CAMPANHA DE COOPTAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO
PELA ILUSÃO DO BOOM IMOBILIÁRIO
Quando começou o espetáculo circense da
assinatura de uma ordem de serviço para início das obras do terminal
alfandegado da TEAD, o Movimento Pro Novo Aeroporto já sabia que o dique das
maravilhas maravilhosas do Papai Noel Leite Lopes iria se romper, esparramando
toda uma aura de benesses para todo o entorno e para deixar um grupinho de
empresários especuladores ouriçados com os futuros empreendimentos e com os
gordos lucros a serem auferidos, às custas da tranquilidade das comunidades e
do futuro de Ribeirão e região.
A manipulação da realidade é evidente. Vamos reproduzir e analisar uma das reportagens (A
Cidade, 11/01/2012), com grifos nossos:
AEROPORTO VAI MUDAR
PERFIL DE BAIRRO EM RIBEIRÃO
A implantação
do Terminal Alfandegário de Cargas no aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto,
tornando-se efetivamente internacional, vai
mudar o perfil imobiliário do Jardim Aeroporto, na zona Norte. É o que
apontam especialistas ouvidos por A Cidade. Eles afirmam que o bairro deixará de ser basicamente residencial para
receber novas empresas e galpões de carga, com a especulação imobiliária conseqüente
Para o mercado
imobiliário, o valor do terreno no
entorno do Leite Lopes terá valorização de até 20% para construção de galpões e
para implantação de novos empreendimentos industriais (leia ao lado).
Segundo o
professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA),
Marcos Fávero, o entorno do aeroporto
tende a se tornar um megacomplexo aeroportuário.
"A construção do Terminal Alfandegário é uma notícia que chega com 10 anos
de atraso e, mesmo assim, temos que comemorar. As áreas no entorno do Leite
Lopes tende a valorizar consideravelmente", afirmou.
O Daesp
anunciou nesta segunda-feira (9) que o aeroporto de Ribeirão passa a operar
três voos de cargas para Miami até 2013.
VISIBILIDADE
Segundo
Fávero, além de toda a especulação imobiliária, Ribeirão ganha visibilidade
internacional.
Com a internacionalização do aeroporto,
ele avalia que haverá o fortalecimento da infraestrutura logística para as
empresas. Isso porque, além de poder importar e exportar produtos, com a
rodovia Anhanguera (SP-330) e com o ramal ferroviário a poucos metros, a
distribuição dos produtos será mais rápida e otimizada.
Já o
presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), José
Carlos Carvalho, afirma que a internacionalização do Leite Lopes beneficiará a
cadeia produtiva das indústrias.
"As exportações e importações
poderão ser feitas diretamente de Ribeirão", afirma.
Segundo ele, o terminal atrairá novas empresas que atuam no ramo do comércio
exterior, além do de serviço. A expectativa de especialistas é de maior oferta
de emprego para a população.
Vamos analisar afirmação por afirmação:
vai mudar o perfil imobiliário do Jardim Aeroporto,
[...] Eles (os especialistas) afirmam que o bairro deixará de ser
basicamente residencial para receber novas empresas e galpões de carga, com a
especualação imobiliária conseqüente.
[...]o valor do terreno no entorno do Leite Lopes
terá valorização de até 20% para construção de galpões e para implantação de
novos empreendimentos industriais
O bairro Jardim Aeroporto e outros do entorno do Leite Lopes são de uso misto, ou seja, permite
residências, estabelecimentos comerciais e industriais. Uma faixa ao longo da
Anhanguera é obrigatóriamente comercial desde 2007 conforme a Lei de Uso e
Ocupação do Solo.
Na região já existem muitos galpões de carga e de outros usos. Portanto, não
vai haver nenhuma alteração de Uso e Ocupação do Solo. Por outro
lado, ao longo do perimetro do Leite Lopes as ruas são estreitas e não permitem
as manobras de grandes caminhões estradeiros. Logo, seria necessária uma
reformulação no sistema viário. E, como todo o sistema viário foi executado
para transito leve, se passar a ser utilizado um trafego pesado, os pavimentos
não irão aguentar a carga e sofrerão muitos danos, que nenhum tapa buraco
poderá resolver.
Independentemente do aeroporto existir ou não, com ou sem terminal de
cargas, a região somente poderá
comportar industrias não poluentes, ou seja, com sérias restrições ambientais.
Quais seriam essas indústrias que se instalariam? Não seria mais razoável irem
se localizar no Distrito Industrial? Ou criar um novo Distrito Industrial
especificamente para uso do aeroporto e, nesse caso, levar o aeroporto junto?
Como o bairro está praticamente todo ocupado, se alguem vender a sua casa,
com um valor de terreno (estimado pela prefeitura em 45,00 R$/m²), com uma
valorização de 20% profetizada pelos especialistas de plantão, esse valor
passaria a 54,00 R$/m². Onde é que poderia o morador/vendedor comprar outro
terreno para construir a sua casa por valor inferior a esse? Em lugar nenhum.
Logo, se alguém vender a sua casa com o terreno, não conseguirá
reconstruir a casa e terá prejuizo. Portanto, só vai pensar em vender por um valor
razoável e especulativo mas só até ao limite em que o empresário poderá comprar
mais barato em local adequado, com acesso adequado e pavimentação para trafego
pesado e aí perde-se a demanda e não existe especulação.
Por que é que o empresário vai comprar terreno ao
lado do aeroporto se a carga vai de caminhão e caminhão não se cansa, podendo
instalar a empresa em local mais adequado e mais barato do que o valor
especulativo, e com toda a infraestrutura já pronta? E vai construir um galpão com que
objetivo? Se for para guardar carga, essa função é do terminal. Entra no
terminal com a carga e descarrega ou carrega o caminhão e vai embora para o seu
centro de distribuição. Qual, portanto, a necessidade imperiosa e sujeita a especulação,
para comprar um terreno para demolir as casas e depois construir um galpão?
Os “especialistas” consultados
precisam de melhorar a sua argumentação, para não passarem por “chutadores”.
Essa questão de valorização imobiliária faz parte de uma ciência muito
séria chamada de Engenharia de Avaliações.
De novo a Engenharia atrapalha a “chutemetria” dos SLLQC*.
[...] o entorno do aeroporto tende a se tornar um
megacomplexo aeroportuário
Sem dúvida que os aeroportos modernos
constituem mega- complexos aeronáuticos denominados de aeroporto-cidade.
O problema é que não são formados a partir de especulações imobiliárias
nem pela substituição do Uso do Solo,
porque já nascem junto com o projeto do aeroporto e dele são parte integrante.
Um projeto dentro do conceito de aeroporto-cidade inclue muitas vezes
parques de exposições. Já imaginaram se o aeroporto de Ribeirão contivesse a
Agrishow e que os grandes eventos musicais fossem lá sediados? Impossível de
acontecer no Leite Lopes, porque iria
requerer uma área em torno de 2000 ha e
os 170 ha disponíveis não são suficientes. É o resultado de um
planejamento a longo prazo por equipes multidisciplinares de ala competência e
Ribeirão Preto não está habitiuado a esses procedimentos, preferindo o
improviso e imediatismo.
Com a internacionalização do aeroporto, ele (o especialista)
avalia que haverá o fortalecimento da infraestrutura logística para as
empresas. Isso porque, além de poder importar e exportar produtos, com a
rodovia Anhanguera (SP-330) e com o ramal ferroviário a poucos metros, a
distribuição dos produtos será mais rápida e otimizada.
[...]
"As exportações e importações poderão ser
feitas diretamente de Ribeirão", afirma.
Segundo ele (o presidente da ACIRP), o terminal atrairá novas empresas que
atuam no ramo do comércio exterior, além do de serviço. A expectativa de
especialistas é de maior oferta de emprego para a população.
É claro que o aeroporto sendo internacional de cargas poderá importar e
exportar produtos, por definição. Mas será que isso apenas poderá acontecer no Leite
Lopes? Num aeroporto novo, com melhor estrutura, melhor infraestrutura e com capacidade para ampliações futuras para atender ao aumento da demanda
proveniente do crescimento regional, essas teses não se aplicariam?
Parece que para o “especialista” só o Leite Lopes serve, embora seja tacanho,
impossivel de ser ampliado tanto em comprimento de pista, quanto no numero de
pistas, e cause graves danos socio-ambientais, além do fato de os passageiros
serem obrigados a usarem galochas e guarda chuvas na época das chuvas.
Outro fator interessante é a relação entre aeroporto e ferrovia, dada como
fator importante e talvez altamente positivo para o Leite Lopes. Nos EUA ou na União
Europeia isso seria verdadeiro mas no Brasil as ferrovias transportam cargas a
granel que não são as mesmas que são transportadas via aérea. Logo, se perto do
aeroporto existe ferrovia ou não, é absolutamente irrelevante, para o caso de
Ribeirão Preto.
Se tudo o que é de bom para Ribeirão Preto pode acontecer também com um
novo aeroporto digno, em local adequado,
com capacidade de dar suporte efetivo ao crescimento regional, porquê
toda essa euforia com o terminal de cargas no Leite Lopes?
Ninguém é contra o aeroporto internacional de Ribeirão Preto. O Movimento
Pro Novo Aeroporto é contra a sandice de que esse aeroporto seja o Leite Lopes.
Esse aeroporto novo já poderia estar em operação porque faz mais de 15 anos que os SLLQC têm
pressa e não podem esperar três a cinco anos para que se construa um
novo aeroporto. São os verdadeiros
empata-progresso da cidade!
Se não temos o aeroporto que merecemos deve-se também a esses
“especialistas” que insistem em afirmar todas essas bobagens de que só o Leite
Lopes serve e que inventam essa tal de
especulçação imobiliária para tentarem enganar a comunidade a ser atingida, de
que vai ser bom para ela.
Não vai. Em
nenhum lugar onde ocorreram ampliações de aeroportos, como querem
fazer no Leite Lopes, houve essa especulação imobiliária e, pelo contrário, no
que se refere a áreas residenciais, ocorreu exatamente o contrário.
As pessoas não serão
enganadas porque o Movimento Pro Novo Aeroporto continuamente promove reuniões com
as comunidades onde essas questões são debatidas e esclarecidas.
É por isso que o Movimento Pro
Novo Aeroporto tem como uma das bases de suas ações principais a convicção de que
Povo esclarecido jamais será
iludido
E como o problema do aeroporto
também tem um viés politico-circense, então
Em 2012 não vote em
político de 3ª Linha: vote em Estadista
E porque continuamos na luta
cidadã, exigimos:
Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área
já!
* SLLQC
É o grupo de
pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo
para Ribeirão Preto e que entendem que Só
o Leite Lopes
a Qualquer Custo
lhes serve.
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