(Quando a concepção mística da infalibilidade de
equipamentos mecânicos tenta substituir a prevenção)
A
análise das principais noticias sobre o Leite Lopes e o Aeroporto Internacional
de Ribeirão (que não são a mesma coisa) é atividade corriqueira do Movimento
Pro Novo Aeroporto, dentro de suas atividades de esclarecimento e de derrube da
manipulação midiática.
Esta
manipulação da opinião publica iniciou-se em 1997, quando do anúncio
dos estudos para internacionalização do Leite Lopes e sempre vem a tona,
sistematicamente, logo após qualquer
anúncio, promessa de obra ou festival
circense, feito pelos SLLQC*.
Em
2011, publicamos uma série de artigos, como “Acidentes não acontecem por
fatalidade ou por causas fortuitas“, “Tragédia Anunciada”, entre outros, nos quais denunciamos e
demonstramos porque as características do Aeroporto Leite Lopes
sendo “Internacional de Cargas” o transformariam num novo Congonhas e impediriam Ribeirão Preto e região virem a dispor, no futuro, de uma
aeroporto capacitado a sustentar o desenvolvimento regional.
Em
2012, novamente os teimosos SLLQC defendem
irresponsavelmente, a ampliação do Leite Lopes como sendo não apenas a
única alternativa mas que já está definitivamente selada e que nada mais existe
para ser discutido, como sugere o seguinte trecho da reportagem que vamos
analisar e comentar: Apesar das obras de internacionalização do Aeroporto
Leite Lopes, previstas para começar ainda este ano [...].
Mas
pode ser discutido sim, deve sê-lo e vamos
fazer isso, comentando a reportagem no Gazeta de Ribeirão do dia 22/01/2012 e,
como sempre os grifos são nossos:
Apesar das obras de internacionalização
do Aeroporto Leite Lopes, previstas para começar ainda este ano, a pista para pousos e decolagens do
terminal ainda será menor que 25 dos 32 aeroportos internacionais espalhados
pelo País. Segundo a Tead Brasil, responsável pela construção do terminal
aeroportuário de cargas em Ribeirão, o
comprimento da pista é ideal para operação de aeronaves cargueiras do tipo
767-300, com capacidade para transportar até 54 toneladas. As obras de
expansão da pista colocarão o terminal ribeirão-pretano em 25º lugar no ranking
das maiores pistas entre aeroportos internacionais do Brasil (veja quadro ao
lado).
O pacote de investimentos anunciados no
início do mês pelo governo estadual aumenta de 1,8 mil metros para 2,1 mil
metros a extensão útil da pista do Leite Lopes, o que permite a operação de
voos internacionais. O diretor da Tead,
Rubel Thomas, afirmou apenas que o tamanho da pista “penaliza” a decolagem da
aeronave, embora tenha garantido não
há riscos à segurança. “Em uma pista
como esta, a aeronave não pode decolar coma carga máxima, mas isso é comum em
outros aeroportos do País”, disse.
O tamanho da pista não é o único
critério determinante para a internacionalização. Também pesam itens como a
localização do aeroporto. O terminal de Curitiba, por exemplo, tem apenas 1,3
mil metros de pista, mas não fica em área urbana, como é o caso de Ribeirão.
Para
o especialista em aviação civil, o engenheiro Celso Agioli, mesmo com a
ampliação da pista, o Leite Lopes apresenta riscos. “Aeroportos urbanos, dentro
das cidades, como Congonhas, Santos Dumont e Leite Lopes, têm pistas com
mínimas áreas de escape.
Mesmo
com a ampliação da pista não dá para ignorar os riscos que esses aeroportos
oferecem.”
O
engenheiro Romualdo Sanches concorda com os riscos apontados por Agioli, mas
disse apostar na tecnologia da aeronave para coibir acidentes. “Uma pista
pequena não necessariamente representa perigo. As aeronaves maiores têm mais
recursos e sofisticação tecnológica que permitem o pouso com velocidades
menores e a frenagem com eficiência.”
Sempre
que a mídia alardeia a histeria circense de novas ações governamentais sobre a
internacionalização do Leite Lopes, o Movimento Pro novo Aeroporto é
questionado no seu blog de que está agindo contra os interesses de Ribeirão,
porque Ribeirão Preto tem pressa na transformação do seu aeroporto em
internacional de cargas.
Costumamos
perguntar, como resposta: Tem pressa para quê? Para ter um aeroporto medíocre e inseguro?
A
resposta está dentro da reportagem: a pista para
pousos e decolagens do terminal ainda será menor que 25 dos 32 aeroportos
internacionais espalhados pelo País.
Que
maravilha! Quando as outras cidades construírem os aeroportos novos (algumas já
estão fazendo isso) Ribeirão Preto passará a ter um dos piores aeroportos
internacionais do país. Uma verdadeira honra ao mérito da mediocridade!
Na
verdade a situação do Leite Lopes é pior do que indica a reportagem porque o
comprimento depende da altitude da pista. Ou seja, quanto maior a altitude,
maior o comprimento de pista necessário. Mas essa informação é técnica e se não
é obrigação da reportagem de conhecer,
deve permitir aos técnicos que têm a obrigação de saber,
espaço para tal divulgação.
“[...] o
comprimento da pista [2.100 m] é
ideal para operação de aeronaves cargueiras do tipo 767-300, com capacidade
para transportar até 54 toneladas.“
é
uma afirmação falsa com o intuito de
justificar um empreendimento puramente comercial porque não pode ser o ideal
se para a altitude da pista do Leite Lopes o comprimento mínimo é de 3290
metros, logo, o citado cargueiro apenas poderá decolar com carga inferior à sua
capacidade, ou seja, será um aeroporto cargueiro de meia carga ou, como se
costuma falar no popular, é meia boca.
A
confirmação desse fato está na própria declaração do “O diretor da Tead, Rubel Thomas, afirmou apenas que o
tamanho da pista “penaliza” a decolagem da aeronave. Em uma pista como esta, a
aeronave não pode decolar com a carga máxima, mas isso é comum em outros
aeroportos do País”.
É
claro que é comum em outros aeroportos do país, exatamente 7, já que o Leite Lopes ficaria em 25º lugar
numa conjunto de 32, ou seja, quando se compara o Leite Lopes com os outros
aeroportos só se reportam aos piores,
nunca aos melhores e aí teremos pelo
menos 24 aeroportos muito melhores e que deveriam servir de exemplo e nortear o
Aeroporto Internacional de Ribeirão
Preto.
Apenas
a opinião de certos setores interessados exclusivamente na exploração econômica
de um terminal de cargas é que pode achar que um aeroporto meia boca é o ideal,
no mais puro exercício da mediocridade.
Mas referido
empresário, atuando como “expert em segurança”, extrapola em suas capacitações quando afirma que “embora
tenha garantido não há riscos à segurança” na medida em que a pista não tem o
comprimento mínimo necessário, não dispõe de
áreas de escape adequadas e está localizada em área urbana densamente
ocupada.
É
claro que ele não pode dar opiniões e principalmente garantias sobre assuntos
que não são de sua área de conhecimento pois “Para
o especialista em aviação civil, o engenheiro Celso Agioli, mesmo com a
ampliação da pista, o Leite Lopes apresenta riscos. “Aeroportos urbanos, dentro
das cidades, como Congonhas, Santos Dumont e Leite Lopes, têm pistas com
mínimas áreas de escape. Mesmo com a ampliação da pista
não dá para ignorar os riscos que esses aeroportos oferecem.”
O
Movimento Pro Novo Aeroporto sempre se refere ao risco à segurança no Leite
Lopes para operações de maior envergadura que a aviação geral e executiva. Como
Aeroporto Internacional ou mesmo como aeroporto regional do porte necessário a
Ribeirão Preto e região, o Leite Lopes é absolutamente inadequado.
Em
contrapartida, “O engenheiro
Romualdo Sanches concorda com os riscos apontados por Agioli, mas disse apostar
na tecnologia da aeronave para coibir acidentes. “Uma pista pequena não
necessariamente representa perigo. As aeronaves maiores têm mais recursos e
sofisticação tecnológica que permitem o pouso com velocidades menores e a
frenagem com eficiência.” que corrobora a
concepção mística da infalibilidade de equipamentos mecânicos. Tudo o que
afirmou é verdadeiro se tudo correr às mil maravilhas. Se não chover, se a
pista não estiver emborrachada. Se o freio aerodinâmico funcionar, se o reverso entrar em ação. Se o piloto não se
atrapalhar, se....
Quando
alguma coisa falha, então acontecem as tragédias, ditas depois como sendo um
acidente. E como acidentes acontecem fica tudo por isso mesmo. Congonhas em
2007 que o diga. O reverso não funcionou, o avião acelerou, estava chovendo com
pista emborrachada e morreram 200 pessoas. Se a pista não fosse curta, se tivesse área de escape adequada,
não teria acontecido nada mais que um incidente e 200 pessoas teriam algo para
contar a seus netos.
Morreram
carbonizadas porque alguém afirmava a pés juntos que não existem problemas em
aeronaves operarem em pista curta, porque as condições de segurança pelas
sofisticações tecnológicas das modernas aeronaves, etc e tal. Era um A320, era
uma aeronave moderna cheia de sofisticações tecnológicas.
Mas
na engenharia não existem acidentes.
Existe ou erro de execução ou de projeto ou ainda falta de prevenção, comumente
decorrente de motivações econômicas – maximização do lucro - em detrimento das
recomendações técnicas. E uma das obrigações
do engenheiro, pelo Código de Ética está em garantir a incolumidade das pessoas, entre outras obrigações que
não têm nenhuma relação com desempenho econômico, que deve ser sempre
secundário em relação à preservação da vida.
Por isso, pista
curta não pode ser apoiada tecnicamente, mesmo que aviões tenham todos os
recursos para melhorar a segurança. Quanto mais seguro o equipamento, menor o prêmio do seguro a ser pago à seguradora. Fora isso, é o aeroporto que tem que ser
absolutamente seguro!
Permitir o uso de pista curta e sem áreas de
escape sob a alegação de que os aviões são mais seguros é negligência dolosa já que se sabe o risco aeroviário que pode advir desse
ato insensato. É coisa de burocrata sem responsabilidade técnica ou de técnico
irresponsável. Algumas pessoas estão respondendo criminalmente pela tragédia de
Congonhas. Gente burocrata, nenhum técnico e por isso Congonhas continua
operando dessa forma irresponsável.
Por
isso as verdadeiras forças vivas da cidade exigem:
Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área já!
Sabemos que apenas pela luta e a pela
mobilização popular poderemos conseguir um novo aeroporto seguro e adequado
para Ribeirão Preto e região. Sabemos
também que será necessária a mobilização política que se refletirá nas eleições
próximas.
Necessitamos que o futuros executivo e
legislativo estejam à altura das demandas da cidade e não sejam servos fiéis de
uma pequena elite local, imediatista e sem visão de futuro, como ocorreu
recentemente com a aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que foi votada
por vereadores que nem se dignaram ler o projeto de lei, quanto mais
entendê-lo, apenas porque o executivo mandou aprová-lo a toque de caixa, privilegiando
certos interesses especulativos em detrimento dos interesses coletivos.
É essa Câmara Municipal que não queremos mas
que a merecemos porque os seus integrantes só estão lá porque nós votamos
neles. E tanto faz se forem 20, 27, 5 ou
200. Mas temos solução para isso:
Em 2012 não vote em político de 3ª
linha: vote em estadista
* SLLQC É o grupo de
pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo
para Ribeirão Preto e que entendem que Só
o Leite Lopes
a Qualquer Custo
lhes serve.
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