Parte 2 - Encontro de comadres no Palácio do Rio Branco
Faz um tempinho a esta data a campanha midiática de desinformação para a manipulação da opinião pública tem-se intensificado. Qual o objetivo? Promover um evento mediático absolutamente desnecessário, como o do passado dia 30/01/2013 com a desculpa de que existem discrepâncias entre o numero de famílias a serem removidas para a ampliação do Leite Lopes.
Os dados da prefeitura são muito diferentes dos dados levantados pelo DERSA[1], foi a justificativa, disseram.
Na verdade, o assunto tratado não se referiu a ampliação do aeroporto, mas apenas para combinar a rápida remoção das famílias de uma comunidade-favela que está atrapalhando a abertura das vias de acesso ao Terminal de Cargas da TEAD.
A divergência está se apenas serão removidas a famílias que interferem fisicamente com a via a ser construída ou toda a comunidade.
Têm pressa nessas remoções. Como não existe plano sério de desfavelamento e a limpeza social do aeroporto é para eles uma prioridade, logo se combina que os apartamentos que seriam destinados a inscritos na COHAB passarão a ser distribuídos aos removidos dessa comunidade.
Todos concordam: prefeitura, DAESP, DERSA, COHAB, CDHU mas em nenhum lugar estão os representantes dos inscritos na COHAB, prejudicados nos seus direitos, e o acordo foi feito à revelia do Conselho Municipal de Moradia Popular.
É assim mesmo: é a crueldade, nua e crua, da violação dos direitos de cidadania esmagados pela vontade política de viabilizar um projeto privado.
AS RAZÕES PARA A PRESSA DAS COMADRES
Porquê toda essa pressa se não podem ampliar o aeroporto, ou como eles afirmam, fazer o tal deslocamento da pista? Várias são as razões:
- Uma delas é criar um factoide. Se existe um terminal de cargas então tem que ter uma pista cargueira.
Então, as duas administrações públicas (municipal e estadual), de conluio entre si, resolvem transformar o entorno do Leite Lopes em área industrial, atingido bairros que sempre foram de uso misto. Uso misto permite residência. Uso industrial não permite. Fato consumado.
Qual o objetivo? Se as famílias que residem no entorno do Leite Lopes, faz décadas, tiverem que sair, não sobrará ninguém para reclamar do barulho aeronáutico. Logo, segundo eles, é “possível ampliar a pista” porque o zoneamento de ruído não vai atingir ninguém a não ser indústrias, que têm uso permitido na zona 2. É a espertalheza da malandragem.
As famílias serão obrigadas a se mudarem sem direito a nenhuma indenização por isso. E como os seus imóveis estão em lotes de 300 m² que não são suficientes para a construção dos tais galpões milagrosos, terão que vender por um preço muito baixo para conseguir um comprador especulador.
E tudo isso, sem que as pessoas atingidas tenham sido informadas dessa alteração de zoneamento e de suas implicações sócio econômicas. Mas a desinformação pública bate na tecla da fictícia alta valorização imobiliária dessa região, com o intuito de não deixar exaltar os ânimos das pessoas que estão sendo enganadas por quem deveria protegê-las: o Poder Público!
É claro que a mídia nem percebeu nada disso. É assim que funcionam as campanhas de manipulação da opinião pública.
- A outra razão é um pouco menos evidente mas faz parte da ideologia programática que está no poder do Estado faz várias décadas: a privatização de tudo o que é publico mas só o que for rentável. No nosso caso, a privatização do Leite Lopes, ou qualquer que seja a denominação jurídica que lhe seja aplicável.
O atual governo estadual termina em 2014. Esta é a data chave.
AS RAZÕES DO DAESP EM AMPLIAR O LEITE LOPES EM LUGAR DE CONSTRUIR UM NOVO AEROPORTO, PLEITEADO DESDE 1995
O Leite Lopes está inserido numa região metropolitana[2] e precisa de um aeroporto regional de bom porte. O potencial econômico de Ribeirão Preto e região é um excelente atrativo para empresas que querem operar no sistema aéreo nacional. Em 1997, a TDA[3] norte americana demonstrou o elevado potencial regional e manifestou um interesse muito especial pelo Leite Lopes.
O DAESP quer se “aposentar” e não gerenciar mais nada, ou seja, quer privatizar os 27 aeroportos sob sua administração. Só que apenas um ou outro apresenta potencial de rentabilidade para o investimento privado e mesmo assim com muitas restrições. Por isso não tem conseguido o seu intento, principalmente quando queria impingir junto com os bons todos os outros não rentáveis e sem potencial de rentabilidade.
Como todo o bom projeto de privatização que se preze, só se passa à iniciativa privada os rentáveis. Os outros ficam por conta do Estado mesmo.
Por isso o Leite Lopes, dentro do projeto de privatização já iniciado com o terminal de Cargas Internacional que está sendo imposto a Ribeirão Preto, precisa estar pronto para a transferência para a iniciativa privada.
Muda-se o zoneamento do entorno ao aeroporto e os ônus ficam apenas com os moradores, potencialmente obrigados a terem que sair de suas residências.
Removem-se as comunidades (favelas) que, para eles, atrapalham a vista panorâmica da cidade e a ampliação do Leite Lopes, tudo isso com dinheiro público, incluindo os custos de uma remoção à força com o uso de cassetete e bala de borracha, a exemplo do ocorrido na Favela da Família, estes também financiados com o dinheiro público.
Removem-se s comunidades que estão instaladas no caminho do sistema viário de acesso ao Terminal de Cargas. Quem paga? O Minha Casa Minha Vida, projeto federal, retirando-se da jogada as famílias já inscritas na COHAB e para quem os apartamentos eram inicialmente destinados.
A imprensa divulgou essa noticia mas não questionou a validade, pelo menos moral e ética, dessa atitude truculenta.
Executa-se o sistema viário de acesso ao Terminal – empreendimento privado – e quem paga é a prefeitura municipal, ou seja, dinheiro público.
Pretendem reformular todo o sistema viário do entorno do Leite Lopes, incluindo a relocação de uma avenida. Quem está escalado para fazer o pagamento? O empreendedor do aeroporto?
Em Ribeirão Preto, qualquer empreendimento imobiliário, o sistema viário com toda infraestrutura (pavimento, águas pluviais, esgotos sanitários, água potável, iluminação, etc.) são custeados pelo empreendedor. No Leite Lopes não. Somos todos nós, contribuintes, os trouxas pagadores de sempre!
Também afirmam, para convencer “os incautos”, que vão ampliar a pista e para isso desapropriar pelo valor venal. Quem no fundo vai pagar essa pretensa ampliação seria a poupança de toda uma vida de cada um dos desapropriados que vai receber muito menos do que manda a Constituição Federal e as Normas de Avaliação. E o pouco que forem pagar aos desapropriados será com o nosso rico dinheirinho.
Para quê tudo isso? Para implantar, com o dinheiro público (o nosso) um empreendimento privado e depois entregá-lo à exploração privada através de uma licitação para privatização. Há quem chame a essa concepção ideológica de política da privataria.
Assim, até 2014, ano de eleições estaduais, acreditam que vão poder entregar de mão beijada à iniciativa privada um excelente e lucrativo negócio mas um elefante branco para Ribeirão Preto e região que terá o seu desenvolvimento travado num futuro próximo, por falta de um aeroporto que comporte as suas necessidades.
Por isso têm pressa em todos esses procedimentos e na criação de factoides da mesma forma que procederam em 2002 quando licitaram o Terminal de Cargas Internacionais num aeroporto que não dispunha de uma pista cargueira.
E com tudo isso, Ribeirão Preto e região continuam não tendo à sua disposição um aeroporto decente e adequado às suas necessidades presentes, localizado numa área que permita as futuras e previsíveis ampliações de comprimento de pista e numero de pistas, que possa acompanhar o desenvolvimento regional.
Lamentável que as forças políticas locais se submetam com tanta subserviência a essa situação. Por isso essas forças políticas têm que ser substituídas. 2014 também é um ano bom para isso.
Com esse objetivo o Movimento Pro Novo Aeroporto, junta-se a todos os outros Movimentos Populares na luta política, apartidária, para mudar o perfil político de Ribeirão Preto.
POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ ILUDIDO
Congonhas em Ribeirão, Não!
Leite Lopes com outro uso (alternativo):
sem ampliação e sem desapropriação
Novo aeroporto em nova área já!
[1] A DERSA - (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) é uma sociedade de economia mista brasileira, controlada pelo Governo do Estado de São Paulo, cujo objetivo é construir, operar, manter e administrar rodovias e terminais intermodais, algumas delas através de remuneração através de praças de pedágio.
[2] Se a região ainda não é considerada como metropolitana deve-se apenas a questões de definições burocráticas, irrelevantes quando se trata de se planejar o futuro da região.
[3] TDA Trade Developement Agency é uma agência do Departamento de Estado do governo dos EUA que visa gerar negócios que possam promover empregos nos EUA.
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