No passado dia
26/02/2012 o jornal Gazeta de Ribeirão lamentava-se no seu Editorial:
O quanto já perdemos?
É impossível quantificar os prejuízos causados
pelo atraso histórico na construção do terminal internacional de cargas do
Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão. A indústria local acabou se habituando à
ausência da possibilidade do transporte aéreo para receber insumos e escoar sua
produção. Atualmente, contenta-se em fazer o transporte, para o mercado
interno, pelo que cabe no compartimento dos aviões de empresas que atuam no
Leite Lopes e trabalham com logística.
Dá para ter uma leve ideia da vontade do
mercado local em trabalhar com o transporte aéreo pelo aumento no volume de
cargas transportadas no Leite Lopes no último ano. A alta foi de 49%, segundo o
Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp), que administra o
terminal, conforme mostra reportagem na página 10 da edição de hoje da Gazeta.
Foram 889 toneladas em 2011, contra 596 em 2010.
Sem poder exportar diretamente pelo ar, as
empresas da região acabam usando a malha rodoviária, ferroviária ou mesmo os
aviões do Leite Lopes, com conexões, o que encarece o processo. É lamentável
imaginar a quantidade de oportunidades em negócios que a região perdeu com a
ausência do terminal internacional de cargas, que ao longo dos anos foi fruto
de disputas políticas e judiciais, e que finalmente teve suas obras iniciadas
recentemente. A conclusão para seu término é de oito meses.
Aí, então, será possível dizer se o terminal
era devaneio de autoridades interessadas em capital político ou se é um
empreendimento que surge da demanda de um setor sufocado pela falta de mais
alternativas logísticas. Fato é que a região de Ribeirão Preto é desenvolvida e
tem uma economia forte e diversificada, que necessita de opções e não pode mais
sofrer com a falta de visão e investi mentos no transporte aéreo.
O editorial aqui em análise pode ser reduzido
sinoticamente aos seguintes conceitos:
Ribeirão Preto necessita de um aeroporto de
cargas. É uma verdade com a
qual ninguém discute. Como a região funciona como uma área metropolitana, é
claro que necessita de um aeroporto de cargas mas apenas para cargas de alto
valor agregado, não se aplicando para açúcar, etanol, maquinas pesadas e outros
produtos que são exportados pela região via marítima ou terrestre. É necessário
deixar isso muito claro para os leitores, para que não sejam levados na onda de
um progresso fictício.
O Brasil é um país continental. Imaginar o
transporte de materiais de ponta e altamente perecíveis através dos solavancos
das nossas rodovias, mesmo que fossem as melhores do mundo, seria viajar na
maionese, como se costuma dizer. Logo, o transporte preferencial para esse tipo
de produtos e insumos deve ser o aéreo e para isso é necessário um aeroporto
com pista cargueira adequada e compatível instalada dentro de um aeroporto
seguro.
Que esse aeroporto seja de cargas
internacionais. Como o mundo é
pequeno, as razões para justificarem a existência de um aeroporto de cargas
internacionais para atenderem á região metropolitana de Ribeirão são as mesmas
acima descritas.
O aumento de cargas aéreas transportadas no
Leite Lopes é perfeitamente
justificável e previsível na medida em que o Brasil está crescendo e, portanto,
consome mais, acrescentando-se que certos setores econômicos perceberam a
vantagem de uso do sistema aeroviário em lugar do rodoviário.
Se estamos de acordo nestes itens, onde
estará, então a nossa divergência, divergência essa nunca citada nas reportagens e editoriais?
A divergência é baseada em fatos reais e na
engenharia porque de tudo o que se concorda, só se discorda no local da
ocorrência. Não pode acontecer no Leite Lopes, mesmo que seja ampliado. Essa é
a questão que não depende de desejos quiméricos, quereres, birras ou
filosofias.
Tudo o que se afirma só e somente poderá
ocorrer numa pista cargueira com comprimento adequado, com áreas de escape
adequadas e uma série de outras exigências técnicas. Também não pode acorrer no
Leite Lopes por razões de segurança às populações e na defesa sócio-ambiental
das populações do entorno e das áreas de aproximação.
Na verdade, se as exigências técnicas não são
suficientes para vencerem os interesses pequenos de um negocinho de um Terminal
de Cargas (que também pode operar num aeroporto novo e adequado), muito menos o
interesse pelo bem estar das populações poderá superar esses interesses. Para
os negócios, pessoas são passageiras, principalmente quando são pobres e
aparentemente desvalidas.
Em razão dessas
divergências, o Editorial, prossegue:
É lamentável imaginar a
quantidade de oportunidades em negócios que a região perdeu com a ausência do
terminal internacional de cargas, que ao longo dos anos foi fruto de disputas
políticas e judiciais, [...]Aí, então, será possível dizer se o terminal era
devaneio de autoridades interessadas em capital político[...]
Se Ribeirão Preto exigiu a construção de um
aeroporto novo em 1995, se em 1997 e depois em 2007 “estudos” para a ampliação
do Leite Lopes foram derrubados tecnicamente, como podemos insistir na falácia
de disputas judiciais?
Disputas políticas sim, mas exclusivamente por
parte de administradores públicos de pouca consistência administrativa que
tentaram e ainda tentam se promover às custas do desenvolvimento de Ribeirão e
Região insistindo em castelos nas nuvens.
Por isso, o crédito da quantidade enorme de
perdas de oportunidades de negócios só pode ser atribuído aos devaneios de quem
defende, sistêmica e sistematicamente, a ampliação do Leite Lopes, que
denominamos de SLLQC[ii].
[...] a região de Ribeirão
Preto é desenvolvida e tem uma economia forte e diversificada, que necessita de
opções e não pode mais sofrer com a falta de visão e investi mentos no
transporte aéreo.
Concordamos absolutamente com esta afirmação.
É exatamente por isso que exigimos a construção de um aeroporto novo porque
somente assim teremos uma opção válida para apoio logístico a uma região
desenvolvida com uma economia forte e diversificada.
E afirmamos tudo isso
desde 1995. Vai tempo.
Conclui-se então que o nó górdio que atrapalha
a existência desse aeroporto decente, adequado e seguro, são os setores que
insistem na ampliação de um aeródromo incapaz de se tornar num aeroporto
regional e muito menos um aeroporto internacional.
Em 2012 não vote em político de 3ª linha: vote em estadista
Congonhas em Ribeirão Não!
O Leite Lopes fica como está.
Novo aeroporto em nova área já!
[i] Aporéticos: conflitos entre
opiniões contrárias e igualmente concludentes, em resposta a uma mesma questão
[ii] SLLQC É o grupo de pessoas e
de entidades que insistem em não deixar construir um aeroporto novo para
Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes serve
Nenhum comentário:
Postar um comentário