sábado, 28 de janeiro de 2012

RESENHA DA IMPRENSA – JANEIRO DE 2012


(Quando a concepção mística da infalibilidade de
equipamentos mecânicos tenta substituir a prevenção)


A análise das principais noticias sobre o Leite Lopes e o Aeroporto Internacional de Ribeirão (que não são a mesma coisa) é atividade corriqueira do Movimento Pro Novo Aeroporto, dentro de suas atividades de esclarecimento e de derrube da manipulação midiática.

Esta manipulação da opinião publica iniciou-se em 1997, quando do anúncio dos estudos para internacionalização do Leite Lopes e sempre vem a tona, sistematicamente, logo  após qualquer anúncio, promessa de obra  ou festival circense,  feito pelos SLLQC*.

Em 2011, publicamos uma série de artigos, como “Acidentes não acontecem por fatalidade ou por causas fortuitas“, “Tragédia Anunciada”,  entre outros, nos quais denunciamos e demonstramos porque as características do Aeroporto Leite Lopes  sendo “Internacional de Cargas” o transformariam num novo Congonhas e impediriam Ribeirão Preto  e região virem a dispor, no futuro, de uma aeroporto capacitado a sustentar o desenvolvimento regional.

Em 2012, novamente os teimosos SLLQC defendem  irresponsavelmente, a ampliação do Leite Lopes como sendo não apenas a única alternativa mas que já está definitivamente selada e que nada mais existe para ser discutido, como sugere o seguinte trecho da reportagem que vamos analisar e comentar: Apesar das obras de internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, previstas para começar ainda este ano [...].

Mas pode ser discutido sim,  deve sê-lo e vamos fazer isso, comentando a reportagem no Gazeta de Ribeirão do dia 22/01/2012 e, como sempre os grifos são nossos:

Apesar das obras de internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, previstas para começar ainda este ano, a pista para pousos e decolagens do terminal ainda será menor que 25 dos 32 aeroportos internacionais espalhados pelo País. Segundo a Tead Brasil, responsável pela construção do terminal aeroportuário de cargas em Ribeirão, o comprimento da pista é ideal para operação de aeronaves cargueiras do tipo 767-300, com capacidade para transportar até 54 toneladas. As obras de expansão da pista colocarão o terminal ribeirão-pretano em 25º lugar no ranking das maiores pistas entre aeroportos internacionais do Brasil (veja quadro ao lado).
O pacote de investimentos anunciados no início do mês pelo governo estadual aumenta de 1,8 mil metros para 2,1 mil metros a extensão útil da pista do Leite Lopes, o que permite a operação de voos internacionais. O diretor da Tead, Rubel Thomas, afirmou apenas que o tamanho da pista “penaliza” a decolagem da aeronave, embora tenha garantido não há riscos à segurança. “Em uma pista como esta, a aeronave não pode decolar coma carga máxima, mas isso é comum em outros aeroportos do País”, disse.
O tamanho da pista não é o único critério determinante para a internacionalização. Também pesam itens como a localização do aeroporto. O terminal de Curitiba, por exemplo, tem apenas 1,3 mil metros de pista, mas não fica em área urbana, como é o caso de Ribeirão.
Para o especialista em aviação civil, o engenheiro Celso Agioli, mesmo com a ampliação da pista, o Leite Lopes apresenta riscos. “Aeroportos urbanos, dentro das cidades, como Congonhas, Santos Dumont e Leite Lopes, têm pistas com mínimas áreas de escape.
Mesmo com a ampliação da pista não dá para ignorar os riscos que esses aeroportos oferecem.
O engenheiro Romualdo Sanches concorda com os riscos apontados por Agioli, mas disse apostar na tecnologia da aeronave para coibir acidentes. “Uma pista pequena não necessariamente representa perigo. As aeronaves maiores têm mais recursos e sofisticação tecnológica que permitem o pouso com velocidades menores e a frenagem com eficiência.”

Sempre que a mídia alardeia a histeria circense de novas ações governamentais sobre a internacionalização do Leite Lopes, o Movimento Pro novo Aeroporto é questionado no seu blog de que está agindo contra os interesses de Ribeirão, porque Ribeirão Preto tem pressa na transformação do seu aeroporto em internacional de cargas.  

Costumamos perguntar, como resposta: Tem pressa para quê? Para ter um aeroporto medíocre e inseguro?

A resposta está dentro da reportagem: a pista para pousos e decolagens do terminal ainda será menor que 25 dos 32 aeroportos internacionais espalhados pelo País.

Que maravilha! Quando as outras cidades construírem os aeroportos novos (algumas já estão fazendo isso) Ribeirão Preto passará a ter um dos piores aeroportos internacionais do país. Uma verdadeira honra ao mérito da mediocridade!

Na verdade a situação do Leite Lopes é pior do que indica a reportagem porque o comprimento depende da altitude da pista. Ou seja, quanto maior a altitude, maior o comprimento de pista necessário. Mas essa informação é técnica e se não é obrigação da reportagem de conhecer,  deve  permitir aos técnicos que têm a obrigação de saber, espaço para tal divulgação.

“[...] o comprimento da pista [2.100 m] é ideal para operação de aeronaves cargueiras do tipo 767-300, com capacidade para transportar até 54 toneladas.“ é uma afirmação falsa com o intuito de justificar um empreendimento puramente comercial porque não pode ser o ideal se para a altitude da pista do Leite Lopes o comprimento mínimo é de 3290 metros, logo, o citado cargueiro apenas poderá decolar com carga inferior à sua capacidade, ou seja, será um aeroporto cargueiro de meia carga ou, como se costuma falar no popular, é meia boca.

A confirmação desse fato está na própria declaração do “O diretor da Tead, Rubel Thomas, afirmou apenas que o tamanho da pista “penaliza” a decolagem da aeronave. Em uma pista como esta, a aeronave não pode decolar com a carga máxima, mas isso é comum em outros aeroportos do País”. 

É claro que é comum em outros aeroportos do país, exatamente 7,  já que o Leite Lopes ficaria em 25º lugar numa conjunto de 32, ou seja, quando se compara o Leite Lopes com os outros aeroportos só se reportam aos piores, nunca aos melhores e aí teremos pelo menos 24 aeroportos muito melhores e que deveriam servir de exemplo e nortear o  Aeroporto Internacional de Ribeirão Preto.

Apenas a opinião de certos setores interessados exclusivamente na exploração econômica de um terminal de cargas é que pode achar que um aeroporto meia boca é o ideal, no mais puro exercício da mediocridade.

Mas referido empresário, atuando como “expert em segurança”,  extrapola em suas capacitações quando  afirma que “embora tenha garantido não há riscos à segurançana medida em que a pista não tem o comprimento mínimo necessário, não dispõe de  áreas de escape adequadas e está localizada em área urbana densamente ocupada.

É claro que ele não pode dar opiniões e principalmente garantias sobre assuntos que não são de sua área de conhecimento pois “Para o especialista em aviação civil, o engenheiro Celso Agioli, mesmo com a ampliação da pista, o Leite Lopes apresenta riscos. “Aeroportos urbanos, dentro das cidades, como Congonhas, Santos Dumont e Leite Lopes, têm pistas com mínimas áreas de escape. Mesmo com a ampliação da pista não dá para ignorar os riscos que esses aeroportos oferecem.”

O Movimento Pro Novo Aeroporto sempre se refere ao risco à segurança no Leite Lopes para operações de maior envergadura  que a aviação geral e executiva. Como Aeroporto Internacional ou mesmo como aeroporto regional do porte necessário a Ribeirão Preto e região, o Leite Lopes é absolutamente inadequado.

Em contrapartida, “O engenheiro Romualdo Sanches concorda com os riscos apontados por Agioli, mas disse apostar na tecnologia da aeronave para coibir acidentes. “Uma pista pequena não necessariamente representa perigo. As aeronaves maiores têm mais recursos e sofisticação tecnológica que permitem o pouso com velocidades menores e a frenagem com eficiência.”  que corrobora a concepção mística da infalibilidade de equipamentos mecânicos. Tudo o que afirmou é verdadeiro se tudo correr às mil maravilhas. Se não chover, se a pista não estiver emborrachada. Se o freio aerodinâmico funcionar, se o reverso   entrar em ação. Se o piloto não se atrapalhar, se....

Quando alguma coisa falha, então acontecem as tragédias, ditas depois como sendo um acidente. E como acidentes acontecem fica tudo por isso mesmo. Congonhas em 2007 que o diga. O reverso não funcionou, o avião acelerou, estava chovendo com pista emborrachada e morreram 200 pessoas. Se a pista não fosse curta, se tivesse área de escape adequada, não teria acontecido nada mais que um incidente e 200 pessoas teriam algo para contar a seus netos.

Morreram carbonizadas porque alguém afirmava a pés juntos que não existem problemas em aeronaves operarem em pista curta, porque as condições de segurança pelas sofisticações tecnológicas das modernas aeronaves, etc e tal. Era um A320, era uma aeronave moderna cheia de sofisticações tecnológicas.

Mas na engenharia não  existem acidentes. Existe ou erro de execução ou de projeto ou ainda falta de prevenção, comumente decorrente de motivações econômicas – maximização do lucro - em detrimento das recomendações técnicas. E uma das obrigações do engenheiro, pelo Código de Ética está em garantir a incolumidade das pessoas, entre outras obrigações que não têm nenhuma relação com desempenho econômico, que deve ser sempre secundário em relação à preservação da vida.

Por isso, pista curta não pode ser apoiada tecnicamente, mesmo que aviões tenham todos os recursos para melhorar a segurança. Quanto mais seguro o equipamento, menor o prêmio do seguro a ser pago à seguradora. Fora isso, é o aeroporto que tem que ser absolutamente seguro!

Permitir o uso de pista curta e sem áreas de escape sob a alegação de que os aviões são mais seguros é negligência dolosa já que se sabe o risco aeroviário que pode advir desse ato insensato. É coisa de burocrata sem responsabilidade técnica ou de técnico irresponsável. Algumas pessoas estão respondendo criminalmente pela tragédia de Congonhas. Gente burocrata, nenhum técnico e por isso Congonhas continua operando dessa forma irresponsável.

Por isso as verdadeiras forças vivas da cidade exigem:

Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área já!

Sabemos que apenas pela luta e a pela mobilização popular poderemos conseguir um novo aeroporto seguro e adequado para Ribeirão Preto e região.  Sabemos também que será necessária a mobilização política que se refletirá nas eleições próximas. 

Necessitamos que o futuros executivo e legislativo estejam à altura das demandas da cidade e não sejam servos fiéis de uma pequena elite local, imediatista e sem visão de futuro, como ocorreu recentemente com a aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que foi votada por vereadores que nem se dignaram ler o projeto de lei, quanto mais entendê-lo, apenas porque o executivo mandou aprová-lo a toque de caixa, privilegiando certos interesses especulativos em detrimento dos interesses coletivos.

É essa Câmara Municipal que não queremos mas que a merecemos porque os seus integrantes só estão lá porque nós votamos neles.  E tanto faz se forem 20, 27, 5 ou 200.  Mas temos solução para isso:

Em 2012 não vote em político de 3ª  linha: vote em estadista


* SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve.

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