domingo, 24 de setembro de 2017

Existe alternativa à ampliação do Leite Lopes? Existe, mas a elite local não se importa!

Foto Márcia Ribeiro

Este blog já contou a história algumas vezes, mas sempre é bom repetir.

O atual aeroporto Leite Lopes existiu como um aeroclube desde os anos 1930. Já na década de 1940, iniciou-se o processo de ocupação urbana no seu entorno.

Quando o Leite Lopes foi oficializado como aeroporto, no início dos anos 1980, a região do entorno já estava tomada por bairros, alguns construídos entre o final dos anos 1970 e metade dos anos 1980.

Quando, em 1995, Ribeirão Preto debateu o seu Plano Diretor, foi detectada a impossibilidade de sua ampliação, tanto que aquele Plano Diretor trazia em seu bojo a recomendação de que Ribeirão Preto e região necessitavam de um aeroporto internacional, mas em um local fora dos limites urbanos.

Porém, em 1999, o Prefeito Jábali, do PSDB, introduziu na cidade o 'projeto' de internacionalizar o Leite Lopes, mesmo ao custo da remoção de centenas de milhares de pessoas e sob o risco de colocar aviões de grande porte sobrevoando as casas dos ribeirão-pretanos.

Foi o início de quase 20 anos de muita propaganda e muita falação servindo de instrumento político-eleitoral. Quantas promessas de 'desenvolvimento', de 'modernidade', mas, de concreto, nada.

A obra orçada em 500 milhões praticamente não saiu do papel. Os 'puxadinhos' que foram realizados só serviram para manter a propaganda, dando 'fôlego' a algo impraticável. 

Ficaram a promotoria e o movimento social local buscando chamar todos à razão sobre a completa impossibilidade urbana, ambiental e social do 'projeto'.

Mas a  propaganda ganhou a mídia, alinhou o campo político (é rara a liderança política que ousa discordar do 'projeto) e a 'internacionalização' seguiu em frente. 

E isso foi, ao contrário da propaganda, o suficiente para paralisar todo e qualquer investimento na área do entorno do Leite Lopes.

Donos de terrenos deixaram suas propriedades paradas à espera das indenizações e da valorização da especulação imobiliária. E terrenos vazios em uma cidade onde a desigualdade social é superior à média estadual e nacional resultou em uma onda de ocupações por quem luta por moradia.

Hoje, 8 comunidades coexistem ao redor do aeroporto e a população local, das comunidades e dos bairros, sofre com o retrocesso social, a deficiência em equipamentos públicos e a ausência de emprego e condições de geração de renda.

No governo passado, de Dárcy Vera, com seu projeto de alterar o uso e ocupação do solo de residencial para industrial, explodiram as denúncias de violação de direitos humanos com as remoções forçadas que ocorreram contra as ocupações.

E o drama continua no governo Nogueira, com dezenas de reintegrações de posse engatilhadas e com a insistência da elite local em 'internacionalizar' o Leite Lopes a qualquer custo ou, no mínimo, manter a falácia por mais algum tempo.

Recentemente o deputado federal Baleia anunciou "80 milhões do Temer" e o deputado estadual Gasparini vai tentar buscar mais uma quirela no orçamento do Alckmin. Logo, o 'puxadinho' vai continuar.

Na recente audiência pública para debater o orçamento estadual para a região, o vereador Marcelo Gasparini disse que é preciso lutar pelo "sonho da internacionalização do Leite Lopes". É preciso perguntar: sonho para quem, vereador? Porque para a população local o pesadelo já dura quase 20 anos.

Mas existe uma pergunta a ser respondida: existe alternativa para os bairros do entorno que não seja a 'internacionalização' do Leite Lopes?


Sim, existe.

Primeiro é preciso deixar claro que a 'internacionalização' do Leite Lopes não é para a população do entorno, até porque grande parte dessa população será removida dali. O 'progresso' da 'internacionalização' servirá a outros interesses, certamente aos interesses do grande capital, que até gera riquezas mas pouco a distribui.

Segundo que há um projeto de um aeroporto internacional fora dos limites urbanos, que seria construído em uma área próxima a Rincão e atenderia as regiões de Ribeirão Preto, Araraquara e São Carlos, propiciando às três regiões a possibilidade de desenvolvimento empresarial e logístico, como já ocorre em muitas outras macro-regiões no Brasil.

E, por fim, aquilo que interessa à população do entorno, que é o desenvolvimento local com geração de renda e inclusão social: o final do pesadelo da 'internacionalização' poderia abrir outras possibilidades a partir de políticas de microcrédito, cooperativas populares e da alteração no zoneamento transformando toda a região em área de interesse social.

A vinda de uma escola técnica (Rio Preto instalou um Instituto Federal em menos de seis meses a partir da vontade política) para a região com eixos voltados para as aptidões locais somada a uma política de microcrédito e cooperativas populares (que poderia começar com os 80 milhões do Baleia) produziria em pouco tempo uma rede de geração de renda local crescendo num círculo virtuoso de inclusão social, como já acontece em muitos lugares do Brasil e do mundo.

E a mudança do zoneamento para área de interesse social faria com que a regularização dos assentamentos precários se tornasse bem mais fácil, exigindo, talvez, menos de um terço dos 280 milhões que hoje falta para terminar a 'internacionalização'.

Há saída, há possibilidades, mas, claro, nós estamos falando de uma outra Ribeirão Preto, que se voltasse para os problemas com foco nas pessoas e não com foco no poder econômico como ocorre hoje.

Voltarei a este assunto.

Ricardo Jimenez




domingo, 10 de setembro de 2017

OS SLLQC INSISTEM EM SER INCOERENTES. PORQUE SERÁ?

SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que, há a 20 anos, insistem em não deixar construir um aeroporto novo para Ribeirão Preto porque, para eles, Só o Leite Lopes a Qualquer Custo lhes interessa, mesmo que  a cidade e a região possam ficar sem Aeroporto Internacional.

No passado dia 8/9/2017 o jornal A Cidade emite mais um de seus Editoriais “Fenomenais” sobre o Leite Lopes. Vamos ver um pequeno trecho:

Mais um alerta com relação às condições do aeroporto Leite Lopes de Ribeirão Preto. Entre os 5 aeroportos mais movimentados do Estado, foi ele que registrou o maior número de acidentes durante pousos e decolagens nos últimos 10 anos. Quem indica isso é o Relatório do CENIPA – Centro de Investigação de Acidentes – que acaba de ser divugado.

E prossegue:

Os pilotos complementam as  estatísticas reclamando das condições da pista principalmente pela curta extensão e pela presença de urubus [..] quando se chocam com as turbinas das aeronaves.  Também há risco quando chove.
[...]
Como se isso tudo não bastasse, ainda há sempre a questão da localização do aeroporto, considerada inadequada, porque é muito proxima do centro urbano, reproduzindo, guardando as diferenças, as mesmas condições de Congonhas em S. Paulo.

Aqui devemos lembrar que a pista do Leite Lopes (2100m x 45m) é maior que a pista de Congonhas (1940m x 45 m e 1435 m x 45 m na auxiliar) logo menos insegura que a deCongonhas.

Lembramos também que o Leite Lopes não está proximo do centro urbano mas sim inserido em área urbana densamente povoada, portanto em condições análogas às de Congonhas, aeroporto sempre dado como exemplo do possivel mas que, na verdade, é o exemplo do que nunca mais se deve fazer em termos de aeroportos.

Nem precisamos ser especialistas. Basta sermos razoavelmente inteligentes para entendermos que tanto Congonhas é inadequado como, por isso mesmo, não podemos permitir que o Leite Lopes possa seguir o mesmo mau exemplo.

E como o Leite Lopes está inserido em área urbana, está sujeito a muitos outros riscos tais como crianças empinando pipas e invadindo a pista colocando em risco as operações de pouso/decolagem das aeronaves, riscos à segurança de voo de alguns tipos de aeronaves por causa dos fios das pipas, furtos dos equipamentos de segurança de voo e da própria cerca de divisa, além de expor a população do entorno ao risco de Saúde Pública pelo ruido aeronáutico excessivo, etc., etc. e etc.

Será que o CENIPA é um órgão amador, ao qual não se deve dar muita atenção?

E qual foi a conclusão do Editorial “Fenomenal”?

Agora que temos a verba para a internacionalização, vamos torcer para que ela saia do papel o mais rapidamente possivel. Esta novela precisa ter um final feliz. O aeroporto tem que decolar

De que final feliz o editorialista se refere? Ao acidente de 1996 (96 mortos) ou ao acidente de 2007 (199 mortos) ocorridos em Congonhas, por ser um aeroporto localizado em área urbana, com pista curta e perigosa quando chove?

Senhor Editorialista do jornal A Cidade:

Mais respeito para com os passageiros e tripulantes dos aviões que usam o Leite Lopes;
Mais respeito para com os moradores do entorno do Leite Lopes;
Mais respeito para com a cidade de Ribeirão Preto e região metropolitana que merece um novo aeroporto que seja decente, apropriado e adequado e apto a ser ampliado conforme aumentar a demanda de uma região que deverá deixar de ser administrada por mentes provincianas, para se tornar cosmopolita. E com o Leite Lopes, não dá!


CONGONHAS EM RIBEIRÃO, NÃO!

         JORNALISMO SEM SERIEDADE TAMBÉM NÃO!



sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Carta aos Prefeitos da Região Metropolitana


Prezado Senhor Prefeito

Como é do conhecimento geral, o Brasil, por ser um país continental, onde o desenvolvimento já acontece em todos os recantos, necessita de um modal de transporte que  seja eficiente,  rápido e  econômico  que não  se  restrinja ao triangulo
Rio - S. Paulo - Brasilia. Esse modal, se duvida nenhuma é o transporte aeroviário.

Esse modal não tem recebido a atenção necessária e por isso temos numerosos aeroportos sem capacidade de utilização adequada e eficiente por não ser possível a sua adequação a uma operação segura das necessidades presente e futuras das regiões por eles abrangidas.

Maior a necessidade de um aeroporto realmente funcional para todas as Regiões Metropolitanas que, no nosso caso, se refere à capacidade do Leite Lopes poder atender às necessidades presente e futuras do desenvolvimento da nossa macroregião.

Uma análise simplificada indica que não porque o Leite Lopes pode ser um excelente aeroporto regional mas apenas isso, por falta de condições de ser ampliado e atender a novas e maiores demandas.

(É claro que não estamos levando em conta as questões socioambientais e de segurança que existem com a permanência do Leite Lopes no local atual e que estão sendo discutidas no Judiciário)

As obras anunciadas pelo Governo Federal resumem-se à sua adequação a um trânsito e operação mais adequados para o Leite Lopes se transformar num aeroporto regional, com a ampliação do terminal de Passageiros de forma a atender as futuras demandas e também a acessibilidade de embarque/desembarque por meio das pontes móveis.

Qualquer ampliação para novas operações, como por exemplo de cargas, está impedida por razões judiciais e físicas (um aeroporto de cargas pleno não cabe no espaço físico disponível no local).

Todas as análises técnicas sobre a permanência do Leite Lopes no local atual demonstraram a sua impossibilidade. Mas se permanecermos com essa politica ficaremos ou com a insegurança de um Congonhas ou com a impossibilidade física de ampliação como acontece com Guarulhos.

A politica atual de remendar o Leite Lopes para aeroporto de cargas não passa de uma tentativa de beneficiar apenas alguns interesses empresariais sem nenhuma preocupação com os interesses maiores de possibilidades de atender às demandas futuras de desenvolvimento da Região Metropolitana.


Portanto, senhor Prefeito, torna-se necessário passar por cima dos interesses menores e da pequena politica que impede a região de ter um aeroporto adequado para a RMRP, vimos pelo presente sugerir a Vossa Excelência que se digne avaliar a possibilidade de recomendar ao Conselho de Desenvolvimento da RMRP, quando de reunião com pauta sobre modal transportes, a contratação de uma empresa especializada para elaboração de um estudo de viabilidade técnica para implantação do Novo Aeroporto  para atender a Região Metropolitana e que permita futuras expansões para atender às futuras demandas, inclusive para uso de cargas internacionais e que esteja planejado para  impedir problemas sócio ambientais.