segunda-feira, 26 de março de 2012

Aeroporto Leite Lopes e momento político


Mauro de Castro Freitas – arquiteto

  
            Cidade candidata a sede de futura metrópole regional, Ribeirão Preto reúne em seu raio de influência dezenas de municípios que desejam compartilhar de um desenvolvimento sustentável, amparado na solidariedade de interesses públicos.

            À parte das disputas eleitorais, processo normal de um regime democrático, vários segmentos da sociedade civil, o chamado quarto poder, têm se articulado no exercício da cidadania buscando na democracia participativa encaminhamentos para as questões urbanas.

            O espaço urbano, palco de vivência das relações sociais das questões de moradia, trabalho, transporte, saúde, educação, lazer, cultura e esporte, atividades que plenamente atendidas dignificam o ser humano, quando pressionado por oligarquias para atenderem seus objetivos econômicos, provoca uma tensão em seu tecido social gerando violências urbanas de toda sorte.

            Um dos  exemplos mais repercutidos no presente momento, é a questão do chamado “aeroporto internacional” de Ribeirão Preto.
           
            O tema está em pauta por mais de seis décadas, desde que em 1945, o engenheiro civil e geógrafo José de Oliveira Reis, então diretor do Departamento de Urbanismo da cidade do Rio  de Janeiro, foi contratado para elaborar o primeiro Plano Diretor de Ribeirão Preto.
           
            A região norte da cidade, onde se encontra o atual aeroporto Leite Lopes, é o mesmo sítio de então.  Os loteamentos como Vila Elisa já existiam em seu entorno e outros surgiram posteriormente como Salgado Filho, Jardim Aeroporto, e os conjuntos habitacionais Quintino Facci I , Avelino Alves Palma, e o Parque Industrial Quito Junqueira.

            Na década de setenta, a Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, através da Escola de Engenharia, departamento de transportes, efetuou um amplo estudo para possíveis locais para instalação de um aeroporto em Ribeirão Preto, com viabilidade técnica e econômica.

            Em 1995, o Plano Diretor da cidade, colocou como diretriz que área fora do perímetro urbano fosse indicada para que um novo aeroporto se instalasse de modo a trazer segurança e não causar incômodos aos bairros de seu entorno.

            Os estudos técnicos já efetuados mofaram nas gavetas das administrações, e hoje a polêmica ressurge com a insistência em se manter o aeroporto Leite Lopes promovido a categoria de “internacional”.

            Caso a política casuísta não tivesse prevalecido e decisões políticas consensuais tivessem sido acordadas no passado, não deixando o problema atingir as proporções atuais, certamente hoje já teríamos o decantado aeroporto internacional instalado em outra área e atendendo todos os requisitos de segurança, acesso, operacionalidade e economicidade.
                       
            O que é difícil de aceitar é a insistência em querer transformar o atual Leite Lopes, uma estrutura inconveniente, em algo maquiado marqueteiramente para atender objetivos corporativos específicos e eleitoreiros em detrimento do desenvolvimento de uma cidade e de uma região metropolitana.

            Pensamos que seja o momento para que os postulantes  a cargo  de futuros gestores do município abram bem olhos e  ouvidos para todos os setores da sociedade civil envolvidos na questão do aeroporto, para que o assunto tenha um compromisso com a cidade e região, independentemente das questões políticas divergentes . 

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