terça-feira, 21 de maio de 2013

O Movimento Responde ( túnel / viaduto)

Marcelo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Besterol SLLQC":

As suas observações são bastante interessantes, por isso continuaremos a debatê-las, como sempre temos feito, usando o recurso de fazê-lo dentro de seu próprio texto, apenas mudando a fonte e a cor para facilitar o dialogo.
Bom dia, prometi não postar mais qualquer comentário, mas não poderia deixar de falar a respeito desse túnel. Pelo que entendi vcs acham que esse túnel ou viaduto (acredito que será túnel mesmo), será uma "jóia de tecnologia", dando a entender que isso seria impossível nos dias de hoje, e que nenhum órgão da aeronáutica assinaria embaixo.
Lêdo engano. Acho que deveriam vir para o século 21 pois ainda estão vivendo em séculos passados (acho que no 18 ou antes, não sei bem).
No link abaixo vcs serão apresentados a um aeroporto (pista) construída sobre um grande viaduto onde existem concreto e asfalto em sua composição. Este aeroporto situa-se na Ilha da Madeira (Portugal) e se não me engano foi construído por uma grande empresa brasileira.
Espero que gostem dessa novidade, prá vcs, mas não para o resto do mundo. Com todo meu respeito. Obrigado
http://www.google.com.br/search?q=aeroporto+da+ilha+da+madeira+portugal&hl=pt-BR&rlz=1T4GGLL_pt-BRBR385&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=ZLKXUbP-BoXJ4AOuhIGADQ&ved=0CEMQsAQ&biw=1280&bih=564

A pista do Aeroporto do Funchal não é nenhuma novidade para nós e apenas confirma a nossa afirmação que mereceu o seu comentário. Vamos explicar:

Conhecemos muito bem o projeto da pista do aeroporto do Funchal, na verdade uma verdadeira obra de arte na engenharia mundial, cujo projeto básico, foi gerado pela fusão de cérebros privilegiados  da empresa portuguesa Edgard Cardoso e da brasileira Hidroservice. Um desses verdadeiros gênios foi mestre em alguns projetos dos quais membros técnicos do Movimento Pro Novo Aeroporto tiveram participação, inclusive no do aeroporto do Galeão, hoje Tom Jobim. O mesmo aeroporto que uma vez recebeu a sua critica por dispor de uma pista com 4.000 metros de comprimento ao nível do mar.

Uma obra que também merece ser citada pela sua alta complexidade e alto nível técnico e científico, constituindo um marco na Engenharia Nacional.

Engenharia é isso: é a capacidade de ter engenho, ou seja, de gerar coisas novas e extraordinárias. Não é apenas a de assinar plantas ou de ser subserviente aos políticos, a serviço do interesse econômico para fazer o que eles querem, como é o caso da tentativa de ampliação do Leite Lopes.

Quanto ao viaduto onde existe concreto e asfalto e o pavimento do Leite Lopes existem algumas “pequenas” grandes diferenças.

Muitas pessoas acham que o asfalto consiste no pavimento, o que não é verdade. O asfalto é apenas a parte do revestimento que resiste à abrasão do rolamento. O pavimento propriamente dito é o conjunto de camadas que lhe ficam imediatamente abaixo, normalmente compostas de base e sub base, alem de outras estruturas quando necessárias, para se atingir a resistência necessária. No caso de pistas de aeroportos, essa resistência é chamada de PCN.

Todos os materiais, por mais resistentes que sejam, sempre apresentam deformações sob a atuação de esforços. Não existe matéria indeformável. No entanto, quando se encontram duas estruturas de pavimento diferentes, existem no plano do encontro uma deformação diferencial. Um viaduto ou outra obra de arte especial, apresenta deformações verticais muito pequenas em relação ao do pavimento normal que é flexível, ou seja, se acomoda às deformações, gerando um ressalto no pavimento. Esse ressalto é normalmente sentido quando se trafega em qualquer rodovia no encontro da ponte ou viaduto.
A foto ao lado mostra esse ressalto que fica mais evidente junto à pintura de solo, marcado a vermelho.

Não existe nenhum sistema que elimine esse ressalto porque é uma característica física dos materiais.  Esse dente constitui um obstáculo na pista e obviamente  não é permitido pelas normas.

No caso da pista do Funchal a pista original (construída em 1964) foi assentada em rocha viva, portanto indeformável e a sua ampliação foi através de um sistema de lajes protendidas apoiadas em pilares, constituído também uma estrutura indeformável, ou seja, um recalque diferencial nulo, já que os pilares estão apoiados também em maciço rochoso, o mesmo da pista.

Por isso, nessas condições, é possível fazer uma pista em viaduto. Como existem muitas outras, algumas construídas em ilhas artificiais no mar, ligadas ao continente através de pistas de taxiamento (nessas, é possível ocorrer o recalque diferencial porque as aeronaves trafegam a baixa velocidade).

O revestimento de asfalto sobre o concreto existe para a sua  proteção à abrasão e não constitui o pavimento em si.

Esta é a razão de sua concepção equivocada sobre a diferença entre um viaduto no Leite Lopes e no Funchal. Não é nenhum demérito porque é um conhecimento exclusivamente técnico de engenharia e essa confusão é absolutamente normal e justificável nos leigos.

Marcelo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Besterol SLLQC":

Boa tarde, em complemento ao comentário anterior, e pesquisando pouco mais a respeito, a empresa brasileira construtora desse aeroporto foi a Andrade Gutierrez e encontrei também esse comentário a respeito dessa obra:

Confirmamos que foi Andrade Gutierrez, ente outras empresas, que construíram a ampliação do aeroporto de Funchal. O que se lamenta é que os idealizadores desse projeto – as empresas  Hidroservice (brasileira) e a  Edgard Cardoso (portuguesa) não tenham sido citadas.

De um lado, o oceano; de outro, uma montanha. Assim é a curta pista do aeroporto Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal. São pouco mais de 2.700 m construídos sobre cerca de 180 colunas, cada uma com 70 m de altura. Em 2004, o aeroporto inaugurado em junho de 1964 ganhou o Prêmio Mundial de Engenharia de Estruturas e foi escolhido como uma das "100 Obras de Engenharia Civil do Século XX".
Barra, Escócia

Note-se que para quem fez este comentário, pouco mais de 2700 metros de pista é considerado pista curta, isto porque as condições de clima são muito variáveis, principalmente no tocante a ventos fortes de través; aqui no Brasil temos Manaus com uma pista desse tamanho. Se colocarem no Google descobrirão muito mais. Ah!! Veja que esta obra é do século passado, nós estamos no 21 e esta obra é do século 20. Abçs.
Postado por Marcelo no blog * Congonhas em Ribeirão Não! * em 18 de maio de 2013 15:01

O que o citado site não mostrou é que a ampliação do aeroporto do Funchal requereu a relocação de comunidades de pescadores. Essas comunidades foram transferidas para suas casas novas (sem receber nenhum carnê de financiamento para pagar), tiveram todo a  infraestrutura e o porto de pesca reconstituídos e além de receberem toda a assistência necessária e indenização não foram transferidos para qualquer lugar da Ilha da Madeira mas permaneceram junto de suas raízes sócio-culturais, exatamente o contrário do que acontece aqui em Ribeirão Preto.

Também não teve ninguém acusando essas comunidades de invadirem o espaço do aeroporto, como acusam as comunidades estabelecidas no entorno do Leite Lopes. E ninguém de lá foi expulso de suas casas pela policia sob fuzilaria de bala de borracha e no cassetete, como foi feito em nossa cidade, com a Favela da Família, única atingida pela violência porque a opinião publica local e a nacional não permitiram que ocorresse com outras.

Temos até o caso de uma sequência de imagens  registradas pelo fotógrafo Weber Sian, do Jornal A Cidade, em julho de 2011, que recebeu o “Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos”, na categoria Fotos, denominada “EXPULSÃO”, que demonstra bem os desatinos praticados sobre a população indefesa  da Favela da Família e que sabemos, se estendem sobre tantas outras populações indefesas no país.


Essa é uma das diferenças entre o abuso do poder economico sobre o Leite Lopes que gerou todos esses problemas sociais e o projeto decente de uma ampliação do aeroporto do Funchal onde, indiscutivelmente não existia nenhuma outra alternativa locacional a não ser a ampliação no mesmo local do aeroporto já existente e avançando sobre o mar 1.100 metros e numa área pouco habitada e sem área urbana nas cabeceiras.

A Ilha da Madeira é uma montanha sem planícies.  Ao contrário de Ribeirão Preto, cuja ampliação está sendo forçada em área densamente habitada, sem áreas de escape adequadas e seguras  e com muitos outros lugares alternativos melhores do que o Leite Lopes.

Para finalizar, nas palestras desenvolvidas pelo Movimento Pro Novo Aeroporto o aeroporto do Funchal é citado, exatamente para demonstrar que viaduto aeroportuário em pista de rolamento não é permitido. Só em pista de taxiamento. Para exemplificar, sempre mostramos a diferença entre essas obras:

 
Como pode ver sempre estivemos no seculo 21 quando defendemos a construção de um novo aeroporto, com novo uso para o Leite Lopes. Defendemos projetos eficientes e não puxadinhos dentro de área urbana densamente habitada, defendemos o direito das pesoas não serem expulsas apenas para que um empreendimento economico que tem medo de perder a concessão se for construido um novo aeroporto, possa ser implantado, contra a vontade da cidade que em 1995 já previa essa relocação.

Agora a ampliação do Leite Lopes certamente que não é condizente com o seculo 21. 

Esperamos ter respondido aos seus questionamentos e continuamos à disposição para mantermos um debate.

O Grupo Gestor

2 comentários:

  1. Boa noite,
    1- Não fiz qualquer questionamento para ser respondidos por vcs.
    2- Comentei a respeito do viaduto na qual vcs mostraram dúvidas na sua construção. Se não for viável tecnicamente, engenheiros contratados prá isso acharão outra solução, inclusive devem estar trabalhando nisso atualmente.
    3- Expressei minha crença no túnel (como mostra meu texto), passando a pista de asfalto por cima normalmente.
    4- O aeroporto do Galeão NUNCA foi criticado por mim, leiam melhor o que comento, pois já notei que distorcem o que escrevo. Conheço aquela pista e pousei nela centenas de vezes.
    5- Minha crítica foi quando vcs acreditaram que se construiria uma pista igual em AAQ, num aeroporto com movimento praticamente zero, então citei o Galeão como único possuidor de uma pista igual a pretendida por AAQ e que mantê-la custa caro. Não é só porque saiu na imprensa, que AAQ vai construir a pista. Se sair, ótimo; mas não acredito.
    6- Dispenso as explicações sobre PCN, pois tenho conhecimento disso há mais de 20 anos, somando-se ao ACN.
    7- Fiquei feliz por conhecerem Funchal, assim vcs não pensarão que a Engenharia não terá uma solução para esta obrinha no LL.
    8- Vcs alegam que a ampliação está sendo forçada em área densamente habitada, sem áreas de escape adequadas e seguras, ora vejam só, são vcs mesmos que estão criando toda esta tempestade; uma área de escape de 400 metros na cabeceira 18 estaria bom ?? Depois do deslocamento da pista é esta área que ficará de distância da cabeceira 18 até a grama no final, mais 280 metros (se não me engano) até o muro da Avenida Brasil. São quase 700 metros de distância. O aeroporto continuará com os mesmos aviões, só que com uma pista de 2100 mts de cabeceira a cabeceira mais áreas livres depois das cabeceiras, aumentando consideravelmente a segurança.
    9- Os imóveis que serão desapropriados são tão poucos e estão todos juntos dos muros e alambrados laterais, muitos sem qualquer condição de habitabilidade, pelas fotos que vi. Acredito que boa parte dessas famílias querem ir para outro lugar, como já vi manifestado em reportagens. Se a curva de ruído pega esses imóveis, são esses imóveis que estão irregulares, e não o aeroporto, o problema é que isso nunca foi cobrado das autoridades responsáveis por estes equipamentos, só que agora, com a ANAC, a legislação está sendo obedecida, e não é só Ribeirão que tem este tipo de problema, muitas outras cidades como São Paulo, Porto Alegre, Londrina, Recife, etc etc.
    Obrigado.

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  2. Aos marinheiros de primeira viagem: Quero lembrar a todos que o calculista antes de qualquer coisa, deverá em primeiro lugar verificar qual o tipo de carga que essa estrutura deverá suportar e incluir nela todos os esforços acidentais (sejam horizontais, sejam verticais) possíveis a enfrentar; a partir disso, irá colocar com certeza em todos os pilares de apoio consolos especiais para receberem berços amortecedores de impacto que deverão ficar sob as vigas flutuantes, todas equipadas com braços em contra-peso tal como se faz hoje nos edifícios altos do Japão para absorverem os movimentos provocados pelos terremotos. Assim sendo esse viaduto poderá se movimentar livremente ao receber o impacto da aeronave no solo e em seguida voltar rapidamente a sua posição inicial sem que o plano da superfície seja afetado na sua junta de dilatação ... e "Viva o Brasil !!"

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