terça-feira, 28 de julho de 2015

A GRANDE OBRA DE ENGENHARIA TERCEIRO-MUNDISTA NO LEITE LOPES: O MERGULHÃO

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há mais de 15 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve, porque na opinião deles, demora 10 anos para construir um novo aeroporto.

O projeto do mergulhão representa muito bem o menosprezo que sentem por Ribeirão Preto

Isso mesmo. Os órgãos oficiais do estado  e da união chamam de mergulhão ao famigerado túnel  que irá encaixotar a Av. Thomaz Albert Whatelly sob a pretensa futura pista ampliada do Leite Lopes.

A mentira sempre foi o discurso de praxe mas desta vez eles falam a verdade, porque o “mergulhão” será – se for construído – um verdadeiro mergulho em  alagamentos e num mar de assaltos.

Eles sabem muito bem o que dizem e ainda tiram sarro da gente e com razão já que, na verdade, o mergulhão só é possível de ser imposto a Ribeirão Preto graças à incompetência cerebral de nossas pretensas elites provincianas da república dos verdes canaviais.

Dizem que vão fazer a licitação em Setembro. Mas licitação do quê, se nem eles mesmo têm o projeto feito? E esse projetaço do túnel, modelo mergulhão, que vai mexer com todo o sistema viário e com a população que hoje usa a Av. Thomaz Alberto Whatelly não vai precisar de um estudo de impacto de vizinhança (EIV)[i]?

Será mesmo um túnel ou uma passagem inferior, meia-boca, bem baratinha e que não pode ser feita onde tem pista de pouso?

Na verdade eles sabem muito bem como se fazem tuneis. Sabem também o que é um “mergulhão”, já que são especialistas nessas obras normalmente inúteis. Sabem também que se a população souber o que eles estão preparando para a cidade, o pessoal não vai gostar.

Sabemos que não é intenção executar um túnel mas sim uma passagem inferior, tipo viaduto, que não é permitida pelas normas internacionais. Fazem isso para ficar mais baratinho. E é isso que eles acham que Ribeirão Preto merece por causa do apoio dessa oligarquia provinciana no poder municipal que aplaude, aceita e agradece qualquer porcaria que lhe oferece.  

Por isso não dizem como vai ser, não querem fazer EIV nenhum e querem tocar as obras para garantir que as reclamações só aconteçam depois da obra feita. Tática da terra arrasada: tá feito, não vamos desfazer e pronto! Ribeirão que se dane, eles dirão, o importante são os lucros.

Vamos tentar descrever como será essa magnífica obra de engenharia viária mergulhífera

Supondo que seja mesmo um túnel de verdade, será então um tubo totalmente fechado e enterrado na avenida com a pista de pouso e a de taxi passando por cima. Existem duvidas quanto à solução apresentada, mas como já temos outras obras desse tipo pelo mundo afora, dizem eles, então pode ser feito.

A diferença é que esses túneis rodoviários que existem mundo afora são em rodovias e não em avenidas no meio de áreas urbanas, onde circulam pedestres, ciclistas, motociclistas, etc. E, se  circulam pedestres, então são obrigatórias calçadas que cumpram todas as exigências de acessibilidade, inclusive a de inclinação de rampas, que têm que ser muito menos inclinadas que as rampas para automotores[ii], portanto, mais compridas.

Eles pretendem fazer as calçadas com 1,20 metros de largura separadas das faixas de rolamento que protegem os pedestres dos carros, mas também protegerão assaltantes escondidos.

E esse é um dos pontos de estrangulamento desse projeto de engenharia terceiro-mundista dos canaviais.  Além do fato que deverá conter uma ciclovia. Como ficará muito caro, então vai ser um caixote padrão automóvel[iii]. Por isso e por outras razões, não vão querer fazer nenhum Estudo de Impacto de Vizinhança.

Nem ciclo faixa e muito menos ciclovia. Ciclista e pedestres que se danem, afinal de contas não passam de simples trabalhadores pobres. Quem se importa com eles? Nós nos importamos, sim.



Em dias de chuva forte, pedestres, ciclistas e motociclistas deverão usar coletes salva vidas?

Mas voltemos à obra mergulhifera. Vão ter que rebaixar a avenida. Para isso vão ter que fazer uma rampa para descer antes do terreno do aeroporto, um trecho plano e finalmente outra rampa para subir fora do terreno do aeroporto (porque toda a área do aeroporto tem que ficar isolada de acesso público por exigência técnica de segurança). 

Somando tudo isso, iremos ter um comprimento estimado em, pelo menos, 700 metros.  Estimado porque não conhecemos o projeto e nem eles, porque só agora começaram a fazer o levantamento topográfico para elaborar o projeto básico.

Será que alguém conhece algum túnel urbano com a via rebaixada que, na época das chuvas, não fica alagado[i]?

Entende agora porque é que eles (os SLLQC e seus projetistas de túneis mergulhíferos) chamam a essa obra prima da engenharia terceiro-mundista de “mergulhão”? 

Porque você, pedestre, ciclista ou motociclista,  vai precisar de colete salva vidas para atravessar esse túnel em época de chuva forte. A menos que saiba nadar, é claro.

Aproveitamos esta oportunidade para contribuirmos com essa obra prima de engenharia terceiro mundista para sugerir aos seus projetistas que nas bocas do túnel, coloquem uns varais para que os pedestres possam ficar pendurados para secarem. Assim como as bicicletas e as motos.

Carros não precisam de nada disso, pois bastará  os seus ocupantes subirem  para o teto  aguardando a balsa para recolhê-los.

Alguns exemplos de obras primas de engenharia, modelo mergulhão, obtidas na WEB:





Sugestão: varal para pedestres, ciclistas e motociclistas para dias de chuvas intensas.


E a segurança publica nesse túnel, como irá ficar?
Temos um bom exemplo no Rio de Janeiro, no túnel Copacabana!


 












 E, caro leitor, será que você é um super herói para atravessar esse túnel de 700 metros de extensão, totalmente fechado, a pé, quer seja de dia ou de noite? Ou de bicicleta? Ou, se for de carro, terá coragem de parar o carro para trocar o pneu?

Bom, aí fica mais fácil: fica quietinho no carro, vidros fechados, e chama o guincho. Só que teremos, talvez dois outros problemas extras: o primeiro é que celular não funciona em túnel e segundo o motorista do guincho talvez não tenha a mesma coragem que você e se recuse a ir até lá. É claro que você sabe porquê: porque provavelmente será assaltado.

Viu porque é que eles não querem fazer Estudo de impacto de Vizinhança? Aí você diz: se é de lei então cumpra-se a lei. Mas a lei também diz que o EIV deve ser exigido pelo município e como a prefeitura, pelo menos esta administração, quer mostrar serviço e está a serviços dos interesses da ampliação do Leite Lopes e contra um aeroporto novo e está pouco se lixando para a cidade, então esse EIV não será exigido. Tudo dentro da lei, é claro, já que são eles que fazem as leis.

Não podemos esquecer que existe um grande trafego de ciclistas porque é dessa forma que uma parcela significativa de trabalhadores da região se desloca ao trabalho.

Por isso é indispensável a existência de uma ciclovia para uso de trabalhadores e não apenas para “burgueses” se exercitarem nos finais de semana.

E o que restará então para fazer? Mobilizar a turma, explicando o que vai acontecer e fazer pressão popular. E essa pressão apenas poderá ocorrer com a mobilização das comunidades do entorno, principais atores a serem prejudicados por essa obra aeroportuária   terceiro-mundista.

São os moradores do entorno do Leite Lopes que usam a avenida a ser “embalada de presente” e que se deslocam para o seu serviço a pé ou de bicicleta que serão os alvos dos assaltantes e das chuvas.

Mas para isso tem a policia[i]! Dirão alguns, com a voz empostada dos  sábios SLLQC.

No túnel? Vai ter policia não!
Existia um posto policial na Base Comunitária ao lado de uma escola e de um posto de saúde, Agora, não tem mais, porque foi transferida para dentro do Leite Lopes. O povo? Quem se importa com o povo? Ora, para os SLLQC, o povo é apenas um mero detalhe. 


Vamos exigir o Estudo de Impacto de Vizinhança da obra do túnel e que a audiência pública seja feita em local do entorno do Leite Lopes e num sábado ou domingo para que a população possa participar[ii].

Congonhas em Ribeirão Não!
Leite Lopes ampliado =  túnel = assaltos no mergulhão
Novo aeroporto em nova área já!


[i] A Base Comunitária impunha respeito devido à sua localização estratégica. Ficava em frente a EMEF Jayme Monteiro de Barros e a menos de 1 km da lateral do aeroporto

Saiu no jornal A  Cidade de 10/07/2014
“Na BAC do Jardim Aeroporto funcionava a Assistência Social do bairro juntamente a um posto da Polícia Militar. Hoje, o prédio está abandonado e, segundo moradores, é utilizado por criminosos. (Foto: Mariana Martins) “ - em anexo
Segundo a Secretaria de Assistência Social, quando o posto da PM foi transferido para o Aeroporto Leite Lopes, os assistentes sociais começaram a sofrer ameaças de usuários e traficantes de drogas. “O prédio foi saqueado diversas vezes e sofria vandalismo, mesmo com as rondas da GCM”, diz a secretaria....

 [ii] A prefeitura é useira e vezeira em  fazer audiências publicas durante a semana em horário de trabalho para que a população trabalhadora não possa participar.                      

[i] O risco de ocorrer alagamentos é muito grande devido ao fato de falhas mecânicas, elétricas no bombeamento, entupimento de caixas receptoras com detritos urbanos (lixo, galhos, entulhos, etc.


[i][i] Art.36 ao 38 da Lei 10.257 de 2001 exige que seja elaborado o EIV para empreendimentos que impliquem na alteração da qualidade da vida da população residente na área de sua abrangência

[ii] O Decreto 5.296/2004 regulamentou as leis de acessibilidade 10.048 e 10.098/2000 e exige que toda obra pública tenha acessibilidade atendendo ao conceito de “desenho universal”  e às exigências das Normas Técnicas Brasileiras em especial a NBR 9050
[iii]http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/salaimprensa/home/imprensa_lenoticia.php?id=228427


sábado, 25 de julho de 2015

Entrevista com Padre Francisco Vanneron

QUINTA-FEIRA, 23 DE JULHO DE 2015

Francisco Vannerom, o Padre Chico, conversa com O Calçadão:

"A opção pelos pobres!"



"38 anos de presença e de participação nas pastorais e nos movimentos sociais em nossa Ribeirão Preto me garantem que existem altas muralhas entre a cidade muito rica e a outra bastante miserável". (Padre Chico)

Ele é belga de nascimento e há 38 anos exerce suas funções sacerdotais em Ribeirão Preto. Francisco Vanneron, o nosso padre Chico, conversa com O Calçadão e fala sobre a sua grata satisfação de ver no discurso do Papa Francisco o retrato da sua luta de vida e sacerdócio: a opção pelos mais pobres.
Acompanhe a sua entrevista. ...

O Calçadão - Vivemos em uma cidade onde a exclusão social é uma realidade triste e grave. Como o Pontificado de Francisco tem influenciado na sua atuação pessoal junto ao movimento popular em Ribeirão Preto? É possível se sonhar com uma Ribeirão Preto mais justa e que desenvolva um projeto que inclua de fato a periferia no desenvolvimento da cidade?

Padre Chico - 38 anos de presença e de participação nas pastorais e nos movimentos sociais em nossa Ribeirão Preto me garantem que existem altas muralhas entre a cidade muito rica e a outra bastante miserável (vejam o vídeo que o Vinícius da UGT, o Marcos do Movimento pró Novo Aeroporto Seguro - e fora da parte urbanizada- e por isso rejeitando um novo Congonhas aqui, e eu, produzimos por ocasião do último Forum Social).

A chegada do Papa Francisco significou para mim uma grata novidade no sentido de que tanto a arquidiocese, muitas vezes nas últimas décadas bastante omissa e calada frente graves desigualdades humanas, como os governos municipais simultaneamente em seus eixos executivo, legislativo, jurídico e militar hão de levar em conta os recados transmitidos pela voz do mais dignatário Pastor anunciando a vontade divina sobre a vida na 'Pólis' e ao mesmo tempo denunciando tudo contrário ao Seu Projeto rumo ao Reino definitivo!

Enquanto Deus me der saúde suficiente, continuo disponível para ajudar a costurar a Força da União para com todos aqueles e aquelas que amam de verdade uma Ribeirão Preto diferente, quer dizer construindo um futuro mais justo e generoso para com os atualmente 'relegados'!
ABRAÇO FRATERNAL, PE. CHICO

Vídeo Ribeirão Preto e suas muralhas

link completo da entrevista






terça-feira, 21 de julho de 2015

Ampliação do Aeroporto Leite Lopes denunciada no Ministério Público Federal

Na tarde de ontem, 20 de julho de 2015, integrantes de movimentos sociais de Ribeirão Preto protocolaram na Procuradoria da República do Ministério Público Federal em Ribeirão, fato que tiveram conhecimento através de notícias divulgadas pela imprensa e por veículos de comunicação oficial do Governo Federal referentes ao projeto de ampliação do Aeroporto Leite Lopes, e que, pelo conteúdo, ensejam, em tese, a intervenção do Ministério Público Federal (MPF), ao menos para averiguação das informações com vista na defesa do interesse público. 

Por meio de notícias publicadas pela imprensa, tivemos conhecimento que o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP), pretende alterar a pista do Aeroporto Leite Lopes de Ribeirão Preto, com a possibilidade de violação de acordo judicial firmado entre aquele órgão e o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), bem como a possibilidade de as obras de ampliação causarem impactos negativos de ordem ambiental, urbanística e social.

Dessa forma provocamos a ação do MPSP através de representação sobre fato, requerendo que o fato fosse pelo MPSP investigado, tendo como objetivo a defesa do interesse público.

No entanto, o projeto de ampliação recebeu fatos novos que extrapolou a competência estadual da matéria, atingindo a União, razão pela qual estamos representando sobre o fato também no Ministério Público Federal.

O assunto passou a ser de competência federal e, assim, passível da intervenção e proteção do MPF a partir do momento que o Governo Federal anunciou que também fará investimentos no projeto, inclusive, a ele caberá, agora, a maior parte dos investimentos, conforme faz prova notícia divulgada pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. Da mesma forma notícia divulgada pela imprensa local de Ribeirão.

Contudo, o Governo Federal não tem conhecimento das irregularidades que estão sendo praticadas no projeto, e por isso estamos denunciando as irregularidades.

Segundo as mencionadas notícias divulgadas, A Secretaria da Aviação Civil da Presidência da República (SAC) confirmou (em 09/04/2015) que o governo federal mantém o investimento de R$ 346,7 milhões, como também prevê para setembro o lançamento do edital pelo RDC (Regime Diferenciado de Contratações) para dar o pontapé nas obras de internacionalização do aeroporto Leite Lopes. O anunciou foi feito pelo ministro-chefe da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), que recebeu em Brasília uma comitiva de autoridades de Ribeirão. O grupo recepcionado era formado por 13 vereadores, deputados estaduais e federais, além de entidades de classe.

Adicionalmente, protocolamos pedido de informações na Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, em 10/04/2015.

No citado pedido de informações, após transcrever-se a aludida notícia, foram feitas as seguintes indagações:

Indago  se existe convênio supracitado? Caso afirmativo, solicito cópia do mesmo , principalmente para conhecer a responsabilidade financeira de cada uma das partes e respectivos itens detalhadamente.

Também indago se o anunciado lançamento do edital pelo RDC vai ser feito desprezando a  existência de questionamentos judiciais feitos pelo Ministério Público Estadual contra esta ampliação ?

A Secretaria de Aviação Civil, em resposta ao requerimento, respondeu, em 27/04/2015:

Em resposta à solicitação de Vossa senhoria, informamos que não há convênio da União com o Estado de São Paulo, nem da União com o Município de Ribeirão Preto para a ampliação do referido aeroporto. O que ocorre de fato é que tal aeroporto tem investimentos previstos para a sua ampliação no âmbito do Programa de Aviação Regional do Governo Federal. Tal processo está em fase de Anteprojeto e os investimentos estão estimados em R$ 256,49 milhões, dos quais R$ 90,33 milhões seriam destinados à desapropriação de uma área de 392.718m², a cargo do delegatário, no caso o Estado de São Paulo.

Também se tem conhecimento de questionamentos judiciais do Ministério Público referente à ampliação do Aeroporto Leite Lopes, questão a ser resolvida pelo Governo do Estado de São Paulo, delegatário, antes do processo de licitação das obras, tendo em vista que o Governo Federal somente fará investimentos do Programa de Aviação Regional em aeródromos livres e desembaraçados.

Dessa forma, tendo em vista a real participação do Governo Federal no projeto de ampliação do Aeroporto Leite Lopes, a representação protocolada objetiva requerer a intervenção do Ministério Público Federal para investigar o referido projeto de ampliação, pelas mesmas razões que fizeram com que o MPSP ajuizasse três Ações Civis decorrentes do anúncio do projeto de ampliação, e tendo em vista também que o Governo Federal já declarou que somente fará investimentos do Programa de Aviação Regional em aeródromos livres e desembaraçado, como respondeu a própria Secretaria de Aviação Civil, objetivando-se assim prejuízos sociais, ambientais, urbanísticos e desperdício de verba pública.

As fotos são de Thaís Ilyna que fez o registro da ação.

Por Raquel Montero





segunda-feira, 20 de julho de 2015

O Movimento responde

“ O aeroporto de Viracopos está dentro do perímetro urbano e sua gigantesca ampliação está sendo Um sucesso . Fica mais barato a desapropriação de ambas as cabeceiras do leite Lopes para ampliar a pista do que partir para uma nova obra que custara muito mais caro .
Conheço o Leite Lopes desde que era operado pelo saudoso  D C 3 com 28 poltronas e o ronco dos seus dois motores que toda a população de Rib Preto ouvia quando decolava na pista de Chão batido e poeirenta  .”

 Antonio  José

Caro Antonio José
Lamentamos não concordar com as suas afirmações. O aeroporto  de Viracopos está numa situação de segurança muito melhor que o Leite Lopes na medida em que tanto a cabeceira 15 quanto a 35 estão  livres e desimpedidas de áreas habitadas, assim como nas  áreas laterais as casas estão distantes da pista. 

No Leite Lopes, na cabeceira 18 temos uma área densamente povoada (Quintino Facci I, II, entre outros bairros) e com a ampliação, na cabeceira 36 um Parque de Exposições onde ocorrem eventos que concentram milhares de jovens. Tudo bem no alinhamento do cone de aproximação. As laterais do Leite Lopes estão ocupadas por bairros residenciais também densamente habitados.

Portanto, se compararmos os dois aeroportos, sem duvida que o entorno de Viracopos é muito mais seguro que o do Leite Lopes.

Outra restrição explicita do Leite Lopes está na sua impossibilidade física de ampliação quando for necessária para atender às necessidades regionais de desenvolvimento. Basta lembrar que Viracopos tem pista cargueira com mais de 3000 metros e o Leite Lopes apenas 2100 metros, insuficiente para transito de aeronaves cargueiras de verdade.

Outro ponto importante a ser considerado consiste na questão do ruído que em excesso se torna um problema de saúde publica, gerador de problemas graves na população atingida e que não se restringe apenas à perda da acuidade acústica das pessoas mas também a sérios problemas de ordem psicossomática nas populações.

Também não podemos esquecer que as obras viárias para acondicionar o puxadinho pretendido irão prejudicar a mobilidade dos bairros do entorno e da própria cidade.


Quanto ao custo de um aeroporto novo comparado com a reforminha do puxadinho que eles querem fazer no Leite Lopes, temos que levar em conta duas coisas: em primeiro lugar com os custos desse puxadinho se construiria um aeroporto novinho em folha igualzinho ao Leite Lopes que eles pretendem. Mas, mesmo que não acredite e a construção de um aeroporto novo possa ser mais caro, a pergunta que fazemos é: Ribeirão Preto não merece um aeroporto decente que não cause problemas e que possa acompanhar o desenvolvimento econômico da região metropolitana? Nós achamos que merece sim.

A sua comparação do Leite Lopes com Viracopos representa o conceito que internacionalmente já está obsoleto e todas as entidades de aeronáutica se posicionam contra: não a aeroportos dentro de área urbana. E isso só será possível de ser feito em áreas que permitam uma política de Uso e Ocupação do Solo que impeça a urbanização no seu entorno e nas faixas de aproximação.

No caso de Ribeirão Preto apenas será possível com a construção de um novo aeroporto. Bauru já fez a sua lição de casa e tem o seu, conservando o anterior para aviões de pequeno porte. Em Bauru todas as elites locais pressionaram o DAESP para construir um aeroporto novo. Ribeirão e a única cidade do planeta que briga para continuar tendo um aeroporto insuficiente e obsoleto.

Núcleo Gestor




segunda-feira, 6 de julho de 2015

O PAPELÃO DE NOSSA IMPRENSA SEM NOÇÃO

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há mais de 15 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve, porque na opinião deles, demora 10 anos para construir um novo aeroporto.

Volta e meia recordamos algumas jóias da preciosidade SLLQC nas reportagens de nossa imprensa tão solícita em divulgar os interesses ligados à ampliação (proibida por razões técnicas e de sentença judicial) do Leite Lopes.

Essa imprensa recusa-se sistematicamente  em discutir o assunto com a sociedade ribeirão-pretana, como se ela fosse  composta apenas pelo lado provinciano que, por enquanto, ainda manda nesta cidade, capital oligárquica dos verdes canaviais.

Uma dessas  preciosidades, apenas como exemplo,  foi a série de entrevistas no dia 09/01/2015[i], que a seguir transcrevemos e comentamos:

PREFEITA COMEÇA COBRAR DO ESTADO AÇÕES URGENTES PARA AMPLIAR O AEROPORTO
(Apresentador) A administração também chama para o diálogo as entidades  interessadas no desenvolvimento econômico do município.
Nós, o Movimento Pro Novo Aeroporto, também estamos interessados no desenvolvimento econômico do município e da sua região metropolitana mas não fomos chamados, o que deixa a afirmação “dialogo” sob suspeita.
Insinuam que o aumento de passageiros no Leite Lopes é um fenômeno pontual e que depende da sua internacionalização.

Esquecem-se de informar que a internacionalização é de cargas.

(Repórter) O movimento no aeroporto alcançou vôos mais altos e durante o ano passado cerca de 02 milhões de pessoas passaram pelo terminal. O número de embarques e desembarques aumentou e a necessidade de melhorias também, mas as ações para ampliação e a internacionalização do local não acompanharam este ritmo de crescimento, algo que preocupa quem tem interesse no desenvolvimento econômico do município.
(Guilherme Feitosa – diretor regional do CIESP/FIESP) Sabemos que o momento hoje, é um momento de ajustes de uma maneira geral na economia brasileira. O próprio governo revendo seus os gastos, mas já tá mais que na hora de Ribeirão Preto e região ganhar este aeroporto e ele começar operar o quanto antes e que venha a internacionalização do aeroporto Leite Lopes.

O aumento do numero de passageiros tem aumentado, não apenas no Leite Lopes  mas como um todo nacional porque o modal aéreo deixou de ser uma exclusividade das elites. 

O aumento da demanda e uma melhoria nos ganhos dos trabalhadores, provocou uma proletarização no uso do modal aéreo, e isso até espantou as nossas elites, excludentes e mal habituadas, que têm reclamado disso nas redes sociais.

Migrantes que antigamente visitavam os familiares viajando em ônibus, durante vários dias, por uma pequena diferença nos custos, poderiam ir de avião com muito mais conforto e segurança.

Por outro lado, a internacionalização do Leite Lopes é uma falácia porque se trata de internacionalização de cargas e não dispõe de pista para permitir a decolagem de equipamentos  cargueiros a plena carga paga. Isso só será possível com um aeroporto novo, decente. Permitir  a ampliação do Leite Lopes é impor a Ribeirão Preto e à sua futura região metropolitana a impossibilidade de vir a ter um aeroporto de verdade que atenda às futuras necessidades regionais de desenvolvimento.

A falácia de que a internacionalização de cargas no Leite Lopes será uma porta de entrada para empresas novas

(José Carlos Carvalho – vice presidente da ACI) Agora inclusive que estamos entrando, 2015 será um ano difícil e a gente pode se recuperar em 2016 é hora da gente fazer uma força muito grande para viabilizar isso. Isso é uma porta de entrada para empresas novas, para alavancar mais a economia de Ribeirão Preto.

Desde quando a internacionalização de um aeroporto vai atrair novas empresas? No Leite Lopes já existe uma empresa instalada, que irá operar com exclusividade, em cujo galpão se concentrarão todas as entradas e saídas de mercadorias em transito internacional. Quais seriam essas empresas que seriam atraídas? E qual seria a relevância econômica dessas empresas para, por si sós, alavancarem a economia de Ribeirão Preto?

As empresas são atraídas para uma cidade quando ela dispõe de meios que facilitem e impulsionem as suas atividades, tais como,  mão de obra bem qualificada – para isso requer um sistema educacional formal e técnico de boa qualidade (temos?); um sistema de mobilidade urbana com disponibilidade de transporte urbano de qualidade  conforto, preço e velocidade e vias urbanas sem buracos e outros obstáculos (temos?); um sistema de saúde pública de qualidade (temos?).

O exemplo do Distrito Industrial e seu fraco desempenho, demonstra que Ribeirão Preto, com ou sem aeroporto, não constitui um polo atrativo de empresas de qualidade.

(repórter) O Deputado Federal Duarte Nogueira recebeu oficialmente na quarta feira o cargo de Secretário Estadual de Transportes e junto com a nova função uma lista de pedidos do governo municipal. A Prefeita cobra um novo cronograma de obras já que o município ficou responsável pela malha viária do entorno

O atual Secretário Estadual de Transportes entende muito pouco de aeroportos já que, numa declaração há algum tempo atrás, dizia que para se construir um aeroporto demorava 40 anos. Como remendar pode ser  mais difícil que fazer  novo....

(Prefeita Darcy Vera) A minha preocupação é que temos hoje 135 empresas. Há uma briga entre cidades para poder atrair empresas. Temos uma infra estrutura para atender esta grande demanda. Atender toda nossa região, todo o entorno e isto está indo pela Rodovia Anhanguera ou até para Uberlândia e não tem ficado em Ribeirão Preto.

A declaração da prefeita apenas confirma o que afirmamos um pouco atrás. Ribeirão Preto não tem nenhuma infraestrutura que possa atrair empresas importantes que possam fazer a diferença econômica para Ribeirão Preto.
Não será um aeroporto limitado e senil que irá contribuir alguma coisa para mudar isso. Pode ajudar sim mas apenas em campanhas eleitoreiras.
Apenas através de uma grande reforma política da cidade, com a exclusão de nossas elites provincianas e incompetentes e implantarmos politicas publicas de verdade, poderemos voltar a ser um centro econômico apto a  ser a capital de uma região metropolitana progressista.

Falta de noção quanto ao processo de refavelização do entorno do Leite Lopes e dos danos à cidade causados pelas alterações propostas para  a malha viária

(repórter) A principal ação do estado e talvez a mais urgente é a desapropriação desta área que voltou a ser ocupada, hoje com 200 construções é um entrave na internacionalização do terminal do Leite Lopes, terá um custo de 413 milhões de reais. A maior parte vem do governo federal. São Paulo deverá arcar com 40 milhões. Ribeirão com 25, mas para este ano estão previstos no orçamento apenas 8% deste valor, porém Darcy Vera garante que não haverá prejuízo para o andamento das obras.

“Desapropriação da área que voltou a ser ocupada” é o indicativo de que a reportagem não faz a menor ideia do que está ocorrendo no entorno do Leite Lopes e muito menos do que está falando, característica do papelão que a  nossa imprensa sem noção promove quando o assunto é o Leite Lopes.

Se a área voltou a ser ocupada, é óbvio que se  que se trata de refavelização e sabemos que  favela é dsimplesmente espejada sem direito a indenização.

Indenização refere-se apenas a imóveis legalmente registrados no competente cartório, por constituírem parte de loteamentos devidamente aprovados e que foram implantados muito antes do Leite Lopes, que era um campinho de aviação, ter virado uma amostra de aeroporto.

(Prefeita Darcy Vera) Assim que eles fizerem a adequação, o cronograma e fizerem para gente como será a malha viária, nós teríamos condições de licitar. Caso haja necessidade, também temos uma estrutura que eu já deixei montada para que haja remanejamento e a Prefeitura cumpra com a sua parte

Agora a prefeita falou a realidade: quando eles (o governo do estado) informarem como será a adequação, então a prefeitura poderá fazer a licitação e cumprir a sua parte. O problema é esse mesmo: eles não sabem o que vão fazer nem como.

Aprovaram um desvio da avenida Thomaz Albert Whatelly, depois perceberam a canastrice viária proposta e mudaram para um tunel e agora tentam resolver esse mergulhão (rebaixamento)  no leito da avenida e se recusam a mostrar o projeto e a discuti-lo com a comunidade.

Não querem cumprir com a obrigação de fazer o Estudo de Impacto de Vizinhança porque sabem que além do ridículo que vão passar, ninguém poderá aprovar um túnel desse porte (cerca de 700 metros) em área urbana, para passagem de pedestres e ciclistas.

Apenas entidades corporativas da área econômica são citadas como  se fossem representantes legitimas da sociedade civil organizada

(repórter) O executivo quer a participação da sociedade civil organizada. As entidades mostram otimistas com o dialogo, mas esperam vontade política de ambas as partes.

(Guilherme Feitosa – diretor regional do CIESP/FIESP) Nós estamos dispostos a formar parceria com o poder público, não só municipal como estadual na busca do caminho e do cronograma mais ágil possível  para que isto aconteça.
Eu acho que agora nós temos que nos unir, juntar todo mundo. Não é só as entidades não, temos que pegar os deputados estaduais, câmara de vereadores, a Prefeitura, todos, os deputados federais, todos que podem realmente nos ajudar a viabilizar esta idéia. Isto faz uma falta tremenda para a economia de Ribeirão Preto.

Se estes são os exemplos de sociedade civil organizada apta a discutir o Leite Lopes e o aeroporto internacional de Ribeirão Preto, podemos dizer, convictos, que estamos muito mal servidos.

Falta mesmo a verdadeira sociedade civil organizada e não os remanescentes provincianos de entidades herdeiras da república dos verdes canaviais.

Não é à toa que Ribeirão Preto atravessa uma das suas piores fases – senão a pior – de administração  municipal, com uma base aliada oriunda  dessas entidadezinhas provincianas.

Congonhas em Ribeirão Não!
Leite Lopes ampliado = mais favelas
e maior risco de acidentes.
Novo aeroporto e