Mauro de Castro Freitas –
arquiteto
Cidade
candidata a sede de futura metrópole regional, Ribeirão Preto reúne em seu raio
de influência dezenas de municípios que desejam compartilhar de um
desenvolvimento sustentável, amparado na solidariedade de interesses públicos.
À
parte das disputas eleitorais, processo normal de um regime democrático, vários
segmentos da sociedade civil, o chamado quarto poder, têm se articulado no
exercício da cidadania buscando na democracia participativa encaminhamentos
para as questões urbanas.
O
espaço urbano, palco de vivência das relações sociais das questões de moradia,
trabalho, transporte, saúde, educação, lazer, cultura e esporte, atividades que
plenamente atendidas dignificam o ser humano, quando pressionado por oligarquias
para atenderem seus objetivos econômicos, provoca uma tensão em seu tecido
social gerando violências urbanas de toda sorte.
Um
dos exemplos mais repercutidos no
presente momento, é a questão do chamado “aeroporto internacional” de Ribeirão
Preto.
O
tema está em pauta por mais de seis décadas, desde que em 1945, o engenheiro civil
e geógrafo José de Oliveira Reis, então diretor do Departamento de Urbanismo da
cidade do Rio de Janeiro, foi contratado
para elaborar o primeiro Plano Diretor de Ribeirão Preto.
A
região norte da cidade, onde se encontra o atual aeroporto Leite Lopes, é o
mesmo sítio de então. Os loteamentos
como Vila Elisa já existiam em seu entorno e outros surgiram posteriormente
como Salgado Filho, Jardim Aeroporto, e os
conjuntos habitacionais Quintino Facci I , Avelino Alves Palma, e o Parque
Industrial Quito Junqueira.
Na
década de setenta, a Universidade de São Paulo, campus de São Carlos, através
da Escola de Engenharia, departamento de transportes, efetuou um amplo estudo
para possíveis locais para instalação de um aeroporto em Ribeirão Preto , com
viabilidade técnica e econômica.
Em
1995, o Plano Diretor da cidade, colocou como diretriz que área fora do
perímetro urbano fosse indicada para que um novo aeroporto se instalasse de
modo a trazer segurança e não causar incômodos aos bairros de seu entorno.
Os
estudos técnicos já efetuados mofaram nas gavetas das administrações, e hoje a
polêmica ressurge com a insistência em se manter o aeroporto Leite Lopes
promovido a categoria de “internacional”.
Caso
a política casuísta não tivesse
prevalecido e decisões políticas consensuais tivessem sido acordadas no passado,
não deixando o problema atingir as proporções atuais, certamente hoje já
teríamos o decantado aeroporto internacional instalado em outra área e
atendendo todos os requisitos de segurança, acesso, operacionalidade e
economicidade.
O
que é difícil de aceitar é a insistência em querer transformar o atual Leite
Lopes, uma estrutura inconveniente, em algo maquiado marqueteiramente para
atender objetivos corporativos específicos
e eleitoreiros em detrimento do desenvolvimento de uma cidade e de uma região
metropolitana.
Pensamos
que seja o momento para que os postulantes a cargo de futuros gestores do município abram bem olhos e ouvidos para todos os setores da sociedade
civil envolvidos na questão do aeroporto, para que o assunto tenha um
compromisso com a cidade e região, independentemente das questões políticas
divergentes .
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