sábado, 17 de novembro de 2012

Derrapagens em pistas sem áreas de escape em área urbana

CONGONHAS EM RIBEIRÃO, NÃO !

Derrapagens em pistas sem áreas de escape  em área urbana,
podem se transformar em graves tragédias.

Este é uma das palavras de ordem do Movimento Pro Novo Aeroporto desde 1999, quando surgiu, pela primeira vez,  a  ideia de ampliar o Leite Lopes contrariando a legislação municipal que exigia a relocação do aeroporto para fora da área urbana.

Essa ideia de puxadinho, a cultura do improviso irresponsável, tem sido muito comum nas nossas ditas autoridades aeronáuticas em lugar de termos a construção de aeroportos decentes em áreas adequadas. É o improviso baseado no conceito de classe hegemônica de que voar é coisa só para rico.

É claro que uma das consequências dessas políticas é o caos aéreo que o Brasil tem apresentado e que ficará muito mais patente quando chegarmos aos eventos desportivos de grande porte, em 2014 e 2016.

Essas tais de autoridades aeronáuticas têm obedecido às exigências de interesses econômicos tacanhos e que não têm escrúpulos  em colocar em risco a segurança das populações, passageiros e tripulações se isso atrapalhar os negócios.

É o caso de Ribeirão. Façamos uma breve retrospectiva: Uma elite local começa  preferir  o transporte aéreo em lugar do rodoviário. As instalações do Leite Lopes não são adequadas e nem mesmo tem um Terminal de passageiros. Essas instalações nem poderiam ser adequadas porque o Leite Lopes era apenas um campinho de aviação.

Na década de 80, resolveram ampliar a pista um pouquinho e transformar o Leite Lopes em aeroporto, construindo um Terminal de Passageiros e liberando o uso para aeronaves de grande porte. Estabeleceram um zoneamento de ruído que passou a interferir com a vida das comunidades do entorno, já estabelecidas desde a década de 50 e principalmente na década de 70 em loteamentos construídos pelo poder publico municipal.

E não perguntaram nada a ninguém. Simplesmente fizeram e pronto. O DAESP assim o definiu e não admite nenhuma controvérsia contra o que ele considera  como “crescimento” mesmo quando a lei já exigia a consulta popular. Isso ocorreu em 1984.

Alguns anos depois, simplesmente aumentam um pouquinho a pista e mesmo tendo a obrigação de fazer um estudo de engenharia chamado de EIA-RIMA, resolveram não o fazer, sempre apostando na dormência das forças vivas da cidade. E tivessem feito, e o estudo fosse sério, teria indicado que seria necessária a construção de outro aeroporto, conforme a cidade em 1995, na sua Lei de Plano Diretor estava exigindo, lei baseada nas discussões com a sociedade civil  e onde os interesses em discussão eram os da cidade e não os econômicos privados.

Em 2005, certos interesses mercantilistas e econômicos de exploração de um terminal de cargas decidiram que o Leite Lopes deveria ter a sua pista ampliada para permitir a operação de grandes aeronaves cargueiras. Decidiram isso em S. Paulo com o Governo do Estado. O DAESP começa a elaborar o projeto mas o Ministério Publico, acionado pela Sociedade Civil, exige  no poder judiciário a elaboração de um EIA-RIMA. O DAESP, pressionado por força de sentença, contrata.

Este estudo é apresentado e discutido e imediatamente derrubado por suas inconsistências técnicas e cientificas, sócio-ambientais, de segurança e de violação da cidadania, inclusive pelo valor estimado das desapropriações onde foi denunciada o uso de artifícios avaliatórios, gerando um “pequeno erro” que tinha como principal finalidade demonstrar que a ampliação era muito “mais baratinha” que a construção de um aeroporto novo. Fato que ficou comprovado que não era. Esse estudo, feito com o objetivo de muitos outros, para servir de base administrativa que justificasse a pretensão econômica, foi considerado de baixa qualidade pelo órgão estadual licenciador  que mandou refazê-lo.

Cabe aqui um pequeno parêntesis:  a manipulação dos dados no simulacro de estudo apresentado sempre teve o apoio da manipulação midiática para desinformação pública como se fossem verdades científicas e a sua derrubada não foi divulgada como sendo o resultado obvio de um estudo inconsistente feito apenas para provar o que não poderia ser aprovado.

Esse estudo foi refeito e na tentativa de reapresentá-lo em 2008, ocorre a tragédia de Congonhas, onde ficou demonstrada a tese do Movimento que essa ampliação iria transformar o Leite Lopes em outro Congonhas.

Como contra fatos não há argumentos, o projeto foi arquivado e por sentença judicial ficou proibida a ampliação do Leite Lopes.

O bom senso nos indica que a partir desse momento, as autoridades aeronáuticas deveriam partir para o projeto de um novo sitio, apropriado, onde fosse possível construir um aeroporto decente, com amplas possibilidades de ampliação tanto no comprimento da pista como na sua quantidade (duas, por exemplo) e que constituísse uma infraestrutura suporte para o desenvolvimento futuro de Ribeirão Preto e região, aqui concebida como uma região pré-metropolitana e inserida num maior contexto da infraestrutura aeroportuária nacional.

Esse bom senso também deveria orientar as personalidades e entidades, que, por estarem sendo enganadas defendiam o puxadinho, no sentido de começarem a  exigir de um novo aeroporto.

Ledo engano. Os interesses econômicos envolvidos com o Terminal de Cargas, para a sua efetivação em 2005 precisavam do apoio de certos setores hegemônicos locais e para isso garantiram-lhes algumas migalhas.

Estes setores, que representam o que existe de mais retrogrado na cidade, constituindo o que se denomina de coronelismo urbano que ainda manda e desmanda na região (haja vista a reeleição do cargo executivo!) exige as suas migalhas e de novo volta ao projeto da ampliação da pista do Leite Lopes, o nosso já conhecido puxadinho.

Esse puxadinho obriga a relocação da av. Thomaz Alberto Whatelly que continuará fazendo divisa com a cabeceira  da pista. O que é que isso significa? Apenas um novo Congonhas.

Pista curta (2.100 metros) quando o mínimo para uso cargueiro é de 3.300 ou 4.000 metros (dependendo do avião) e sem área de escape segura, ou seja, a área de escape será a avenida e o seu prolongamento pelo Parque de Exposições ou, na outra cabeceira, um bairro densamente habitado.

Um  acidente na Av. Thomaz Albert Whatelly será inevitável pela configuração que eles propõem, para atender exclusivamente aos interesses de um Terminal de Cargas – que também pode ser construido no novo aeroporto – e aos intereses subalternos de um grupo, infelizmente ainda hegemônico, suprapartidário, que domina a cidade.

Esses interesses, subalternos, meramente mercantilistas e contrários ao interesse coletivo estão tão interessados nos seus negócios miudos, prometidos, que estão pressionando tanto o governo municipal e o estadual para obrigarem a empresa que vai explorar o tal Terminal a construí-lo com urgência. Todavia a empresa só está interessada – e com muito bom senso – a só terminar a sua construção depois de ter a certeza de que a pista vai ser ampliada.

Porque é que estamos voltando a este assunto?

Porque em Congonhas ocorreu, novamente, outro acidente no dia 11/11/2012. A imprensa, para não alarmar as pessoas, deu um destaque muito pequeno. Alguns jornais locais nem mesmo relataram o evento.

Um Cessna Citation Jet I, avião bimotor a jato de pequeno porte com capacidade para transportar cinco ou seis passageiros, ao pousar em Congonhas derrapou e se estatelou no final do barranco (isso mesmo, o final da pista em Congonhas é um barranco!) bem ao lado da av. Bandeirantes. Por um pouco, apenas alguns metros, arrebentaria meia duzia de carros  porque essa avenida é muito movimentada (veja o vídeo abaixo).


É um aviãozinho. O que estão querendo operar no Leite Lopes são cargueiros de grande porte. Se derraparem nas mesmas condições eles não vão parar na cerca.

Sabem como se chama o equivalente à av. Bandeirantes paulistana em Ribeirão Preto?

Exatamente a Thomaz Albet Whatelly, única via de acesso da região para o centro da cidade e que por isso é muito movimentada, inclusive por ciclistas e pedestres.

É evidente que esse acidente não irá ocorrer porque não haverá nenhum puxadinho e teremos um novo aeroporto em breve. Quer esses grupelhos queiram ou não. Para fazer o puxadinho, antes têm que fazer io licenciamento e antes disso terão que aprovar um estudo ambiental. Como aprovar algo que é, manifestamente, um risco para a cidade?

Eles mesmo confessam: a plaquinha que está colocada na av. Thomaz Albert Whatelly é a prova.

Esta placa está na Av Thomaz Albert Whatelly. Prova que a via corre risco aeronáutico?

 

Do lado de cá da cerca é a Av. Bandeirantes, equivalente à nossa Av. Thomaz Albert Whatelly (ver foto ao lado). Felizmente “apenas” alguns ossos quebrados mas poderia ter sido uma tragédia nos usuários da via por falta de área de escape.
Vista da Av. Bandeirantes no instante da queda.  Note-se a proximidade com a avenida de grande fluxo. O acidenyte poderoia se tornar em tragédia. Existe lógica na existência de uma via no final de cabeceira de uma pista sem zona de escape?




Não se deixe enganar pelas campanhas midiáticas de desinformação e manipulação da opinião pública a serviço de quem não respeita a cidadania para garantir os seus interesses econômicos que também podem ser garantidos num aeroporto novo, só para satisfazer alguns “sem-noção” locais e os interesses de marketing político de quem não tem política pública nenhuma.

Povo esclarecido jamais será iludido

então

Congonhas em Ribeirão Não!
Leite Lopes com outro uso (alternativo) :
sem ampliação e sem desapropriação
Novo aeroporto em nova área já!

e

respeito pelas Comunidades, pela Cidadania e pela Dignidade

Um comentário:

  1. Desde que Ribeirão existe, ele nunca teve realmente um aeroporto a sua altura ... exatamente porque todo mundo quer dar o seu palpite e criticar quando algo se pretende fazer lá e por qualquer intenção, melhor que seja, ela nunca saiu do papel.
    Justamente agora que estamos conseguindo sair do zero, que vamos carrear muito imposto para a cidade, os altaneiros, os interessados em oferecer novas áreas (evidentemente próximas as de suas propriedades) não se conformam com tão pouco, argumentam que vai ser um novo Congonhas, por isso querem muito mais ( um novo Aeroporto ), quem sabe maior até que o de Viracopos, infelizmente estes não teem os pés no chão.
    Vamos por partes minha gente : primeiro conquistemos o que está ao nosso alcance, ampliação da pista, prédio da alfândega, ampliação do estacionamento, melhoramentos no entorno e muitas outras coisas. Daqui a uns 20 anos quem sabe e se as coisas melhorarem, poderemos então pensar num segundo aeroporto. Hoje temos um "Fusca", adoraríamos ter um "Mercedes", porem melhor isso do que nada ... se esses grandes "patriotas de plantão" continuarem com essa ideia chula e megalomaníaca de querer construir um novo aeroporto em outro lugar, não só vão atrapalhar os convênios já em andamento como poderão interromper o que já foi conquistado até agora; aí sim, continuaremos marcando passo e quem sabe o dinheiro que foi reservado para essas novas conquistas poderá ser desviado para São Carlos ou outro lugar por um político de qualquer cidade.
    Vocês deveriam é agradecer pelo o que está aí, saibam que até "injeção na veia" e de graça é sempre bem vindo.

    ResponderExcluir