Sete de Setembro de 1822: data em que as oligarquias canavieiras e escravocratas instaladas no Brasil se libertaram das oligarquias da metrópole colonial.
Oficialmente o povo que habitava este território deixou de ser colono a serviço de uma metrópole e passou a ser cidadão.
Na verdade, desde essa data até hoje o Povo Brasileiro segue em busca de sua cidadania, sempre negada e impedida por oligarquias locais, à época da Independência composta por um sistema de coronelismo físico que detinha o domínio político, hoje substituído por um outro tipo de coronelismo, que detém o poder econômico e que domina o setor político, que é muito ativo mas servil a seus senhores.
Em Ribeirão Preto essa busca de cidadania é mais dramática, porque a mira pelo lucro maximizado pelos setores econômicos não tem escrúpulos em passar por cima, qual trator demolidor das favelas, dos direitos básicos do cidadão. Temos inúmeros exemplos. Vamos nos ater apenas ao Leite Lopes.
Eles querem, a qualquer custo, ampliar o Leite Lopes para poder colocar em operação um terminal de cargas concedido a uma empresa transportadora chamada Tead Terminais Aduaneiros do Brasil.
Analisemos a noticia publicada no Jornal A Cidade do dia 06/01/2011:
O diretor da Tead Brasil Rubel Thomas anunciou nesta quarta-feira que está deixando o projeto de internacionalização do aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto. Thomas era acionista minoritário da empresa, mas era responsável pelo desenvolvimento do projeto de exploração do terminal alfandegário de cargas desde que a empresa venceu a licitação do governo do estado, em 2003.
Thomaz sempre esteve à frente de negociações que envolviam a implantação do terminal internacional de cargas e era considerado o responsável por toda a logística da parte aérea do aeroporto, uma vez que tinha larga experiência no setor.
O ex-presidente da Varig trabalhou em várias outras companhias aéreas.
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O presidente da Tead Brasil, Carlos Ernesto de Campos, garante que a saída de Rubel Thomas não altera o andamento do projeto.
Precisamos lembrar que a Varig foi uma grande empresa aérea que de repente faliu e deixou todos os seus funcionários à míngua?
Quando foi feita a Audiência Pública em 2007, o representante da TEAD Brasil entre outras coisas, referindo-se a que o senhor Promotor permitiu, nos autos, que o terminal fosse construído, queria dizer que “terminal alfandegado sem pista não existe (sic)”. Sábia afirmação. Seria necessário explicar como se faz uma licitação para a concessão de um terminal alfandegado internacional para um aeroporto que, à época, não era licenciado para isso e que não tinha pista suficiente. Esquisito, não é?
E afirmou com a maior tranquilidade que “existe um problema social” e que todos os problemas se resolvem com a “remoção desse pessoal” para permitir a ampliação da pista. É só isso. Para garantir os negócios basta remover as famílias que atrapalham.
Que famílias são essas? Quantas são?
A construção de um terminal alfandegado de cargas no Aeroporto Leite Lopes integra o projeto de internacionalização do terminal de Ribeirão Preto proposto pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp). Além do terminal, que seria construído e administrado pela Tead, o projeto prevê a extensão da pista, hoje com 2.100 metros, para até 3.000 metros. Essa obra, que demandaria a desapropriação de aproximadamente 1.800 famílias, seria custeada pelo Daesp
Segundo eles, “apenas” 1800 famílias. Quem pagaria para que essa empresa pudesse fazer os seus negócios? O DAESP, ou seja, o nosso suadinho dinheiro publico, para proteger lucros privados e com a remoção de “apenas” 1800 famílias.
E quais seriam esses negócios:
No mesmo acesso, temos a explicação:
Em entrevista publicada ontem pelo jornal O Globo, o então presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, acusou Denise Abreu, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de tentar favorecer o projeto de internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto.
De acordo com as palavras do brigadeiro, Denise Abreu “quer tirar da Infraero o controle do setor de cargas de Congonhas e Viracopos para levar para o aeroporto de Ribeirão Preto, que pertence ao governo de São Paulo.” Os motivos que justificariam o suposto lobby de Denise junto à Anac, segundo ele, seriam ligações entre ela e a Tead Terminais Aduaneiros do Brasil, empresa vencedora da concorrência aberta pelo Governo Estadual para a construção, no Leite Lopes, de um terminal alfandegado de cargas. “O terminal de cargas nesse aeroporto já é dominado pelos amigos dela, pelo empresário Carlos Ernesto Campos [da Tead]. Toda reunião do conselho da Anac ela fala isso, com o argumento de que é para desafogar Congonhas e Viracopos. Isso é um negócio que movimenta R$ 400 milhões por ano.
O interesse pelo tal desenvolvimento e progresso de Ribeirão é apenas de lucro de um grupo de amigos: 400 milhões de Reais por ano. Mas temos alguma outra coisa escondida em todo esse imbróglio: o tal Terminal fantástico dos TEAD justificado para desafogar Congonhas e Viracopos é de 5.000 m² e o total de área só dos terminais de Viracopos é de 81.000 m², “apenas” 16 vezes maior. É claro, que esse terminal nem faria cócegas para Viracopos. Qual o interesse então? Sabendo-se que os terminais de Viracopos e de Congonhas são administrados pelo governo federal e o pretendido no Leite Lopes seria privado, que tipos de cargas poderiam passar por um terminal privado que não passariam por um terminal público e que representassem um volume mínimo de alto valor agregado, para valer tanto esforço?
400 milhões de Reais por ano. Daria para construir 2 Leite Lopes com pista de 4000 metros. São muitos interesses sobre essa ampliação e na recusa sistemática na construção de um aeroporto novo. Porquê?
Talvez porque um aeroporto novo signifique nova licitação com mais concorrentes do que a feita pelo DAESP em 2003, onde só existia um concorrente a um terminal alfandegado num aeroporto não internacional e com pista curta. Na condição de um aeroporto novo, digno e adequado para atender as interesses de Ribeirão e região, os amigos do rei correriam o risco de perder essa boquinha, no caso de uma nova licitação.
400 milhões de Reais por ano. Para garantir o apoio dos lacaios locais, deixam-se algumas migalhas. E monta-se todo o esquema de apoio logístico e mediático para garantir a implantação dos negócios para os verdadeiros interessados que nem sabem direito onde fica Ribeirão Preto.
Se isso implica em danos para a cidade, expulsão de 1800 famílias em nada lhes interessa. É o colonialismo econômico com o apoio dos políticos locais e de alguns setores empresariais passando por cima da cidadania.
Ribeirão Preto ainda não saiu do colonialismo. Colonialismo este que apenas é possível de ocorrer com a colaboração dos grupos locais que se contentam em chafurdar nas sobras do banquete dos altos negócios e das eventuais negociatas que estão por trás de tudo isso. Precisamos garantir o 7 de Setembro em Ribeirão Preto.
Só temos um meio de resolver isso. Chama-se mais consciência no voto em 2012. Vamos retirar esses colaboracionistas do poder político. Vamos começar a exercer a cidadania. Nos últimos tempos, vários já foram jogados para escanteio mas ainda sobram muitos outros.
Povo esclarecido jamais será iludido
2012: não vote em político de 3ª linha: vote em estadista.
E, como sempre
Congonhas em Ribeirão Não!
Novo aeroporto em nova área já!
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