sexta-feira, 2 de novembro de 2012

LOUCURAS DE UM SISTEMA AERONÁUTICO ABSOLUTAMENTE CAPENGA

AS LOUCURAS DE UM SISTEMA AERONÁUTICO
ABSOLUTAMENTE CAPENGA

O LEITE LOPES COMO PARTE DESSE CENÁRIO

No dia 13/10/2012 um avião cargueiro sofreu um acidente na pista do aeroporto de Viracopos. Coisa normal. Só que era um baita cargueiro, um MD11, trijato. Interditou a pista e fechou o aeroporto para todos os voos:

Devido à demora para remover o avião, o aeroporto ficou fechado das 19h55 do dia 13 até as 17h35 do dia 15. Segundo a Infraero, 235 partidas e 260 chegadas foram canceladas no período (Jornal A Cidade 25/10/2012).

E tudo isto porquê? Porque Viracopos só tem uma pista e que é usada para voos domésticos e internacionais de passageiros e cargas. Quer fazer a segunda e demora muito primeiro porque teve que elaborar um estudo de impacto ambiental, teve que discutir com a comunidade que iria ser atingida diretamente no seu sossego e a ser expulsa (desapropriada, na semântica jurídica).

E porquê tudo isso? Porque os gestores públicos sempre pensam pequeno e adquirem a menor área possível para instalar aeroportos, assim fica mais baratinho e, depois, se for necessário, ampliam segundo as normas jurídicas de desapropriação por interesse público, invadindo áreas urbanas há muito tempo instaladas e consolidadas. E depois transferem toda a culpa para a população do entorno, taxando-a de invasora porque promoveram uma “ocupação de forma desordenada”.  

Depois estufam o peito e de cima de suas intelectualidades superiores afirmam doutoralmente  que não adianta construir aeroportos novos  fora de área urbana povoada porque o povo, novamente, irá se instalar de forma irregular.

É assim em Viracopos, é assim em Congonhas e é assim também em Ribeirão Preto. Em Cumbica tentaram construir a terceira pista (já prevista no projeto em 1983) mas não conseguiram porque a área prevista (mas não adquirida nem com restrições legais de Uso do Solo) foi sendo loteada e  foi consolidada como urbana e o judiciário assim a considerou. Do mesmo  jeito que aconteceu com o Leite Lopes.

Agora não sabem onde construir mais uma pista por total falta de espaço disponível na Grande S. Paulo e que reúna as condições adequadas para receber um aeroporto.

"Vamos avaliar de que forma poderemos reduzir o tipo de risco de uma pista ficar interditada, utilizando, por exemplo, taxiways aperfeiçoadas que possam ser usadas como pista. Há aeroportos que não têm condição de construir uma outra pista, então, necessariamente, vão ter que ter um backup diferente", [o ministro da Secretaria de Aviação Civil] afirmou nesta quarta-feira, após se reunir com integrantes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e Aeronáutica. (negrito nosso)

E ainda tem mais:

De acordo com o ministro, durante a reunião, o governo decidiu criar um grupo técnico para elaborar planos de contingência para casos como o que ocorreu em Viracopos. Além de investimentos, o governo avaliará mudanças de procedimentos operacionais e regulação para agilizar a solução de problemas.

É ridículo que esse tipo de política tenha sido implantada no Estado de S. Paulo, o estado mais rico da Federação e onde existem as cabeças pensantes  mais importantes do país. Ou será que essas tais cabeças pensantes não são tão pensantes assim?

E o que é que isso tem a ver com o Leite Lopes? Onde é que o Leite Lopes pode ser enquadrado nesse cenário?

É simples: insistem em tentar implantar um aeroporto internacional de cargas e de passageiros num sitio onde não cabe uma pista de comprimento adequado com 3.300 metros ou 3.900 metros dependendo do cargueiro (querem fazer isso com uma pista de 2.100 metros!!!) e sem espaço livre adicional necessário para uso como  áreas de escape. E muito menos será possível construir uma segunda pista num sítio tão pequeno, que como já dissemos seria o menor aeroporto internacional de cargas do planeta, principalmente agora que transformaram todo o entorno do Leite Lopes como industrial.

Como não se desapropria indústria com a mesma facilidade e economia que é feita com a expulsão de pobres, qualquer possibilidade de aumento do Leite Lopes, no futuro, para uma segunda pista, ficará definitivamente afastada, mesmo supondo que existisse espaço físico suficiente para isso.

Ou seja, Ribeirão Preto ficará definitivamente com um aeroporto internacional meia-boca.

Qual o principal motivo dessa teimosia irresponsável? Beneficiar uma empresa de cargas internacionais  e preparar o Leite Lopes, às custas do erário público e das poupanças das comunidades a serem expulsas, perdão, desapropriadas, para ser entregue à iniciativa privada através de Concessão, PPP ou qualquer outra que seja a titularidade para garantir a privatização do que dá lucro.

Têm a mais absoluta consciência  de que  esse projeto do puxadinho em lugar de construir um aeroporto novo  será um empecilho para o futuro desenvolvimento de Ribeirão Preto e região e não apresentam nenhum constrangimento moral em colocar em  risco as comunidades do entorno, os passageiros e os tripulantes ao quererem transformar o Leite Lopes num novo Congonhas Caipira do interior.

Em 1945, o eng. Oliveira Reis laborou o primeiro Plano Diretor para a cidade e entre outras inovações, incentivava a ampliação territorial do Leite Lopes para permitir  a utilização de aeronaves mais potentes e a expansão urbana para o lado oposto. Nessa época, o Leite Lopes estava isolado da cidade e as aeronaves da época eram um pouco maiores do que as turbinas dos aviões cargueiros atuais.  Projeto inovador e de alto nível de planejamento que os gestores públicos da época simplesmente colocaram na gaveta e jogaram a chave fora.

Os erros de gestão e de planejamento são permanentes nos responsáveis pelo sistema aeronáutico nacional. Insistem em cometer com o Leite Lopes exatamente os mesmos erros que sempre foram cometidos.

Poderiam cometer erros novos, para variar, mas insistem em ser coerentes na falta de visão e na incompetência.

Querer ampliar o Leite Lopes numa área restrita, recriando as condições de insegurança de um Congonhas, pelo mesmo preço de um aeroporto novo, em outra área e que permita ampliar as pistas tanto em comprimento como em numero, conforme as necessidades e a demanda forem surgindo, não pode ser considerado um plano muito inteligente.

Podemos desde já sugerir aos membros  desse grupo técnico a ser criado para elaborar planos de contingência que deverão começar por impedir a ampliação de aeroportos restritos e comecem a construir novos em condições de receberem ampliações futuras. Bauru fez isso. Belo Horizonte também e agora pode aumentar a sua  infraestrutura aeroportuária sem problemas.  Manaus, Florianópolis também.

E é claro que em Ribeirão Preto também vai ser assim, mesmo que os atuais candidatos ao segundo turno afirmem o contrário. Porque, apesar de utilizarem o marketing eleitoreiro e com o respaldo da política de desinformação publica, estão mentindo e sabem muito bem disso.


Congonhas em Ribeirão Não!

O Leite Lopes fica como está, sem puxadinho
e com uso alternativo

Novo aeroporto em nova área já!

Um comentário:

  1. Gente : primeiro conquistemos o que está ao nosso alcance, ampliação da pista, prédio da alfândega, ampliação do estacionamento, melhoramentos no entorno e outras coisas. Daqui uns 20 anos se as coisas melhorarem, poderemos então pensar num segundo Aeroporto. Hoje temos um "Fusca", adoraríamos ter um "Mercedes", porem melhor isso do que nada ... se esses grandes "patriotas de plantão" continuarem com essa ideia chula e megalomaníaca de quererem construir um novo aeroporto em outro lugar, não só vão atrapalhar os convênios já em andamento como poderão interromper tudo que já foi conquistado.

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