segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sim, dois aeroportos, porque não?

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Editorial do Movimento – Análise de
artigo publicado na imprensa
  
O Movimento Pró Novo Aeroporto Regional de Ribeirão Preto tem como uma de suas políticas analisar artigos e notícias sobre o aeroporto e fazer os seus comentários. Esta atitude é necessária para forçar a polêmica e a discussão madura do tema, já que os defensores do Só o Leite Lopes a Qualquer Custo não se interessam pelo diálogo e análise dos diferentes aspectos do aeroporto que é um dos vetores de desenvolvimento da região. Vamos analisar um texto bastante conciliador, publicado no Jornal A Cidade, de 20/03/2011:

Um desses problemas, por certo, é o acanhamento do aeroporto Leite Lopes, aliada à falta de perspectivas concretas de ser construído do dia para a noite um outro complexo aeroportuário.

Um ponto é positivo, quando se reconhece que o Leite Lopes é acanhado. É correto. No Leite Lopes não é possível fazer nada de útil e muito menos de útil para Ribeirão e região, pela simples razão que não cabe. A análise do estudo de sua ampliação foi decisiva na demonstração técnica da sua impossibilidade. O resultado não foi baseado em conceitos filosóficos nem ideológicos. A realidade técnica e científica destruiu a utopia da ampliação.

Também é verdade que não se constrói um aeroporto do dia para a noite. Demora em torno de três anos. Se a análise de engenharia em 2007 determinou que não era possível, de forma objetiva, ampliar o Leite Lopes, o bom senso nos indica que a partir desse instante se deveria ter começado a pensar e a agir na direção da construção de um aeroporto novo. De 2007 a 2011 já se passaram quase cinco anos, tempo mais que suficiente para construir um outro complexo aeroportuário.

Não foi feito porque o bom senso ficou perdido nas elucubrações ideológicas e do dia para a noite perdemos a oportunidade de dispormos de um complexo aeroportuário adequado para atender a região, porque um grupo decidiu, à revelia da lógica, da técnica e do interesse público, que o aeroporto de Ribeirão tinha que ser o Leite Lopes, a Qualquer Custo, contrapondo-se aos conceitos da engenharia, que são baseados nas leis naturais, irrevogáveis e não sujeitas a ações rescisórias.

Duas correntes se digladiam: uma quer o fim do Leite Lopes; outra que ele permaneça onde está, embora não como está, acanhado e ineficaz, despreparado para servir de alavanca do nosso desenvolvimento. Perder tudo que se investiu no Leite Lopes?

O texto já reconhece que existem duas correntes sobre o tema aeroporto. Peca apenas quando afirma que uma delas – presumivelmente o Movimento Pro Novo Aeroporto – quer o fim do Leite Lopes e aí o questionamento: perder todo o investimento já feito nessa estrutura? Não corresponde à verdade. Quando o Movimento se manifesta contra a ampliação do Leite Lopes e exige a construção de um novo, em nenhum momento sequer sugeriu a destruição do Leite Lopes, mas sim que ele seja aproveitado para algo de mais útil do que um elefante branco para cidade e um trambolho para a vizinhança.

A proposta do Movimento consiste que, após se construir o novo aeroporto, o Leite Lopes passe a ser um centro aviônico, com cursos de nível superior de pilotagem de aviões e helicópteros, de preparo de mecânicos de aeronaves e, eventualmente até uma escola de controladores de vôo. Paralelamente a essas atividades, a montagem de oficinas de aeronaves, onde essa mão de obra, bem formada e altamente qualificada, possa servir de ponto de referência pela geração de empregos de qualidade e renda. Para isso temos universidades e centros acadêmicos, uma escola técnica e um SENAI, todos de excelência. Talvez em breve até uma FATEC. Afinal de contas Ribeirão Preto não é apenas um centro de comércio e de prestação de serviços. É também um centro universitário e, talvez, algum dia, um centro cultural.

Com essa atividade, muda a qualificação da pista e ocorre o recuo da curva de ruído, em razão pela qual esse novo centro aeronáutico não irá perturbar a vizinhança nem incorrer em risco aeronáutico. Ninguém precisará de ser expulso de sua casa e de suas raízes para privilegiar a implantação de um empreendimento privado. É importante ressaltar que esta proposta já foi sugerida pelo Conselho Municipal de Urbanismo (COMUR) em 1999/2000. É uma idéia muito bem amadurecida.

Penso que se poderia construir um acordo em que se permitisse a readequação do Leite Lopes, com um pequeno aumento da pista, de modo a possibilitar o funcionamento, logo e pelos próximos cinco ou sete anos, do complexo atual, acrescido do terminal de cargas.

Esta proposta, aparentemente conciliadora, impede a construção do novo aeroporto e a operação segura do Leite Lopes. Para que haja a ampliação da pista, é exigido um Estudo de Impacto Ambiental e, como o aumento da pista serve para a operação de aeronaves mais potentes (estamos falando de equipamentos cargueiros) vai ocorrer a alteração da curva de ruído e somente após a sua validação o Leite Lopes seria homologado para a operação cargueira. Devemos ainda ressaltar que essas aeronaves, a plena carga, requerem pista muito maior do que o puxadinho de 300 metros pretendido. Portanto, só poderão operar aeronaves a meia carga, portanto com frete em dobro. Quem vai usar um terminal de cargas que vai cobrar o dobro dos outros?

E, se não foi possível homologar o estudo de 2007, por razões técnicas porque razão um estudo novo iria superar essa inviabilidade técnica? Em lugar de avançarmos, estaremos andando para trás. Estaremos voltando a 2007, onde o estudo técnico é analisado, discutido e derrubado, após uma audiência pública, sem falar da necessidade de refazimento de nova curva de ruído. Por outro lado, supondo que nessa ampliação sugerida seja instalado o terminal de cargas, quando se construir o novo aeroporto, como ficará esse terminal? Permaneceria no Leite Lopes ou seria transferido para o novo aeroporto? A empresa estaria obrigada a fazer essa transferência cujo custo seria em torno de 16 milhões de reais? E se não fosse, ficaríamos com dois aeroportos internacionais de carga e passageiros?

A sensatez nos sinaliza que devemos parar de discutir o Leite Lopes – até a CEE da Câmara Municipal já chegou nessa conclusão - e passarmos a fazer força, todos, na direção do novo aeroporto. Se forem suspensas todas essas manobras que visam ampliar o Leite Lopes certamente que Ribeirão Preto voltará a ser respeitado e os governos federal e estadual e suas autarquias passarão a dar mais atenção ao problema liberando as verbas necessárias.

Ainda dá tempo até para a Copa, já que verba não falta. Falta projeto e vontade de fazer. Se todos juntos exigirmos a construção de um novo aeroporto, essa obra, com certeza, sairá junto com o terminal de cargas internacional. Não vai demorar dez anos para ser construído nem custará um bilhão de reais, como já andaram falando por aí. Demorará até três anos e sairá por um custo em torno de 120 milhões, quase o valor do atual déficit público do município.

O terminal de cargas pode esperar. Ribeirão não pode mais. Por isso

LEITE LOPES FICA COMO ESTÁ e NOVO AEROPORTO JÁ!

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