sábado, 2 de julho de 2011

O LEITE LOPES E OS URUBUS

Para o marketing político, planejar a cidade é palavrão.


O Editorial do Jornal A Cidade  do dia 30/06/2011 (ao lado) traduz uma angustia muito séria: Lixões e urubus não devem jamais rondar os aeroportos. Porquê? Porque fica feio e sujo e representa o cartão de visitas da cidade aos seus visitantes que viajam de avião e, além disso, coloca-os em situação de risco quanto à segurança.
O Leite Lopes, só por si, já é um risco à segurança pela sua localização dentro de um bairro densamente povoado. O risco que esses aviões impõem às populações moradoras não é do interesse  dos usuários desse meio de transporte. O Forum Social de Ribeirão Preto deixou muito claro que existem muralhas nesta cidade. O entorno do Leite Lopes é um gheto que não comove os moradores do outro lado da muralha.
Mas lixões e urubus existem por toda a cidade. Porquê então essa preocupação apenas com o que está no entorno do Leite Lopes? Lixões são atentatórios à segurança de toda a população  no que se  refere à Saúde Pública, às Estéticas visual e olfativa, em resumo, à Qualidade de Vida. E também ao prestígio da cidade: centro metropolitano de porte econômico relevante, centro universitário e médico de vanguarda, não passa de um chiqueiro, porque está inteirinha rodeada de lixões e montes de entulhos e, é claro, com os seus convidados comensais, os urubus de penas. Por coincidência isso só acontece nas periferias, nunca nos chamados bairros nobres. Será por acaso, é por desleixo mesmo ou constitui política pública?

O terreno onde está localizado esse lixão preocupante aos viajantes aéreos não tem calçada, talvez em razão da instabilidade da situação fundiária local, e a rua, segunda mais importante no bairro, nem mesmo tem iluminação pública. Se vai desapropriar para alargar o aeroporto, para quê gastar dinheiro com essas coisas? E como a rua não tem iluminação e a cidade não tem Plano para a destinação adequada dos resíduos sólidos, o terreno vira restaurante para urubu de penas.

O problema é que esse terreno já existia muito antes da tal idéia asinina da  ampliação do Leite Lopes (2007) e a lei que obriga a fazer calçadas é de 1985. A partir de  2002 a prefeitura estabeleceu a cobrança da taxa de custeio de iluminação pública nas contas da CPFL para poder fazer a iluminação publica onde necessário mas lá não o fez, mesmo tendo verba e a obrigação de fazê-lo. Mas não é só lá que isso acontece.

Na Av. Thomas Albert Watelly também não tem calçadas e a área é pública. Não tem ciclovia e deveria ter. E porque é pública deveria dar o exemplo, mas não dá. E gente morre atropelada principalmente à noite, porque essas vias  não são iluminadas por  exigência do DAESP que alega que  as luzes podem confundir os pilotos com as luzes de pista. A prefeitura fica omissa e se finge de morta.   Isso não é preocupante para os viajantes aéreos. Lixão perto da pista, sim.

Mas também podemos analisar a questão sob outro prisma. A prefeitura elabora um projeto de ampliação para o Leite Lopes e exige que ele seja adotado pelo Governo do Estado. É organizado por um quadro técnico não habilitado nem capacitado  em aeroportos e faz um projeto que não pode ser implantado sob os critérios de engenharia aeroportuária. Viajam de helicóptero e apontam o dedinho lá para baixo e dizem: Ali é um bom lugar para fazer um aeroporto novo! Não sabem do que estão falando mas o fazem inchando o peito com a empáfia do autoritarismo e se intrometem nos assuntos que não lhes dizem respeito. Puro marketing político, um verdadeiro faz de conta de eficiência em resolver problemas da cidade.

No entanto, no campo de sua obrigação de fazer já não são tão prolíficos em projetos e nem mesmo um mínimo de eficiência emerge. O lixo que é descartado em todo o município (e não apenas na área urbana) constitui aquilo que tecnicamente se chama de resíduos sólidos urbanos. Tem legislação para isso e deveria existir no Município um Plano de destinação desses resíduos, que incluiria também a Coleta Seletiva e os entulhos (pomposamente chamados de Resíduos da Construção Civil).

Mas o Município não tem projeto nenhum e Plano Municipal em Ribeirão Preto é palavrão administrativo. As elites locais têm aversão à Eficiência (cobrança dos grandes devedores de impostos e taxas, são bons exemplos), Controle Tecnológico (o asfalto é outro bom exemplo) e a qualquer atitude de Planejamento a longo prazo que se estenda além do mandato.

 E por isso cria urubus com penas.  Por toda a periferia da cidade. Parabéns à Prefeitura, porque esses bichinhos estão sendo muito bem tratados e estão tão bem alimentados que até fazem competição de vôo com aviões.

Colocar o Leite Lopes em sitio adequado e onde se possa operar com tranquilidade (e sem lixões e seus comensais) e garantindo a sustentabilidade de futuras ampliações para atender ás demandas que certamente ocorrerão na região metropolitana de Ribeirão Preto no futuro próximo, isso já é pedir muito a essas pretensas auto-denominadas elites. E preocupante é a constatação de que  setores técnicos que deveriam exigir isso, sugerem o sigilo, porque ficam ressabiados com o “vazamento” da informação de que existem urubus com penas no entorno do Leite Lopes, quando garantiram no Estudo da Ampliação do aeroporto (o tal EIA-RIMA) que não existiam urubus, nem nevoeiros.

A propósito, conforme foi amplamente divulgado por reportagem da TV Record, existe um outro lixão, lá mesmo, dentro do aeroporto, com restos descartados das empresas que lá estão instaladas. Desses o DAESP nem fala e também nunca se preocupou. Além é claro da inexistência de rede de esgotos,  já que o aeroporto usa fossas, que de vez em quando extravasam...

Como já disse o filósofo Bill Gates: “Antes de querer modificar o mundo, arrume o seu quarto.”

A mesma idéia nós exigimos da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto: em lugar de brincar de fazer projetos aeroportuários, faça a sua obrigação de casa elaborando  projetos para eliminar os lixões definindo ações efetivas de coleta de lixo urbano com a necessária coleta seletiva e a destinação adequada dos entulhos, providenciar uma saúde pública séria, promover a educação cidadã, um desfavelamento bem planejado, consistente e mais humano, através de um plano de moradia popular,  eliminar a poluição sonora dos comerciantes e dos eventos e resolver tantas outras mazelas que geram as grandes muralhas desta cidade e que precisam ser derrubadas com urgência.

Dessa forma reduziremos os urubus de penas e afastaremos os urubus sem penas (e sem pena dos mais humildes),  que empesteiam Ribeirão Preto.

Por isso é que em 2012:
não vote em político de 3ª linha: vote em estadista

E mantemos a nossa posição firme:

O LEITE LOPES FICA COMO ESTÁ e o NOVO AEROPORTO JÁ!



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