Caro Rubens,
Respondemos dentro de sua mensagem. Com fonte azul
o seu texto, fonte preta o nosso.
Mensagem encaminhada ----------
De: BBG Comercial <bbgcomercial@hotmail.com>
Data: 28 de dezembro de 2011 13:12
De: BBG Comercial <bbgcomercial@hotmail.com>
Data: 28 de dezembro de 2011 13:12
Senhores,
Eu não entendo porque a insistência na ampliação do Leite Lopes por parte
de algumas autoridades se todos os pareceres técnicos e jurídicos
dizem contrária e fiquei pensando aqui com os meus botões qual interesse
oculto poderia ter nisso, até porque fica mais caro reformar o que já existe e
fazê-lo adequado do que construir um novo. Só ficaria mais barato se fizerem a
reforma de qualquer jeito.
Na verdade, a questão não é exatamente essa. Existe um empreendimento – um terminal de cargas internacional – que a
empresa transportadora TEAD Brasil ganhou numa licitação em 2003. O prazo para
a sua instalação já se extinguiu (ou está perto de vencer) e o tempo de demora
para construir um aeroporto novo poderá impedir a sua implantação.
Por outro lado, se for construído um novo
aeroporto, a licitação feita em 2003 perde a sua validade e seria necessário fazer
nova licitação, provavelmente com outros licitantes com melhores propostas que
impediriam a empresa (TEAD Brasil) de se instalar.
O faturamento desse empreendimento está estimado
entre 100 e 400 milhões de Reais/ano, dependendo da fonte.
É muito dinheiro envolvido e, por isso, a ganância
do lucro imediatista canta mais alto.
Esses interesses econômicos não estão sediados em Ribeirão Preto e,
portanto, não estão absolutamente nada preocupados se esse empreendimento –
ampliação do Leite Lopes – vai ser bom ou ruim para a região.
Embora seja um bom negócio para os interessados no
empreendimento, para Ribeirão Preto e região nada representa pois é
absolutamente medíocre[1],
como se pode verificar pela seguinte tabela comparativa de áreas de outros
terminais de carga:
aeroporto
|
Área
(ha)
|
N° de
pistas
|
Comprimento
da pista (m)
|
Área do
Terminal de Cargas (m²)
|
Cumbica
|
1378
|
2
|
3700
3000
|
97.800
|
Galeão (Tom Jobim)
|
1788
|
2
|
4000
3180
|
|
Viracopos
|
1766
|
1
|
3240
|
81.000
|
LEITE LOPES
|
205
|
1
|
2100
|
5.000
|
Na tabela
já consideramos o Leite Lopes com a pista por eles pretendida com 2.100 metros
de comprimento. Para isso, incluindo as áreas a serem desapropriadas, a área
total passaria de 170 ha para 205 ha. Existe Aeroporto Internacional Cargueiro com área de 205 ha? E como poderão ocorrer pousos e decolagens de
um B-737-300 numa pista de 2100 metros se o mínimo, a plena carga, é de 3100
metros? Serão operações a meia carga, num aeroporto meia boca.
E, com a tal tão falada
curva de ruídos, já que ela é elaborada para 65 dB e o máximo noturno permitido
em áreas urbanas, por norma, é de 45 dB, certamente que ocorrerão restrições de
horário para os vôos noturnos de cargueiros.
Então, Ribeirão Preto será
a única
cidade do planeta com um aeroporto "meia boca" de carga
internacional, a meia carga, operando meio período em outro aeroporto a plena
carga, com um Terminal de Cargas medíocre (apenas 5.000 m² de área), com o único propósito de
viabilizar um empreendimento comercial.
Apenas a
titulo de ilustração e comparação, segundo o site das Casas Bahia, o Centro de
Distribuição em Ribeirão Preto ocupa uma área de 40.000 m².
Respondemos ao seu questionamento, com outra
pergunta: Os SLLQC estão querendo enganar a quem?
No debate entre candidatos a prefeito na ACI em 2008 eu falei isso e
disse que era a favor de um novo aeroporto fora do perímetro urbano mesmo que
ficasse fora de Ribeirão, mesmo porque Ribeirão seria beneficiado por ser a
cidade grande da região então os investimentos viriam para cá.
A sua observação é absolutamente válida. Os investimentos não se dirigem para uma região
apenas porque têm um aeroporto mas sim se a região dispõe de estrutura e infra-estrutura
adequadas para dar suporte a esses
investimentos. Mobilidade urbana e um bom sistema de transporte público,
aliados a um ar com boa qualidade, são muito mais importantes para uma empresa
de alta tecnologia do que apenas um
aeroporto no qual os empresários precisem de embarcar de galochas e guarda
chuva em dia chuvoso, devido à
impossibilidade técnica de dispor de uma ponte de embarque.
Ainda com os meus botões, pensei se essa área do Leite Lopes é todinha
publica ou o estado paga aluguel dela ou de alguma parte dela. Porque isso
explicaria a insistência em manter o Leite Lopes - alguém ganhando dinheiro de
aluguel com isso.
Na verdade o terreno onde o Leite Lopes está
implantado nem mesmo foi pago. É a ação mais antiga do Brasil que corre no
Judiciário. Nem houve desapropriação, apenas foi invadido faz mais de 60 anos.
Outra idéia seria a de não usar outras áreas para construir o aeroporto
porque prejudicaria o interesse de construtoras que estão usando
toda a área do entorno de Ribeirão para a construção de condomínios.
Algumas áreas onde seria possível construir o novo
aeroporto estão sendo ocupadas ou já o foram. O presídio na rodovia Abrão Assed
ocupa uma das melhores áreas. A atual expansão urbana na zona oeste tenta
legitimar a ocupação de outra área (proximidades da Usina Gallo Bravo) sob a
justificativa de falta de lugar para instalar loteamentos populares de baixa
renda.
O que estou conversando com ¨os meus botões¨ usando o meu pouco conhecimento e
excesso de ignorância que tenho direito na humanidade é que talvez se
identificássemos a existência de algum interesse (comercial) não revelado e
quias são realmente estes interesses na ampliação do Leite Lopes e na
resistência a construir outro ficará mais fácil mobilizar para a nossa luta e
desarticular a idéia desta ampliação. Só não sei onde e como procurar e
encontrar isso.
Quando o interesse é do capital, basta seguir atrás
do dinheiro. Já verificamos que os interesses mobilizados são da ordem de 100 a
400 milhões de Reais/ano. Vamos fazer uma pequena retrospectiva dos fatos:
A partir da década de 90 a ideologia política do
neoliberalismo gerou a epidemia das privatizações em todo o planeta e
particularmente no Brasil, tendo se tornado política de estado das administrações
publicas. O livro “A Privataria Tucana”, do Amaury Ribeiro Jr., mostra muito
bem como essas privatizações foram engendradas e implantadas.
Em 1999, de alguma forma, a Agência de
Desenvolvimento de Negócios (TDA)[2] do
Departamento de Estado dos U.S.A, “descobriu”
o Leite Lopes e a sua potencial utilização como aeroporto internacional de
cargas e forneceu
um projeto graciosamente (com a condição que
empresas dos USA tivessem o direito a participar do empreendimento) onde
desenvolvia a ampliação do Leite Lopes para atender a uma expectativa de demanda
de cargas internacionais.
Por coincidência, tanto o governo municipal quanto
o estadual eram administrados pelo partido
PSDB. O municipal negligenciou o Plano Diretor do Município que em 1995 já
exigia a remoção do aeroporto para local mais adequado e desenvolveu todos os
esforços para mobilizar as chamadas classes empresariais a favor do projeto
conseguindo a adesão incondicional das suas entidades representativas que,
junto com o governo municipal, conseguiram todo o apoio midiático local
impedindo não só que fosse veiculado algum tipo de oposição a esse projeto, mas
também promovendo ampla propaganda midiática manipuladora Pró Papai Noel Leite Lopes sobre
a população da nossa cidade e com maior ênfase e intensidade sobre a população
do entorno.
Esse projeto era de tão má qualidade que foi
derrubado com muita facilidade pelas entidades da Sociedade Civil que se
organizaram um Movimento contra essa aberração e a favor da construção de um
aeroporto novo. Aparentemente o projeto foi arquivado mas a idéia não.
Em 2003, o
Departamento Aeroviário do Estado de S. Paulo (DAESP), órgão do Governo do
Estado, por coincidência, administrado pelo PSDB, faz uma licitação para a
exploração de um terminal internacional de cargas, vencida pela TEAD Brasil.
Em 2005, já cantavam em prosa e em verso o grande
empreendimento (Revista Aeromagazine 133 – Junho 2005) garantindo que logo começariam
as obras de ampliação da pista e da construção de um novo terminal de
passageiros e de carga, esquecendo-se que para isso seria necessário a
aprovação de um Estudo de Impacto Ambiental que, embora exigível por lei, não
estava sendo previsto e somente foi elaborado através de exigência judicial. Ou
seja, foi necessária a intervenção do judiciário para informar ao poder
executivo que ele é obrigado a cumprir a legislação.
Em 2007 esse Estudo de Impacto Ambiental, elaborado
como mero instrumento burocrático, foi desmascarado pelo Movimento Pro Novo
Aeroporto e recebeu a qualificação de
“má qualidade e mandado refazer” pelos órgãos do governo estadual responsáveis
pela sua analise.
Nesse mesmo ano centenas de vidas foram ceifadas na
tragédia de Congonhas com um Airbus da TAM (tragédia a que o “Movimento Pro Novo
Aeroporto - Congonhas em Ribeirão Não!” se recusa chamar de acidente), somado-se a
outros incidentes mais ou menos graves e ao caos aéreo impossível de esconder
da opinião pública, ficou clara a fragilidade do sistema aeroportuário
nacional.
E foi criada uma CPI que no final não chegou a
lugar nenhum, mas teve o mérito de chamar a atenção nacional para o Leite
Lopes, quando o ex-presidente da Infraero denunciou certos interesses de
pessoas ligadas à ANAC e à empresa vencedora da licitação do terminal de cargas
do Leite Lopes, a TEAD, citando cifras da ordem de 400 milhões de Reais ao ano.
Posteriormente o denunciante voltou atrás com sua denúncia. O Movimento já
tinha tido a informação que o lucro seria da ordem de 100 milhões de Reais ao
ano.
Segundo uma reportagem publicada pela Folha de S.
Paulo (07/7/2007):
Internacionalização
do aeroporto de Ribeirão Preto será investigada CPI
Doações
Esse não é o primeiro escândalo envolvendo
um dos proprietários da Tead,
Carlos Ernesto de Campos. Em 1999, a construtora CEC e a Target, do grupo CEC
(iniciais do nome do empresário), foram acusadas de participar de uma
negociação irregular envolvendo um empréstimo de R$ 2,6 milhões do Banestes
(Banco do Estado do Espírito Santo), que teria sido utilizado para honrar
dívidas da campanha do então governador José Ignácio Ferreira (PSDB).
O processo tramita na 1ª
Vara Criminal da Justiça Federal do ES.
No Espírito Santo, a Target Trade, empresa do grupo CEC, fez doações ao senador
Renato Casagrande (PSB), nas eleições de 2002 -R$ 20 mil- e 2006 -R$ 50 mil.
Casagrande é da base aliada do governo. O deputado estadual Josias Mario da
Vitória (PDT-ES) recebeu R$ 1.000 da empresa em 2006.
A Unitec, empresa do
grupo, doou R$ 31,2 mil no ano passado a José Aristodemo Pinotti (DEM-SP),
eleito deputado federal e atual secretário de Ensino Superior do governo de
José Serra (PSDB). Rosângela Lurbe (DEM-SP) recebeu R$ 30 mil da Unitec para
sua campanha fracassada a deputada estadual.
Campos doou, no ano
passado, R$ 2.000 para a campanha do deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP).
Em 2004, doou R$ 5.000 para a campanha do vereador paulistano Antônio Donato
(PT), ligado a Zarattini.
A privatização do terminal
internacional alfandegário do aeroporto de Ribeirão, administrado pelo Daesp
(Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), foi a primeira do país -os
outros são de responsabilidade da Infraero. O contrato determina um
investimento da Tead de R$ 15 milhões, que em troca tem o direito de operar o
terminal por 15 anos, renováveis por mais 15.
Até este momento, quatro fatos chamam a nossa
atenção:
PRIMEIRO: Nenhum dos interessados na ampliação do Leite
Lopes para atender às necessidades de uma empresa privada interessada em
explorar um terminal de cargas é de Ribeirão Preto. São interesses exógenos aos
interesses locais. Pode-se concluir que as entidades locais que insistem no
Leite Lopes não passam de simples coadjuvantes sem importância maior;
SEGUNDO: O
governo do Estado de S. Paulo, através do DAESP, e o governo municipal
manifestam claramente a intenção de disponibilizar recursos financeiros para
preparar o Leite Lopes para depois entregá-lo à exploração privada por 15 anos
prorrogáveis por mais 15 sem que se saiba exatamente quais as contrapartidas
para a cidade, a menos de vantagens difusas de geração de empregos (certa
entidade empresarial chegou a garantir 10.000 empregos!), cursos
profissionalizantes e outras vantagens mal definidas, incluindo uma utópica
supervalorização dos imóveis do entorno ao aeroporto.
TERCEIRO: Sabendo-se que na ideologia fundamentalista do
neo-liberalismo, um dos seus objetivos está
na privatização (qualquer que seja a sua denominação jurídica) dos serviços
públicos lucrativos, após o seu prévio saneamento[3],
e que um de seus braços políticos é a social-democracia, é interessante
verificar que durante todo o processo os governos estadual e municipal são
exatamente sociais democratas, comprovando que o poder político está sempre
atrelado e a serviço dos interesses econômicos.
QUARTO: Os reais interesses envolvidos na insistência da
ampliação do aeroporto, que são econômicos e imediatistas, para garantirem a
validade da licitação (com prazo vencido ou a vencer) e exógenos a Ribeirão
Preto, são maquiados como desenvolvimentistas e de alto interesse coletivo e
sempre usados por Prefeitos e coligados de uma forma demagógica, sobretudo perto
das épocas de campanhas eleitorais, como
ocorreu para a campanha de 2008 com o tal “Decola Ribeirão” e atualmente quando
assistimos às teatrais “brigas por Ribeirão” desenvolvidas pela atual
administração municipal.
Peço
então a ajuda de vocês que estão bem inseridos nesta batalha (ou guerra) que
vencerenos se Deus permitir.
Rubinho
(Rubens Chioratto Junior).
Venceremos sim, porque a nossa luta é justa e o
numero de combatentes aumenta a cada dia quando conseguimos desmascarar a
hipocrisia que existe na insistência dos SLLQC na ampliação do Leite Lopes.
O
nosso lema de que Povo esclarecido jamais será iludido
já é uma realidade crescente.
Grupo Gestor
[1]
Além de medíocre, a ampliação do Leite Lopes pode inviabilizar a construção do
aeroporto que Ribeirão Preto e região necessitam. O empreendimento permanece
lucrativo para a empresa, mas a região ganha uma trava ao seu desenvolvimento.
[2]
TDA (Trade Developement Agency) É uma Agência do governo dos USA que tem por objetivo
detectar em todo o planeta oportunidades de negócios que gerem emprego e renda
para os seus cidadãos.
[3] No
nosso caso, o saneamento do Leite Lopes consistiria no poder publico – estadual
e municipal – absorver os custos dos Estudos Ambientais, das desapropriações e
do remanejamento dos equipamentos públicos, da construção da pista e do
terminal de passageiros entre outros.
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