domingo, 14 de agosto de 2011

O Puxadão do Leite Lopes como tragédia anunciada em Ribeirão Preto (= Novo Congonhas)


Breve Introdução
A maioria dos usuários do transporte aéreo sabe que esse é o meio de transporte mais seguro que existe, mas isso se refere apenas às aeronaves. O que eles não sabem é que a insegurança está nos aeroportos, não só no Brasil, mas em todo o planeta. Muitos apresentam imperfeições na concepção que só agora estão a notar-se em razão da potência das novas aeronaves e das exigências de segurança ao risco aeroportuário e à qualidade de vida, no que se refere ao ruído e emissões de particulados e da saturação do próprio sistema viário e falta de mobilidade.
Aeroportos pequenos que foram construídos há 50 anos, para atender às operações de aeronaves pequenas e projetados  para atender um mercado de passageiros restrito às elites e encravados em meios urbanizados ocupados por populações de baixa renda, com pequena capacidade sócio-cultural para  impedir eventuais desapropriações a baixo custo para a ampliação dos sítios aeroportuários.
Aeronaves do sec. 21 não podem mais operar nesses aeroportos projetados e construídos segundo conceitos tacanhos onde o improviso foi a principal tecnologia que orientou as ampliações (puxadinhos), gerando o caos aéreo que o Brasil hoje  tenta superar, sem o conseguir. O fenômeno não é exclusivo do Brasil.
A este respeito o Canal da História (Canal  TV de Portugal) produziu em 28/10/2010, um documentário de 02 horas  de duração sob o título Aeroportos no Limite.
Seguindo este modelo de 50 anos atrás, interesses econômicos e políticos sem nenhuma preocupação com os novos critérios de projeto de aeroportos nem com os interesses das populações do entorno e dos interesses regionais, apoiados por alguns segmentos da sociedade local,  insistem em romper a decisão judicial que impede qualquer ampliação (puxadinho) na pista do Leite Lopes alegando a defesa de um  “propalado“ interesse público.
E Ribeirão Preto ganharia o quê? Um verdadeiro presente de grego: implantar um novo Congonhas, promovendo o Leite Lopes a um Congonhas Caipira.
Para convencer a população de que o puxadinho do Leite Lopes é um empreendimento extraordinário, escondem da população os seguintes problemas:

01Faixa de aproximação e afastamento das aeronaves está em área densamente habitada com obstáculos naturais
80% dos acidentes aéreos – risco aeronáutico - ocorrem durante o pouso ou a decolagem, conforme informação do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), por causa das variações de potência, velocidade e altitude. Essas variações exigem atenção do piloto e um número maior de respostas da aeronave.
Os cones de aproximação do Leite Lopes ampliado também será ampliado para áreas novas, hoje a salvo, compreendendo a Ribeirânea, Lagoinha e adjacências de um lado e Simioni e adjacências do outro, com uma população estimada em 100.000 pessoas a serem afetadas, não apenas pelo risco aeronáutico mas também pelo ruído, principalmente à noite já que a proposta é uma pista cargueira.
O acidente do Fokker 100 da TAM ocorreu em um dos momentos mais críticos do vôo: a decolagem.
As regras da OACI (organização Internacional da Aviação Civil) determinam que todos os aeroportos que operarem por regras de vôo por instrumentos devem estar livres de obstáculos que interferem na fase de vôo da aeronave.
O Morro situado próximo ao Campus da Universidade Moura Lacerda é denominado Morro da Vitória e constitui-se um obstáculo natural.
Em entrevista a Rede Record (27/7/11) especialista alerta a este respeito:

02 – Contraria Normas Internacionais
Para engenheiro da USP, obra no aeroporto Leite Lopes é “estupidez”. 
“Folha – O Sr é favorável à ampliação do Leite Lopes?
Romeu Corsini – Fico muito preocupado com o que esse aeroporto pode trazer para Ribeirão Preto. Eu, como professor de transporte aéreo da USP, não posso concordar. È uma estupidez muito grande. A Organização Internacional de Aviação Civil proíbe a ampliação em área de aproximação e afastamento de aeronaves. E seria necessário uma pista de 4000 metros para receber aviões de carga.
Folha de São – 23-10-2005

03 – Falta de áreas de escape  
Com o puxadinho do Leite Lopes, as faixas onde deveriam estar localizadas as áreas de escape, por falta de espaço físico suficiente, em caso de acidente (como no caso da tragédia do avião da TAM em Congonhas, em 2007) será, de um lado, bairros povoados e  de outro o Campus da Universidade Moura Lacerda.

04 - Operação de aeronaves cargueiras em pista pequena
Segundo os técnicos mesmo com uma pista de 2.500 metros ainda assim será insuficiente porque o mínimo para a cota de Ribeirão Preto é de 3.300 metros, preferencialmente uma pista com 3.900 metros, mais as áreas de escape. Avião cargueiro pousaria em pista menor que 3.300 metros ou até com menos, mas com menos carga e com redução da segurança.
Se aceitarmos isso, estaremos permitindo que o Leite Lopes se transforme no Congonhas Caipira, como ficou comprovado com a tragédia de Congonhas em 2007.

05 – Ruas e Avenidas vizinhas ao aeroporto a cerca de 100 metros da pista.
Muitas vezes os defensores da ampliação do Leite Lopes afirmam que não existe nenhum inconveniente na existência de aeroportos de grande porte em áreas urbanas densamente habitadas. E que existem muitos aeroportos nestas condições no mundo, como se esse fato fosse um aval técnico para a existência de aeroportos nessas condições. Congonhas é um deles e a população reclama. Santos Dumont é outro e a população também reclama.
Aeroportos de grande porte não podem estar situados em áreas urbanas e deverão estar devidamente protegidos para impedir invasões que podem colocar em risco a vida do invasor e a própria segurança da aeronave e seus passageiros.

E nas áreas urbanas existem crianças que  empinam pipas. E essas pipas podem ser levadas pelo vento para as rotas dos aviões, não apenas nas cabeceiras das pistas mas nas ruas a elas marginais, como a Av. Thomaz Albert Whatelly, a Av. Brasil ou a  R. Americana com vento de través que empurra a pipa para o lado da pista.

É evidente que uma pipa não vai derrubar um avião. Mas poderá causar sérios danos às crianças que a empinam. É uma das razões pelas quais  não se justificam aeroportos em áreas urbanas.

Sabiam que esse fato nem mesmo foi relatado no tal EIA-RIMA pomposo que o Movimento derrubou em 2007? Sabem porque é que não foi relatado? Porque seria um ponto a menos a favor do Leite Lopes ampliado e isso prejudicaria a justificativa do empreendimento.


06 - Risco Aviário
        Apesar de omitido no EIA RIMA de 2007 , a presença de urubus em área próxima a cabeceira de pista sentido Av Thomaz Alberto Whately, é constante e já gerou 06 acidentes com aeronaves nos últimos anos.
        Este risco ao aeroporto deveria ser de fácil solução mas não o é, pois está em área particular, sem função social , próxima à cabeceira e  apesar da atuação da Fiscalização Geral da Prefeitura e placas proibitivas, a falta de mureta , calçada e abandono estimula o depósito irregular de lixos e entulhos como atrativos para os urubus.

07 – Zoneamento de Ruídos já há 27 anos não é cumprido

O novo zoneamento de ruídos elaborado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), anunciado equivocadamente como justificativa para a requerida ampliação do aeroporto,  por questão de saúde pública, tem por função somente estabelecer o zoneamento de ruídos conforme definido no próprio nome, em áreas onde por força de lei estariam sujeitas a restrições ao uso do solo.

Alegam zelar pela qualidade de vida da população do entorno, através do novo zoneamento de ruídos   mas trata-se de  hipocrisia , pois  o zoneamento de ruídos atual está em vigor desde 1984 e  até os dias atuais, vergonhosamente ,  o poder público (Prefeitura e Governo do Estado)  são omissos e negligentes na sua aplicação.

        Alertamos:

Concordar com tudo isso é crime, e no caso de acidente mortal tratar-se-á de homicídio doloso. Não queremos um agente da morte  em nossa cidade mas sim um aeroporto novo, em local adequado para esse tipo de operação, que seja um empreendimento de fato, de alto padrão e não o que pretendem fazer no Leite Lopes.

Que os interesses econômicos ligados ao terminal de cargas internacional, possam tirar o lucro que pretendem, mas garantindo-se     a segurança às populações, às tripulações e aos passageiros. Só o lucro, sem ética social, não!

Importante sempre ressaltar que esse novo projeto de morte referente à  ampliação do Leite Lopes, o Puxadão, o Congonhas Caipira,  deve-se a três  interesses básicos:
1             Ao interesse de beneficiar uma empresa transportadora (Terminal de Cargas), como inicio da privatização dos aeroportos administrados pelo DAESP;
2             Maquiar o  Leite Lopes de um aeroporto que possa atender aos interesses privados de exploração econômica, às custas do erário publico, segundo uma política de estado do Governo estadual de privatização dos aeroportos administrados pelo DAESP;
3             Servir de base de marketing político para quem não tem nenhum programa político.

Por isso continuamos na luta, não queremos uma Associação de Vítimas de Acidentes Aéreos,  por isso
NÃO AO CONGONHAS CAIPIRA

O LEITE LOPES FICA COMO ESTÁ e um NOVO AEROPORTO JÁ!

Lutamos  também pela renovação política de Ribeirão Preto e região lembrando que em 2012 teremos uma ótima oportunidade de fazê-la.

E para evitar estas tragédias anunciadas e conseguirmos políticas públicas que tenham como objetivo melhorar a qualidade de vida das populações,

Não vote em político de 3ª  linha.  VOTE EM ESTADISTA!

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Histórico de acidentes e incidentes no Leite Lopes



1996 (junho) - queda de avião em Ribeirão deixa 2 mortos.

Um avião Learjet 25, prefixo PT-KBC, errou a manobra sobre a pista e bateu em uma camionete fora do aeroporto antes de cair. Morreram o tenente-coronel aviador José Raimundo Araújo e o motorista da camionete, Marcelo Magri Simões, 23. Mais dois passageiros do avião ficaram feridos. (Folha Ribeirão)

1999 (07 de abril) – queda de avião em Ribeirão deixa 05 mortos

 
  Lucio Piton/Folha Imagem
      

Policiais fazem isolamento em área com aeronave carbonizada no aeroporto Leite Lopes em Ribeirão
O acidente foi o segundo em três anos no aeroporto Leite Lopes envolvendo um Learjet e pilotos em teste de pouso. Assim como aconteceu ontem, o piloto deveria tocar a pista e levantar vôo em seguida. A manobra é considera arriscada.Depois do choque, o avião pegou fogo e se arrastou por cerca de 500 metros, invadindo o Jóquei Clube de Ribeirão, em frente à pista do Leite Lopes. – Folha Ribeirão.


2000 (26 de abril) - Laudo da Cetesb aponta problemas ambientais no Leite Lopes que podem frear privatização.

Promotoria pode vetar novo aeroporto


                                  Edson Silva/Folha Imagem                        
 Avião sobrevoa casas no Avelino Palma, nas proximidades da cabeceira da pista do aeroporto


ANGELO SASTRE da Folha Ribeirão

Um laudo técnico realizado pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) pode vetar os processos de ampliação, privatização e internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, de Ribeirão Preto.Com base no relatório, o Ministério Público instaurou ontem mais um inquérito civil para investigar possíveis danos ambientais provocados pelo excesso de ruídos dos aviões no aeroporto.


2002 - PF explode mala achada em avião por suspeita de conter bomba
Havia cheio de pólvora, afirmaram policiais
2003 - Pára-quedas não abre e militar cai em árvore
do Agora São Paulo  (26/05/2003 - 09h43)
2006  (24–11) - Batida de caminhão com avião cancela vôo da Gol em Ribeirão Preto

2006Ladrões levam cabos do aeroporto

 Cerca de 100 metros de cabos do sistema de iluminação da pista principal do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, foram furtados no final da tarde de ontem.Os cabos elétricos são utilizados para o balizamento das aeronaves, tanto nos pousos como nas decolagens. Logo após a comunicação do furto, técnicos chegaram ao local para tentar restabelecer a iluminação na pista.

2007 - Avião derrapa na pista

Os passageiros do vôo JJ 3275 da TAM, que partiria ontem às 18h43 de Ribeirão Preto com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, passaram por um susto no Leite Lopes. Quando já taxiava para iniciar os procedimentos de decolagem, o Air Bus A319 derrapou, saiu da pista e acabou atolando a roda dianteira no canteiro lateral da pista. A roda afundou cerca de 60 centímetros na terra.

2011 - Acidentes com urubus













































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