quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O MOVIMENTO RESPONDE

Caro Mario

É sempre um prazer receber os seus comentários porque permitem estabelecer um diálogo com os defensores do que chamamos de “puxadinho”. Esse diálogo sempre foi impedido pelas forças que supostamente se consideram ainda como as forças vivas da cidade.
Permita-nos responder no seu próprio texto, com a alteração da cor da fonte.

R.Preto, 04 de fevereiro de 2013
Prezado amigo,
Concordo com você em todos os seus argumentos seja em gênero, numero e grau, porem cabe aqui lembrar que o Aeroporto Leite Lopes não é um aeroporto novo, ele foi inaugurado no dia 2 de abril de 1939 e a ampliação da sua pista foi realizada logo em seguida, ou seja, ainda na década de 1940, porem a partir daí ele fora completamente esquecido pelas autoridades e por segmentos da sociedade; ninguém mais se lembrou dele.

Em 1939 o Leite Lopes não era um aeroporto mas apenas um aeródromo onde funcionava um aeroclube, que ainda está ativo. Para ser aeroporto são indispensáveis a existência permanente de facilidades que na época o aeródromo não dispunha.

Em 1945, o eng. Oliveira Reis apresentou à prefeitura um projeto de Plano Diretor no qual se propunha a expansão da cidade para outro eixo que não o da Zona Leste e também a expansão da área patrimonial do  Leite Lopes  para permitir futuras ampliações em razão do desenvolvimento das aeronaves. Esse projeto foi guardado e ficou décadas perdido nos escaninhos da burocracia pública e da burrocracia política.
(Materia completa  para consulta: páginas 6 à 11 da Revista Painel da AEAARP-Assoc. Eng. Arq. e Agron. de Ribeirão Preto , nº 199 de Outubro de 2011- http://www.aeaarp.org.br/images/revista/20111111_123758_painel-199.pdf  )


 Cabem aqui  três considerações:

Em primeiro lugar a genialidade do eng. Oliveira Reis introduzindo um conceito inédito para a época – Plano Diretor – que somente a partir de 1988 se tornou obrigatório mas que ainda hoje está difícil de ser implantado em Ribeirão Preto.  Isso significa que Ribeirão Preto sempre dispôs de gente competente mas que é cerceada por políticos e, o que é pior, políticos incompetentes, de terceira linha.

Em 1945 nunca se poderia imaginar o porte das aeronaves que hoje dispomos. Os aviões da época eram muito pequenos comparados com  os grandes cargueiros de hoje.  E o Eng. Oliveira Reis já antevia a necessidade de ampliação do Leite Lopes e, pasmem, para uma área patrimonial do porte que nós pleiteamos para o novo aeroporto de Ribeirão: 2000 hectares.

Como não poderia deixar de ser, a conclusão óbvia: o maior entrave ao desenvolvimento sustentável de Ribeirão Preto está na nossa classe política que permanece ativa na cidade graças ao apoio de uma pseudo elite que ainda vive mentalmente nos tempos áureos dos canaviais em torno de uma cidade grande do interior e que não consegue enxergar que Ribeirão Preto é o centro de uma região metropolitana.

                                                  
Antes largado, o tempo foi passando, ficou em total degradação, o seu entorno então foi sendo invadido por favelas aos olhos das antigas Administrações Municipais, o Joquey Clube esquecido e inoperante; enquanto isso Ribeirão só crescia para o outro lado, com a construção de grandes Shoppings e outros empreendimentos imobiliários; a partir da linha férrea tudo para cima era lixo...


O entorno  do Leite Lopes foi ocupado por favelas, assim como todo o entorno da cidade nas décadas de 80 e 90, graças à tal campanha de que “Ribeirão é a Califórnia Brasileira”.

Os empreendimentos imobiliários assim como o corte manual da cana trouxeram para a região grandes levas de migrantes que se dispunham a um trabalho pesado e mal remunerado por falta de opção nas suas cidades de origem.

Finalizado o serviço, os empresários se “esqueciam” que eles tinham que retornar e foram simplesmente abandonados e, não dispondo de  mais postos de trabalho, esse pessoal foi obrigado a se estabelecer em algum lugar. Esse “algum lugar” tem nome: favela.

Favelas geradas pela miséria que garantiu o lucro de empresas sucroalcooleiras e da construção civil que ainda sustentam a base política em Ribeirão.



Finalmente só em 1996 é que lembraram dele; fizeram então uma bela reforma; veja você, foi preciso passarem 57 anos, repito cinquenta e sete anos sem que ninguém tivesse feito absolutamente nada por ali para então só depois lembrarem dele outra vez.
 

Neste ponto somos obrigados a divergir. Fizemos sim. No plano diretor ficou estabelecido que o Leite Lopes deveria ser relocado. Isso foi em 1995.

Infelizmente as mesmas  forças políticas não se mobilizaram do mesmo modo como ocorreu em Bauru (só para dar um exemplo) e se recusaram a cumprir a legislação municipal, principalmente quando surgiram interesses internacionais específicos sobre o Leite Lopes.



Com a cooperação da Prefeitura de Ribeirão Preto, do Ministério da Aeronáutica e do DAESP (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), a pista de pouso passou de 1.800 m para 2.100 m e a de taxiamento de 730 m para 2.100 m.

O novo pátio de estacionamento com uma área total de 27.600 metros quadrados pode receber simultaneamente oito aeronaves Fokker F-100 ( jato de porte médio, com capacidade para 108 passageiros ) ou Boeings B-737 e para uma maior proteção e segurança nas operações noturnas de pouso e decolagem foi instalada uma nova cabina de força recuperando todo o seu sistema elétrico; finalmente fizeram o balizamento das pistas e implantaram uma nova iluminação nos pátios.
 

Temos aqui dois problemas de não cumprimento da legislação:

Em primeiro lugar contrariaram um dispositivo legal que mandava relocar o Leite Lopes e  em segundo lugar fizeram a reforma às escondidas, na candonga, sem cumprir a exigência de ser feito um Estudo de Engenharia, o nosso velho conhecido EIA-RIMA que analisasse essa ampliação.

Se esse estudo de Engenharia tivesse sido feito e a legislação municipal cumprida, hoje teríamos um novo e excelente aeroporto com pista operacional com 2.100 metros e com capacidade de ser ampliada o necessário para receber equipamentos de porte cargueiro, sem causar nenhum dano à cidade e à sua população.  Estaria localizado em área rural com plano diretor especifico.

É importante não esquecermos que cidadão é aquele que cumpre a lei. Quem não cumpre, é fora-da-lei.

Logo os culpados por Ribeirão Preto e região não disporem de um aeroporto decente são exatamente os citados: prefeitura municipal e o  DAESP. Que se recusaram a cumprir a lei. Logo, demonstraram que cidadania não é um de seus pontos fortes.  

A aeronáutica ainda colaborou um pouco contra essa aberração da ampliação em 1996, quando exigiu o recuo de 300 metros na cabeceira 18 e, portanto, a pista que tinha 1.800 metros, foi ampliada na candonga para 2.100 e depois recuada para 1.800 metros por causa do recuo da cabeceira 18. Parece que foi um ato não muito inteligente.

Só para finalizar este comentário, já imaginou esses  8 equipamentos estacionados simultaneamente e os passageiros embarcando e desembarcando através de pontes móveis em lugar daquelas escadas ridículas? Cadeirantes tendo garantidos os seus direitos de acessibilidade sem precisarem de  ser “carregados” como se fossem embrulhos?

Será que nessas obras todas, esses conceitos foram esquecidos ou será que não existe espaço disponível para serem usadas essas pontes móveis?

Por outro lado, todas essas maravilhas operacionais citadas também vão ocorrer num aeroporto novo com capacidade de futuras expansões. Acreditamos piamente que Ribeirão será uma grande região metropolitana e 8 pontos embarque/desembarque serão insuficientes em pouco tempo.

E não teremos como construir esse aeroporto porque o terminal da TEAD terá 30 anos de concessão e, após esse prazo, não teremos nenhum outro local para construí-lo Problema igual à Grande  S. Paulo. Precisam de um aeroporto novo e nem conseguem saber onde terão área disponível e adequada.

Falta de previsão? Falta de competência? Ou será o velho “pensar pequeno” que conduziu a essa situação. Porque é que pensar grande em Ribeirão Preto é considerado pecado?


Em resumo, o que eu quero dizer é : Porque só agora, “na altura do campeonato”, apareceram os “patriotas” de primeira ocasião exigindo um Aeroporto maior e melhor, porque não fizeram isso muito antes, porque não esclareceram ainda em tempo (e olha que houve muito tempo para isso) o povo da nossa cidade de que aquele aeroporto já estava obsoleto, que Ribeirão merecia coisa bem melhor e que como você diz com o seu brado : “povo esclarecido jamais será vencido” ?
 

Os “patriotas” de primeira ocasião são exatamente os que lutam contra a construção de um aeroporto  novo e insistem na ampliação do Leite Lopes mesmo depois que já ficou demonstrada a sua inviabilidade.

Tanto assim é que até o DAESP reconheceu esse fato e se comprometeu em acordo homologado pelo Judiciário em não mais tentar ampliar a pista do Leite Lopes.

Porque então, resolveram voltar ao assunto em lugar de começarem os estudos para a construção do aeroporto que Ribeirão e região necessitam? Se tivessem feito isso já teríamos o aeroporto novo construído.

Além do mais, não podemos esquecer que, já na década de 70, o Prof. Romeu Corsini, da USP de São Carlos já tinha detectado a inviabilidade técnica do Leite Lopes como aeroporto e elaborou um estudo locacional para o novo aeroporto de Ribeirão Preto fora da área urbana.

Temos inúmeros trabalhos indicando a necessidade de um aeroporto novo. Só alguns setores, ligados ao governo estadual é que insistem na ampliação do Leite Lopes. É um tema que já se tornou monótono: a engenharia contra a burrocracia pública.

É esse debate que precisa ser feito. Por isso o nosso brado de que Povo esclarecido jamais será iludido. Essa parte do esclarecimento nós fazemos.

Os setores ligados aos interesses da ampliação do Leite Lopes é que recusam o debate. A falta de cobertura da imprensa  de qualquer evento a favor do novo aeroporto que o Movimento costuma promover é a comprovação dessa política que certos setores econômicos impõem em Ribeirão.


Deveriam sim ter lutado naquela época para conseguirem junto ao Governo Estadual e Federal uma verba necessária para poderem realizar tal intento e não agora que “o prato está feito” vão querer tumultuar, politizaR e discriminar tudo o que está por vir,jogando é claro e como sempre para as elites toda a culpa pelo mal que hoje não conquistaram.

 
A responsabilidade de obtenção de verba para o novo aeroporto não é nossa. O órgão que está encarregado da gestão aeroportuária de S. Paulo chama-se DAESP e faz parte do Governo Estadual. O DAESP não cumpriu a sua obrigação

Nós não politizamos nada nem descriminamos ninguém nem entidades, mesmo as que são ardorosas adversárias de nossas posições.  O inverso já não é verdadeiro.

Agora querer tirar a responsabilidade da má gestão política desta cidade das pretensas elites, nós não podemos tirar.

É tudo isso que está por aí.Basta ler os jornais e assistir aos noticiários. A arrogância, o despreparo e a falta de respeito dessas elites para a cidade é notória.  Basta ver o Plano de Resíduos Sólidos, com a polêmica que se formou em torno de um tema simples e já resolvido em outras cidades. As novas linhas de ônibus, a Planta Genérica de Valores, os vazamentos de esgoto e de água, e tantos outros problemas urbanos não são criticados por partidarismos nem resultado de tumultos, mas simplesmente por incompetência.

A mesma incompetência publica que insiste na ampliação do Leite Lopes e fica mentindo que vai começar as obras quando não tem nada licenciado.


Agora meu amigo “Inês é morta”, tarde demais para qualquer tipo de manifestação, não adianta mais derramarem “lágrimas de crocodilo”; na atual conjuntura o ” trem já passou”,“ficaram a ver navios”, vão continuar brandando em vão, infelizmente não tem mais volta para tal reivindicação e pelo “andar da carruagem” essa luta de vocês agora ficou irreversível; o que está faltando mesmo é um pouco mais de bom senso e "mea-culpa".
 
Porquê? Por acaso já começaram alguma coisa ou apenas disseram que iam fazer a ampliação da pista quando na verdade apenas estão preparando o acesso ao Terminal de Cargas?

Na verdade é agora que vamos resolver de uma vez por todas a construção do novo aeroporto e depois dar uma utilização ao Leite Lopes como centro aeronáutico e aviônico, transformando-o num centro de excelência em aeronáutica, já que Ribeirão Preto dispõe de uma estrutura universitária e de escolas técnicas apta a dar suporte a essa futura atividade.  Este sim é um bom projeto para Ribeirão porque vai gerar empregos de qualidade e consolidar a sua nova tradição de ensino de ponta.


Para terminar, quero lembrá-lo que uma segunda pista no local não é tão necessária assim como parece, necessário seria triplicarmos a área do terminal de passageiros imediatamente para darmos maior vazão a essa demanda que hoje já está reprimida e para o suporte que é necessário para uma futura e grande operação de carga no local, pode deixar que isso com o tempo irá surgir; com certeza novos empreendimentos nas suas cercanias vão suprir dando suporte a infraestrutura que hoje é também necessária.
Veja você que Congonhas e Viracopos operam ainda hoje com uma única pista nos seus Aeroportos e nem por isso deixaram de funcionar a contento.


Nunca afirmamos que deveria ser aberta uma segunda pista no Leite Lopes.

O que afirmamos é que hoje em dia não se pode projetar um aeroporto regional de grande porte sem prever uma segunda pista. Viracopos tem uma só pista e ficou paralisado por mais de 48 horas. Congonhas já deveria estar fechado para voos que não de aviação geral e do mesmo modo o aeroporto de Santos Dumont no Rio.

A justificativa para a ampliação do Leite Lopes é falsa. A exploração comercial de um Terminal de Cargas é um problema de viabilidade do investidor e insiste-se em que seja implantado no Leite Lopes porque num aeroporto novo a licitação perderia a validade e o interessado teria que enfrentar concorrentes fortes. Além do fato de que o DAESP, seguindo a linha ideológica do governo estadual, quer entregar para a iniciativa privada os aeroportos rentáveis, preparando-os para isso com dinheiro público.

Por isso é que a ampliação do Leite Lopes não  segue os valores técnicos mas sim os políticos-ideológicos. E será rentável apenas para o empreendedor mas não para Ribeirão Preto.

Precisamos pensar tendo como alvo o futuro.  


Está tudo acabado? O que poderemos fazer então? :
Reivindicar junto aos nobres Vereadores da Cidade, que elaborem um projeto de lei exigindo da Prefeitura uma reserva em dinheiro estipulando um certo percentual sobre o montante total a ser cobrado com a nova arrecadação que se dará através dos pagamentos de taxas e impostos e que irão recair sobre essa nova movimentação de carga gerada com a implantação desse Aeroporto Internacional.
A Prefeitura por sua vez poderá ir fazendo um caixa e sem depender de ninguém, aos poucos, terá tempo para definir um local mais distante e apropriado para realizar essa tão sonhada e desejada conquista - Ribeirão Preto merece.

Não precisamos de nada disso. A Prefeitura de Maringá criou uma empresa e construiu o seu aeroporto, com os seus próprios recursos. Começou o licenciamento em 1994 e terminou a obra em 2000. Todos os municípios com administrações inteligentes e proativas construíram os seus aeroportos  ou o segundo (Bauru, Araçatuba, entre outros) na década de 90, na mesma época em que Ribeirão Preto também exigiu o novo aeroporto.

O aeroporto de Maringá apresenta  o mesmo potencial atual do Leite Lopes mas em área compatível com as ampliações  previsíveis e com o Terminal de Passageiros adequado ao uso de pontes móveis. Ou seja, ainda existe luz no final do túnel. Em Ribeirão, essa luz está apagada por causa da administração municipal muito rasteira  e submissa a uma administração estadual que exige que Ribeirão Preto não disponha de um aeroporto decente apenas para beneficiar uma empresa de cargas aéreas.

Mas pelo menos de um ponto nós estamos  unidos: Ribeirão Preto merece um aeroporto decente, já. E vai ter!


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