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Por Jorge de Azevedo Pires
13/03/2011
Tal como verdadeiras ondas de maremotos com variadas amplitudes separadas por intervalos de intrigante calmaria, eis que o assunto Leite Lopes volta à tona. Pelo menos desde que levei o assunto "Aeroporto Internacional para a Região", ao FÓRUM DA CIDADE – RELAÇÕES REGIONAIS, em sua primeira reunião, havida em 16/02/1993, abordo e defendo esta boa causa, esperando não seja em vão!
São no mínimo dezoito anos em que muitas opiniões das mais estapafúrdias às poucas mais sensatas, são veiculadas pela mídia, nem sempre de forma isenta e espelhando a realidade. Quem não sabe que informações podem ser manipuladas segundo interesses nem sempre transparentes e éticos? Tudo pode acontecer. Não é de se estranhar que algumas entidades de classe, que deveriam promover e zelar pelo bem comum e exigir que tenhamos um grande, novo e definitivo aeroporto internacional de Ribeirão Preto, nesta região, estejam omissas ou mesmo contrárias a isso? Bauru, embora com muita luta, conseguiu o seu novo aeroporto fora da cidade, em condições de ser ampliado e tornado internacional – estão lutando para isso.
O que acontece em Ribeirão Preto? Matéria de tal importância para a cidade e região vem sendo tratada de forma equivocada pela miopia dos que tem o poder de decisão, numa dispersão de esforços e sem que alternativas para o Leite Lopes sejam sequer admitidas!
Passados tantos anos com o desenrolar deste drama ou novela sem fim, achamo-nos na estaca zero de toda problemática. Alegam agora que um novo aeroporto levaria dez anos para ser construído e custaria de oitocentos milhões a um bilhão de reais! Só a reconstrução do estádio do Maracanã, para a Copa, parcialmente demolido, exigirá fortuna semelhante ou mais! Alegam que a cidade não pode esperar mais, que a cidade esta sendo prejudicada em seu desenvolvimento!
Quanta falsidade nas pretensas justificativas visando a ampliação do Leite Lopes, com todas as limitações e inconvenientes que apresenta, nunca podendo ser um grande aeroporto internacional regional de carga e passageiros.
Na Audiência do Movimento Pró Novo Aeroporto Regional de Ribeirão Preto, realizada em 22 de fevereiro no Ministério Público, os técnicos foram favoráveis a se construir um novo aeroporto de Ribeirão Preto. Já, a classe política insiste em ampliar e remendar o atual, insiste em reverter a decisão judicial do TAC firmado em 2008, com sentença transitada em julgado, como se as leis não fossem feitas para valer, podendo criar mais uma celeuma jurídica sem fim.
Segundo o saudoso especialista na matéria, Professor Engenheiro Doutor Romeu Corsini, é "uma estupidez" transformar o Leite Lopes em aeroporto internacional de carga. "Para Anac, Leite Lopes onde está não serve". Na avaliação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Aeroporto Leite Lopes está com sua capacidade de ampliação limitada e não atenderá as necessidades de Ribeirão Preto nos próximos anos. A declaração foi feita no dia vinte oito de fevereiro por Dorieldo dos Prazeres, técnico especialista em aviação civil da Anac, na Audiência acima referida, que ainda afirmou que o planejamento de um novo terminal é inevitável. (GAZETA DE RIBEIRÃO de 01/03/2011).
O Aeroporto Leite Lopes tem apresentado inúmeros problemas, consumindo verbas que saem de nossos bolsos via impostos, conforme frequentemente apontados pela imprensa: falta de ranhuras na pista para aumentar a aderência em dias de chuva; falta da instalação de equipamento auxiliar, próprio para aumentar a segurança nas operações de pousos e decolagens; estação de embarque sem oferecer o conforto necessário aos seus usuários; deficiente acesso das aeronaves ao pátio de manobras, este exigindo ampliação; excesso de aves no seu entorno pondo em risco as operações de pouso e decolagem; culminando com o fechamento da torre de controle por problemas, que segundo a imprensa, foi erguida nos anos 1950, já passou por várias reformas e apresenta rachaduras na construção.
Pelo visto e divulgado, mesmo sem resolver o problema em definitivo, seria necessário, pelo menos, colocar a pista em outra posição (?); remover obstáculos; aumentar o acesso ao pátio de manobras e aumentá-lo; provavelmente construir nova torre de controle; aumentar o estacionamento de veículos; no entorno, desapropriar centenas de propriedades e remover milhares de pessoas.
Para tudo isso, como medidas paliativas, verbas e mais verbas serão necessárias; por que não dirigi-las a um novo aeroporto, resolvendo em definitivo o problema e dotando sim, Ribeirão Preto do seu aeroporto regional, internacional de carga e passageiros?
A culpa pelo arrastar do problema até agora sem definições e solução, não é do Ministério Público, não é da sociedade civil esclarecida e voltada ao bem comum, que quer uma cidade amanhã melhor que hoje! A cidade precisa, com urgência, embora tardiamente, de um planejamento a curto, médio e longo prazos, dando um rumo certo ao seu desenvolvimento sustentável em prol do bem comum!
Embora sendo redundante na proposição, volto ao assunto: o Leite Lopes poderá ser parte de um sistema de aeroportos do interior paulista, direcionado à aviação geral, a aviões de menor porte, a helicópteros e planadores. Poderá abrigar oficinas de manutenção e reformas atendendo a este segmento da aviação civil. Poderá abrigar indústrias de aviônicos que exigem pouco espaço e geram produtos de alto valor agregado. Poderá sediar eventos aeronáuticos, e estar servindo para uma série de atividades afins formando um verdadeiro núcleo aeronáutico especializado.
Para o país que gastará não se sabe quantos bilhões de reais na Copa Mundial de Futebol e nas Olimpíadas para desfrute de apenas algumas semanas, deixando inúmeros elefantes brancos para insônia dos pósteros, o que serão alguns milhões para a construção do nosso aeroporto definitivo que incrementará, sem dúvida, um desenvolvimento local e regional por décadas beneficiando gerações?
Conclamo a todos os cidadãos de bem e principalmente aos políticos locais e regionais, que se unam num esforço único e conjunto para lutando, dotar a cidade e região do grande aeroporto internacional de carga e passageiros que já estaria funcionando há anos, não fosse o IMPÉRIO DA MEDIOCRIDADE!
Extrato do livro "Pensando Ribeirão Preto: ontem, hoje e amanhã".
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