Desprezo ao código de ética pelo profissional de engenharia
Impera o descaso de fazer tudo o mais barato possível, inclusive admitindo-se estudos ambientais simplificados. Tudo com “embasamento jurídico”, como se legislação pudesse se sobrepor às leis da Física
A principal obrigação da engenharia, pelo código de ética, é o de garantir a incolumidade publica. Citamos alguns exemplos em que a garantia de segurança ficou muito aquém do mínimo necessário.
- O homicídio de cerca de 199 pessoas em 2007, no aeroporto de Congonhas. Foi noticiado como acidente para esconder a verdadeira face de que os interesses do Deus Negócio se sobrepõem aos interesses da segurança das pessoas.
- Incêndio na boate Kiss que vitimou centenas de pessoas. Resultado de uma grande sequência de erros e omissões dos poderes públicos.
- Mineração destrói nossos rios e agora mata nosso povo. O rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da empresa Samarco Mineradora S.A em Mariana - MG, matou um número ainda desconhecido de pessoas e animais, além de causar um dano irrecuperável em toda a região até ao Oceano Atlântico, destruindo toda uma região e a história de vida de centenas de famílias.
Barragens não rompem por acaso. Mineradora fez licenciamento simplificado (para que a “burocracia” não atrapalhasse os negócios). Aterro mal projetado, mal dimensionado, só para ficar mais baratinho e com operação inadequada das bacias de contenção.
Por isso é que é necessário elaborar estudos completos, tais como EIA-RIMA, para que todas as possibilidades sejam estudadas, eliminando-se que, em caso de acidente, possam ocorrer danos além dos limites físicos da própria exploração por meio de técnicas de contenção. Mas o que impera é o descaso de fazer tudo o mais barato possível, inclusive admitindo-se estudos ambientais simplificados, tudo com “embasamento jurídico” como se a legislação jurídica possa se sobrepor às leis da Física.
Precisamos mais de Engenharia e de engenheiros que exerçam práticas honestas, com ética profissional, para falar a palavra mágica “Não”, quando os interesses do capital conflitarem com a incolumidade pública.
Temos um exemplo por aqui mesmo em Ribeirão Preto: os interesses ligados à ampliação do Leite Lopes, impedindo que se construa um aeroporto novo.
Existe muita corrupção no Brasil e muitas licitações tem o tal "amparo técnico", na verdade baseado em estudos técnicos encomendados. Lembremos dos estudos envolvendo nosso aeroporto Leite Lopes e que foram considerados de baixa qualidade.
Quando o quesito segurança implica em custos adicionais a qualquer empreendimento da esfera governamental, a ética profissional no que tange à incolumidade pública é colocada à prova, pois é alto o índice de corrupção. O profissional técnico que se omite, se utiliza do artifício da manipulação de dados: a chutometria dirigida.
Por fim me atrevo dizer, que se na Europa, Estados Unidos e resto do mundo, os atentados terroristas tem seus agentes externos, aqui no Brasil o terrorismo é interior, orgânico, fruto da corrupção, já a longa data, enraizada.
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