"bem, desde que seja por aqui né, porque não duvidem da possibilidade dele parar em Sertãozinho, Serrana ou Cravinhos"
Claudio de Souza Miranda
Professor do Departamento de Contabilidade da FEA-USP/RP
Doutorando em Contabilidade pela FEA-USP
Mestre em Engenharia de Produção - EESC-USP
Graduado em Contabilidade - FEA-USP/RP
É uma preocupação muito comum, mas a nossa pergunta é simples: essa preocupação é tributária? O interesse patrimonial do poder público não pode se sobrepor ao interesse público.
Aeroporto é uma instalação muito importante, não porque ela gere renda ou tributos, mas sim porque é um vetor de desenvolvimento. Um aeroporto que atenda a Ribeirão Preto e à macro região da qual é o centro deve ser capaz de atender às demandas atuais (fato que o Leite Lopes não está conseguindo mesmo para os passageiros de vôos regionais) e às futuras, tanto de cargas como de passageiros, para vôos regionais e internacionais.
As demandas futuras requerem espaço para ampliação das pistas (4.000 metros mais 2.500 para áreas de escape) e do número de pistas (duas, por exemplo), áreas para futuras ampliações de terminais de passageiros com pontes móveis (atualmente é feito por escadinhas ao sol ou à chuva ridicularizando a nossa cidade) e áreas disponíveis para futuras ampliações dos terminais de carga. Em suma, um aeroporto que atenda às necessidades da região e de Ribeirão Preto tem que ter área disponível, estar fora das áreas urbanas, tem que elaborar um plano diretor que discipline o uso do solo no seu entorno que seja incluso no plano diretor do município. Tem que ter, no mínimo, 1.500 hectares de área patrimonial. O Leite Lopes atual tem 170 hectares. Ampliado, em torno de 350 hectares.
Tem que ser um projeto arrojado e que mantenha longe todos os medíocres que sempre planejaram o nosso sistema aeroviário com base na tecnologia do puxadinho e da desapropriação, planejamento esse que resultou no atual caos aéreo provocado por pistas curtas para as modernas aeronaves e em número insuficiente, resultando aeroportos impossíveis de serem ampliados pelos altos custos ambientais, sociais, econômicos e de espaço físico disponível.
Para esse projeto, o Leite Lopes não serve porque não cabe fisicamente (nunca poderá ter uma pista cargueira de verdade) e a pretensa ampliação alcançará valores muito altos de indenização pelas desapropriações, além da poluição sonora e atmosférica para os que permanecerem, incluindo-se o risco aeronáutico, e obriga a uma revisão total dos sistemas viários do seu entorno, com uma reformulação urbanística danosa para o município. Mesmo assim nunca teremos um aeroporto adequado para acompanhar o futuro desenvolvimento socioeconômico regional.
No evento recente realizado pela Ribeirão Preto Convention & Visitors nos debates entre diversos técnicos, todos foram unânimes em que o Leite Lopes não tem condições de atender à demanda regional, nem hoje e muito menos no futuro. Só na segunda parte, quando políticos transvertidos de sábios, achando que o cargo lhes confere a onisciência, logo arrebentam o dique das asneiras e promovem a grande cruzada da ampliação do Leite Lopes. Quando existe uma cruzada, por tradição, logo surgem mártires padrão Joana d’Arc.
Estudar a localização e o projeto de implantação de um aeroporto requer estudos muito sérios de engenharia e multidisciplinares que não podem ficar à deriva de interesses econômicos pontuais ou a serviço de políticos pseudo-oniscientes. E muito menos de bairrismos.
O problema do aeroporto de Ribeirão Preto tem que ser tratado com muita seriedade. Além disso, é necessário que a grande mentira, travestida de verdade bíblica, de que demora dez anos para se construir um aeroporto novo, seja devidamente desmentida. Este é o argumento usado por quem não tem nenhum para justificar a ampliação do Leite Lopes em lugar de construir um novo, já. E o pior é que falam isso há quinze anos...
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