sábado, 14 de janeiro de 2012

O FESTIVAL CIRCENSE CONTINUA


CAMPANHA DE COOPTAÇÃO DA POPULAÇÃO DO ENTORNO
PELA ILUSÃO DO BOOM IMOBILIÁRIO

Quando começou o espetáculo circense da assinatura de uma ordem de serviço para início das obras do terminal alfandegado da TEAD, o Movimento Pro Novo Aeroporto já sabia que o dique das maravilhas maravilhosas do Papai Noel Leite Lopes iria se romper, esparramando toda uma aura de benesses para todo o entorno e para deixar um grupinho de empresários especuladores ouriçados com os futuros empreendimentos e com os gordos lucros a serem auferidos, às custas da tranquilidade das comunidades e do futuro de Ribeirão e região.

A manipulação da realidade é evidente. Vamos reproduzir e analisar uma das reportagens (A Cidade, 11/01/2012), com grifos nossos:

AEROPORTO VAI MUDAR PERFIL DE BAIRRO EM RIBEIRÃO

A implantação do Terminal Alfandegário de Cargas no aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto, tornando-se efetivamente internacional, vai mudar o perfil imobiliário do Jardim Aeroporto, na zona Norte. É o que apontam especialistas ouvidos por A Cidade. Eles afirmam que o bairro deixará de ser basicamente residencial para receber novas empresas e galpões de carga, com a especulação imobiliária conseqüente
Para o mercado imobiliário, o valor do terreno no entorno do Leite Lopes terá valorização de até 20% para construção de galpões e para implantação de novos empreendimentos industriais (leia ao lado).
Segundo o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), Marcos Fávero, o entorno do aeroporto tende a se tornar um megacomplexo aeroportuário.
"A construção do Terminal Alfandegário é uma notícia que chega com 10 anos de atraso e, mesmo assim, temos que comemorar. As áreas no entorno do Leite Lopes tende a valorizar consideravelmente", afirmou.

O Daesp anunciou nesta segunda-feira (9) que o aeroporto de Ribeirão passa a operar três voos de cargas para Miami até 2013.
VISIBILIDADE

Segundo Fávero, além de toda a especulação imobiliária, Ribeirão ganha visibilidade internacional.
Com a internacionalização do aeroporto, ele avalia que haverá o fortalecimento da infraestrutura logística para as empresas. Isso porque, além de poder importar e exportar produtos, com a rodovia Anhanguera (SP-330) e com o ramal ferroviário a poucos metros, a distribuição dos produtos será mais rápida e otimizada.

Já o presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), José Carlos Carvalho, afirma que a internacionalização do Leite Lopes beneficiará a cadeia produtiva das indústrias.
"As exportações e importações poderão ser feitas diretamente de Ribeirão", afirma.
Segundo ele, o terminal atrairá novas empresas que atuam no ramo do comércio exterior, além do de serviço. A expectativa de especialistas é de maior oferta de emprego para a população.


Vamos analisar afirmação por afirmação:
vai mudar o perfil imobiliário do Jardim Aeroporto, [...] Eles (os especialistas) afirmam que o bairro deixará de ser basicamente residencial para receber novas empresas e galpões de carga, com a especualação imobiliária conseqüente.
[...]o valor do terreno no entorno do Leite Lopes terá valorização de até 20% para construção de galpões e para implantação de novos empreendimentos industriais

O bairro Jardim Aeroporto e outros do entorno do Leite Lopes  são de uso misto, ou seja, permite residências, estabelecimentos comerciais e industriais. Uma faixa ao longo da Anhanguera é obrigatóriamente comercial desde 2007 conforme a Lei de Uso e Ocupação do Solo.

Na região já existem muitos galpões de carga e de outros usos. Portanto, não vai haver nenhuma alteração de Uso e Ocupação do Solo. Por outro lado, ao longo do perimetro do Leite Lopes as ruas são estreitas e não permitem as manobras de grandes caminhões estradeiros. Logo, seria necessária uma reformulação no sistema viário. E, como todo o sistema viário foi executado para transito leve, se passar a ser utilizado um trafego pesado, os pavimentos não irão aguentar a carga e sofrerão muitos danos, que nenhum tapa buraco poderá resolver.

Independentemente do aeroporto existir ou não, com ou sem terminal de cargas,  a região somente poderá comportar industrias não poluentes, ou seja, com sérias restrições ambientais. Quais seriam essas indústrias que se instalariam? Não seria mais razoável irem se localizar no Distrito Industrial? Ou criar um novo Distrito Industrial especificamente para uso do aeroporto e, nesse caso, levar o aeroporto junto?

Como o bairro está praticamente todo ocupado, se alguem vender a sua casa, com um valor de terreno (estimado pela prefeitura em 45,00 R$/m²), com uma valorização de 20% profetizada pelos especialistas de plantão, esse valor passaria a 54,00 R$/m². Onde é que poderia o morador/vendedor comprar outro terreno para construir a sua casa por valor inferior a esse? Em lugar nenhum.

Logo, se alguém vender a sua casa com o terreno, não conseguirá reconstruir a casa e terá prejuizo.   Portanto, só vai pensar em vender por um valor razoável e especulativo mas só até ao limite em que o empresário poderá comprar mais barato em local adequado, com acesso adequado e pavimentação para trafego pesado e aí perde-se a demanda e não existe especulação.

Por   que é que o empresário vai comprar terreno ao lado do aeroporto se a carga vai de caminhão e caminhão não se cansa, podendo instalar a empresa em local mais adequado e mais barato do que o valor especulativo, e com toda a infraestrutura já pronta? E vai construir um galpão com que objetivo? Se for para guardar carga, essa função é do terminal. Entra no terminal com a carga e descarrega ou carrega o caminhão e vai embora para o seu centro de distribuição. Qual, portanto, a necessidade imperiosa e sujeita a especulação, para comprar um terreno para demolir as casas e depois construir um galpão?

Os “especialistas” consultados precisam de melhorar a sua argumentação, para não passarem por “chutadores”.  Essa questão de valorização imobiliária faz parte de uma ciência muito séria chamada de Engenharia de Avaliações.  De novo a Engenharia atrapalha a “chutemetria” dos SLLQC*.

[...] o entorno do aeroporto tende a se tornar um megacomplexo aeroportuário

Sem dúvida que os aeroportos modernos  constituem mega- complexos aeronáuticos denominados de aeroporto-cidade.

O problema é que não são formados a partir de especulações imobiliárias nem pela substituição  do Uso do Solo, porque já nascem junto com o projeto do aeroporto e dele são parte integrante.

Um projeto dentro do conceito de aeroporto-cidade inclue muitas vezes parques de exposições. Já imaginaram se o aeroporto de Ribeirão contivesse a Agrishow e que os grandes eventos musicais fossem lá sediados? Impossível de acontecer no Leite Lopes, porque iria  requerer uma área em torno de 2000 ha e  os 170 ha disponíveis não são suficientes. É o resultado de um planejamento a longo prazo por equipes multidisciplinares de ala competência e Ribeirão Preto não está habitiuado a esses procedimentos, preferindo o improviso e imediatismo.

Com a internacionalização do aeroporto, ele (o especialista) avalia que haverá o fortalecimento da infraestrutura logística para as empresas. Isso porque, além de poder importar e exportar produtos, com a rodovia Anhanguera (SP-330) e com o ramal ferroviário a poucos metros, a distribuição dos produtos será mais rápida e otimizada.
[...]
"As exportações e importações poderão ser feitas diretamente de Ribeirão", afirma.
Segundo ele (o presidente da ACIRP), o terminal atrairá novas empresas que atuam no ramo do comércio exterior, além do de serviço. A expectativa de especialistas é de maior oferta de emprego para a população.


É claro que o aeroporto sendo internacional de cargas poderá importar e exportar produtos, por definição. Mas será que isso apenas poderá acontecer no Leite Lopes? Num aeroporto novo, com melhor estrutura, melhor infraestrutura  e com capacidade para  ampliações futuras  para atender ao aumento da demanda proveniente do crescimento regional, essas teses não se aplicariam?

Parece que para o “especialista” só o Leite Lopes serve, embora seja tacanho, impossivel de ser ampliado tanto em comprimento de pista, quanto no numero de pistas, e cause graves danos socio-ambientais, além do fato de os passageiros serem obrigados a usarem galochas e guarda chuvas na época das chuvas.

Outro fator interessante é a relação entre aeroporto e ferrovia, dada como fator importante e talvez altamente positivo para o Leite Lopes. Nos EUA ou na União Europeia isso seria verdadeiro mas no Brasil as ferrovias transportam cargas a granel que não são as mesmas que são transportadas via aérea. Logo, se perto do aeroporto existe ferrovia ou não, é absolutamente irrelevante, para o caso de Ribeirão Preto.

Se tudo o que é de bom para Ribeirão Preto pode acontecer também com um novo aeroporto digno, em local adequado,  com capacidade de dar suporte efetivo ao crescimento regional, porquê toda essa euforia com o terminal de cargas no Leite Lopes?

Ninguém é contra o aeroporto internacional de Ribeirão Preto. O Movimento Pro Novo Aeroporto é contra a sandice de que esse aeroporto seja o Leite Lopes. Esse aeroporto novo já poderia estar em operação porque faz mais de 15 anos que os SLLQC têm pressa e não podem esperar três a cinco anos para que se construa um novo aeroporto.  São os verdadeiros empata-progresso da cidade!

Se não temos o aeroporto que merecemos deve-se também a esses “especialistas” que insistem em afirmar todas essas bobagens de que só o Leite Lopes serve e que inventam essa  tal de especulçação imobiliária para tentarem enganar a comunidade a ser atingida, de que vai ser bom para ela.

Não vai. Em nenhum lugar onde ocorreram ampliações de aeroportos, como querem fazer no Leite Lopes, houve essa especulação imobiliária e, pelo contrário, no que se refere a áreas residenciais, ocorreu exatamente o contrário.

As pessoas não serão enganadas porque o Movimento Pro Novo Aeroporto continuamente promove reuniões com as comunidades onde essas questões são debatidas e esclarecidas.

É por isso que o Movimento Pro Novo Aeroporto tem como uma das bases de  suas ações principais a convicção de que


Povo esclarecido jamais será iludido

E como o problema do aeroporto também tem um viés politico-circense, então

Em 2012 não vote em político de 3ª Linha: vote em Estadista
E porque continuamos na luta cidadã, exigimos:
Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área já!

* SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário