo.

Um desses “choques culturais” foi o aeroporto da cidade, o Leite Lopes.

Em 1997 o governo norte americano, por intermédio da TDA[2], contratou a Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná[3] (ADTP) para coordenar o estudo sobre a transformação do aeroporto Leite Lopes em internacional.

Esse estudo, elaborado pela empresa norte-americana Wolpert Inc.,  custou à TDA  em torno de US$ 300.000,00,  e foi doado a fundo perdido!

Logo em seguida algumas entidades ligadas ao setor empresarial  que defenderam a remoção do Leite Lopes para local mais adequado, incluindo essa necessidade na lei do Plano Diretor em 1995, tornaram-se defensoras irredutíveis pela sua ampliação, considerando que a localização é ótima e não faz mal a ninguém e o progresso não pode parar!

Nada como um bom negócio para fazer virar a casaca. Alguns chamam isso de pragmatismo.

O projeto da TDA/Wolpert foi dirigido especificamente para a expansão do Leite Lopes e não para a construção de um aeroporto novo, tendo como principal vetor de projeto a redução de custos! Se essa ampliação era interessante para Ribeirão e região, não constava do escopo desse trabalho.

A análise desse projeto  demonstrou o total descompasso com a realidade técnica e das políticas e normas brasileiras para aeroportos e por isso mereceu o repúdio da sociedade civil e de especialistas da área que acionaram o Ministério Público, que passou a intervir no processo.

Mas algumas coisas ficaram marcadas pela sua singularidade:

Uma das características da tal TDA consiste em que financia, a fundo perdido, estudos que gerem renda e emprego para os cidadãos norte-americanos e que garantam a participação de empresas norte americanas no empreendimento.

Uma afirmação nesse estudo está em que “certas alternativas são proibidas por lei mas, no Brasil, as leis são muito flexíveis”. E parece que não exageraram porque se era exigido por lei a remoção do Leite Lopes, aceitar a sua ampliação foi flexibilizar (e muito) a legislação em vigor na época.

Ficou estranho que alguns agentes da sociedade civil que apoiaram a relocação do Leite Lopes em 1995, apenas dois anos depois, tenham mudado de opinião.

Poderiam, pelo menos, ter sugerido construir um aeroporto novo, nem que fosse para fingir que eram partidários de estudos sérios.

Outro fato interessante é que o Relatório estimava em US$ 20.000.000,00 o custo total da ampliação  e que esse valor era tão pequeno que seria difícil de obter financiamento internacional....

A proposta do projeto da TDA/Wolpert foi  analisada e amplamente discutida no COMUR[4], por iniciativa de sua Ouvidoria, que elaborou um Relatório demonstrando a inviabilidade da ampliação e sugerindo uma coisa simples: a construção de um aeroporto novo, conforme determinava a legislação municipal.

Desde o anúncio de que o Leite Lopes seria ampliado – os interesses corporativos nem cogitavam a hipótese contrária e muito menos a da construção de um novo aeroporto – a mídia cantava em versos e prosa as vantagens desse empreendimento e o governo municipal deu todo  o apoio ao empreendimento e a própria Câmara Municipal passou a analisar o projeto, criando uma Comissão Especial de Estudos (CEE).

A parceria entre o Executivo e o Legislativo para justificar a viabilidade política do empreendimento alcança níveis histriônicos inimagináveis que ficaram registrados nas atas da CEE[5] (grifos nossos):

[...] oitiva do senhor Dr [...] às 14:30 horas teve inicio a reunião. O presidente [da CEE] teceu comentários iniciais sobre a intenção da Comissão, que é imparcial sobre o assunto, somente a finalidade dela é embasar-se no depoimento de pessoas interessadas  e conhecedoras que auxiliarão na formação de um juízo do melhor que possa ser para a população.

[...]perguntado se o depoente tem conhecimento  de outras cidades dentro do país ou até mesmo fora de aeroportos que fiquem dentro da cidade , disse que são inúmeros aeroportos nessa situação. E que não considera o aeroporto como dentro da cidade.”

Se o Leite Lopes não está dentro da cidade, onde será que está?

E o nobre vereador, presidente da CEE, parece concordar com o depoimento, já que não fez essa pergunta ao depoente, convidado que foi por ser pessoa conhecedora[6]!

Todas as ações foram promovidas tendo como objetivo consolidar a inevitabilidade da ampliação e teve a adesão quase unanime das mídias locais.

A sociedade civil, reunindo as verdadeiras forças vivas da cidade, recusou-se em aceitar a ampliação do Leite Lopes  sem o aval de estudos sérios não só de engenharia de aeroportos mas que também fossem levados em conta  estudos socioambientais e econômicos e que a alternativa novo aeroporto  também fosse considerada, não tendo como única justificativa que a ampliação seria  a condição de menor custo, ou seja, a “mais baratinha”.

Ribeirão Preto é uma cidade que merece respeito e não pode ficar â mercê de interesses exclusivamente econômicos e interessantes apenas para alguns setores muito específicos.

A cidade não aceitava que o aeroporto Leite Lopes se tornasse um novo Congonhas, ou seja, um aeroporto meia boca. Por isso tinha que se insurgir!

Nascia, agora, de forma organizada, o Movimento Pro Novo Aeroporto tendo reunindo diversas entidades tais como a Associação Ecológica e  Cultural Pau Brasil, a Associação Humanística de Ribeirão Preto, a Associação de Moradores  do Jardim Aeroporto, a Associação de Moradores da Vila Hípica, entre muitas outras, além de personalidades diversas.

Para fazer face a esse Movimento, além da manipulação da informação publica pela mídia, o poder político cooptado pelo poder econômico passaram a tentar cooptar diretorias de Associações de Moradores através do que chamaram de Agenda Positiva, que de positiva não tinha nada e que o Movimento Pro Novo Aeroporto denominava de Papai Noel Leite Lopes.

Vamos ver alguns exemplos:

Na reunião da Agenda Positiva de 12/06/1999 foi dado como que um ultimato a todos os representantes das comunidades atingidas pelo empreendimento, tentando enganá-los com a sua inevitabilidade:


E qual seria essa Agenda Positiva e quem poderia participar dela? Na reunião do dia 01/12/1999 tudo começa a ficar mais claro:


Passa a ficar claro que a Associação de Moradores  que fosse contra o empreendimento ficaria de fora das discussões da Agenda, numa demonstração clara que não se admitiriam opiniões contrárias às político-administrativas do poder público municipal e estadual, coligados para a privatização do patrimônio público enfatizado como já decidido e por isso irreversível, ou como afirmado no dia 12/06/99 essa decisão não dependeria de posicionamentos de populares ou entidades civis.

Um exemplo de como as coisas em Ribeirão Preto acontecem na “democracia da república dos canaviais”, eliminando-se da discussão os elementos contrários à vontade dominante dos negócios.

Também admitem que só serão considerados no Edital os compromissos assumidos perante os membros da Agenda Positiva que forem aceites pela Comissão de Licitação! Isto é, se a Comissão de Licitação não concordar com nada, a tal Agenda Positiva terá sido inútil.

Daí nasceu o termo “Papai Noel Leite Lopes”. Os moradores do entorno do Leite Lopes são pobres, de baixa escolaridade mas não são fáceis de engabelar.

Tentaram ainda jogar com a ganância das pessoas presentes afirmando que vai haver uma valorização imobiliária por causa do empreendimento. É a mesma técnica usada no golpe do bilhete premiado.

E a maior de todas: será criada uma Escola Profissionalizante para oferecer cursos para a comunidade do complexo aeroporto, com cursos preferencialmente  de profissões típicas de aeroportos!  E quais seriam esses cursos?

E prosseguem nessas promessas de Papai Noel, conforme definido na reunião  do dia 09/05/2000 onde é reiterada a implantação de cursos profissionalizantes com a condição adicional de que serão preferenciais e ou exclusivos para os moradores locais:

Questionando as afirmações do Papai Noel Leite Lopes se esses cursos podem ser exclusivos para os moradores locais, a resposta é evasiva: não sabe mas o que importa é que é uma justa medida...

Como resultado final de todas estas Agenda Positivas do Papai Noel Leite Lopes, o Movimento Pro Novo Aeroporto, através de diversas associações de moradores, tomou a iniciativa de levar ao conhecimento do Ministério Público dos fatos ocorridos:


O Grito de Liberdade da Periferia contra a ampliação do aeroporto e seus malefícios foi realizado e incluiu o evento de plantio de árvores. A mídia convidada não apareceu.

Era a confirmação da proibição à mídia de noticiar as atividades do Movimento Pro Novo Aeroporto.

Chegamos ao final do primeiro capitulo da novela A Ampliação do Leite Lopes.

A ênfase dada para a tal inevitabilidade e irreversibilidade da ampliação não se concretizou.

Até hoje, passados mais de 14 anos. O que significa que o projeto de ampliação do Leite Lopes em lugar de construção de um novo aeroporto é absolutamente inconsistente.

E nesse tempo já teria sido possível ter construído um novo aeroporto, que já estaria em operação.

Um Movimento Popular, sem nenhum apoio da mídia local mas através de ações consistentes tem conseguido barrar um empreendimento que insiste em se instalar no Leite Lopes quando poderia muito bem ser implantado num aeroporto a sério, em local adequado, com qualidade para os seus passageiros e cargas e com a capacidade de ampliações futuras de forma a atender às necessidades do desenvolvimento regional, dando-se outra destinação, também aeronáutica e aviônica, ao Leite Lopes.

Aeroporto novo, em local adequado, dentro dos padrões que o atual momento de demanda pelo modal aeronáutico exige,  sem causar danos sócio ambientais nem o caos urbanístico que as obras previstas para essa ampliação causariam a Ribeirão Preto.

A Saga do Leite Lopes e do Novo Aeroporto ainda não acabou. Voltou ao judiciário.  Por isso o Movimento Pro Novo Aeroporto continua atuante porque é composto por todos os segmentos lúcidos da sociedade, porque é um movimento que teve a sua origem em reivindicações genuinamente populares.

Podem vir com as Agendas Positivas Papai Noel Leite Lopes  que quiserem porque o Povo esclarecido jamais será iludido, nem mesmo com a manipulação da opinião pública.



[1] Lei Complementar 501/95 art. 29 item X: prever área para nova localização do aeroporto, externamente ao Anel Viário, visando menor interferência na área urbanizada
[2]  TDA Trade and Development Agency (Agência de Negócios e Desenvolvimento)
[3] Depoimento do Secretário de Planejamento  à CEE da Câmara Municipal a fls. 10
[4] COMUR Conselho Municipal de Urbanismo
[5] Ata do dia 12/08/97 fls. 9 e 11
[6] O depoente era o Secretário de Planejamento 

domingo, 27 de julho de 2014

MÁS NOTICIAS PARA OS SLLQC: Já começou a nossa campanha de conscientização das comunidades do entorno do Leite Lopes

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há mais de 15 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve, porque demora 10 anos para construir um novo aeroporto.

As eleições estão começando e nenhuma obra pode ser contratada para a ampliação do Leite Lopes, na ridícula pretensão de querer transformá-lo num aeroporto internacional e de cargas internacionais com uma pistazinha de aeroclube melhorado.

E então, acabadas as eleições começam as obras? Não! Pela simples razão de que não têm nenhum projeto aprovado, embora achem que a aprovação de um Relatório de Regularização Ambiental (RRA) já resolveu o problema.

Ampliação de aeroporto exige um Estudo de Impacto Ambiental porque é exigência de Lei. E essa exigência faz parte do processo judicial em curso.

E depois, mesmo supondo que consigam aprovar essa ampliação com o RRA podem começar as obras? Também não, porque o assunto ampliação está sendo discutido no judiciário.

É, na verdade, uma discussão inútil porque já se passou o tempo suficiente para se construir um aeroporto novo e Ribeirão dispor de 2 aeroportos que deem sustentação ao desenvolvimento regional. Preferem impedir essa nova construção para insistirem na ampliação ao custo de um aeroporto novo e moderno.

É sempre assim. Como não conseguem passar por cima da legislação e para não serem considerados ineficientes, em época eleitoral querem mostrar serviço, chegando na mídia chorando pitangas do lucro que não conseguem ter e sempre afirmando que logo mais as obras de ampliação vão começar. É o que chamamos de aeroporto eleitoreiro.

Os franceses que aqui estiveram durante a copa perceberam logo de cara que essa turma que se acha dona de Ribeirão não passa de um clube de provincianos burgueses. Os azuis estavam certos!

Mas e o que é que o povão pensa a esse respeito? Depois de tantos anos de propaganda via mídia cooptada mais as campanhas das benesses do Papai Noel Leite Lopes[i], o Movimento Pro Novo Aeroporto e o Movimento Pro Cidadania e Moradia foram até ao povo e fizeram uma pesquisa de campo.

Nessa pesquisa foram tomadas as medidas seletivas de que a totalidade (100%) dos entrevistados fosse de moradores do entorno do Leite Lopes e foi realizada em pontos de venda do comercio local nas Av. Recife e Av. João Pessoa.

O resumo da pesquisa e do questionário está descrito abaixo, ressaltando que as respostas foram livres e espontâneas.

Acha que o seu bairro é de uso
Conhece a lei de Uso do Solo em vigor?
Esta nova lei de Uso do Solo pode
residencial
15%
conhece       
5%
prejudicar
75%
industrial
5 %
Não conhece
95%
ajudar
20%
misto
80%


É indiferente
5%
Ampliação do Leite Lopes:
vc é
O aeroporto internacional deve ficar


A favor
30%
Nesta área
40%


contra
50%
Outra área
55%


indiferente
20%
indiferente
5%



Após as respostas de cada entrevistado, era-lhe explicado  a situação real, com o texto da lei de Uso e Ocupação do Solo alterada para beneficiar os interesses ligados à ampliação do Leite Lopes incluindo o mapa onde era verificado se o entrevistado era ou não morador nas zonas afetadas.

Sem se importarem com os moradores do entorno do aeroporto, o poder municipal, a serviço dos interesses dos SLLQC, numa revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo, transformou toda uma região que era de uso misto, (residencial e de pequeno comercio e industria), em uso industrial. Foi uma canetada só, sem perguntar às pessoas que lá moram faz gerações, se isso seria do interesse delas. Um ato imperial embora, digam, legal. E, o pior de tudo, chamaram a tudo isso, de cidade aeroportuária!

Foi um ato impróprio, imoral, de falta de respeito e que retratou a  total indiferença do poder econômico para com a população.

Por isso, indignação foi o sentimento externado pela maioria das pessoas entrevistadas quando entenderam que o tal Leite Lopes Internacional milagreiro era um embuste e apenas serve para atender a interesses econômicos de alguns setores, levando grande prejuízo, material, cultural e de bem estar e cidadania para as populações do entorno.

Foi um grande dia para a conscientização da cidadania da população local, diretamente afetada pela  insensatez desse projeto de ampliar o Leite Lopes em prejuízo sócio ambiental dessas comunidades, em prejuízo da segurança aeroportuária e contrariando o desenvolvimento regional.



O olho no olho com as pessoas, verdadeiro trabalho de formiguinha, sem a interferência da mídia cooptada e sem a propagada enganosa das “otoridades”, produz efeitos salutares na cidadania. Resultado positivo: os entrevistados foram vacinados contra a desinformação e a manipulação da opinião pública e trancamos a Janela de Overton.

Esse trabalho inicial forneceu-nos as bases para a continuação de nossa campanha de conscientização de todo o entorno do aeroporto. Campanha que já está em curso, a pleno vapor e com bom aceite pela população.

Por isso é que

POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ ILUDIDO

E então podemos nos dedicar a

Diga Sim à revogação da Lei do Uso do Solo
Diga Não à ampliação do Aeroporto e desvalorização das casas

E para isso não podemos esquecer que nestas eleições de 2014 

Diga Não aos candidatos que “vendem” o Papai Noel Leite Lopes



[i] O nome oficial dessa máquina de propaganda foi o de Agenda Positiva, no ano de 2000. As promessas apresentadas para justificarem as vantagens do Leite Lopes ampliado foram tão infanto-juvenis que os representantes das comunidades abandonaram as reuniões. Aí nasceu o termo Papai Noel Leite Lopes