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A janela de Overton manipulada pelos SLLQC
O termo
"Janela de Overton" foi dado em homenagem a Joseph P. Overton, que
era vice-presidente do Centro Mackinac para políticas públicas nos anos 90 e criou um modelo que mostra como as opiniões públicas
podem ser mudadas intencionalmente e de forma gradual por um pequeno grupo de
pensadores ("Think tank").
Ou seja, idéias que antes pareciam impossíveis são plantadas na sociedade e,
com o tempo, se transformam até mesmo no oposto do que era antes
O que é que essa Janela de Overton tem a ver com a atual
administração municipal?
Tem sido uma administração voltada exclusivamente para
garantir os interesses de seus financiadores: Promove o Stockcar, desperdiçando
o dinheiro publico para diversão de meia dúzia de aficionados das elites locais
mas não tem pequenas verbas para subsidiar o carnaval de rua, que tem um público cativo mas que é
popular e não interessa às elites.
Com o Stockcar alguns hotéis, restaurantes e bares
finos têm o seu lucro garantido; com o carnaval de rua só os pipoqueiros e
outros teriam um ganho extra em seu ganha-pão. Pobre não financia campanha, só
vota. Manipulado, sempre vota para atender aos interesses da casta política
provinciana que ainda domina a cidade.
A administração municipal afirma que não pode contratar
professores efetivos, devidamente aprovados em concurso público porque não tem
verba mas vai gastar uma graninha para “arrumar” a cidade para os franceses que
vêm para a cidade para treinarem para a Copa (que não vai ser jogada aqui).
A rede hoteleira, de restaurantes e bares e outros centros “recreativos”
serão os beneficiados. Os ribeirão-pretanos
pagam a conta e continuam sem professores e os alunos continuarão aprendendo
muito pouco em salas superlotadas.
Má educação pública produz cidadãos alienados. Cidadão
alienado é presa fácil dos processos da Janela de Overton e, portanto,
facilmente manipulável, ou seja, continuará a votar sempre nos mesmos e nada
muda.
Poderíamos falar de muitos outros aspectos da Janela de
Overton aplicados pela mídia em Ribeirão mas vamos nos ater apenas ao Leite
Lopes.
Aplicação
da técnica da Janela de Overton no projeto de ampliação do leite Lopes:
A construção da figura do Papai Noel Leite
Lopes
Em 1995 a cidade declara que o Leite Lopes deve ser relocado
para fora da área urbana. Interesses econômicos externos a Ribeirão cooptam
algumas personalidades e entidades das elites locais e passam a promover a
ideia de ampliar o aeroporto, tornando-o internacional, não afirmando mas
sugerindo, como se verdadeiro fosse, que haveriam voos internacionais de
passageiros.
Logo de cara sofrem com a rejeição da sociedade civil e dos
moradores do entorno, aqueles preocupados com a cidade e seu
desenvolvimento e estes preocupados com
o seu futuro[i]. A
alternativa proposta é a de um aeroporto novo.
Para contornarem a situação, os interesses ligados à
ampliação do Leite Lopes, que o Movimento Pro Novo Aeroporto denomina de SLLQC[ii],
promovem campanhas para iludir a opinião dos moradores do entorno.
Iniciaram com uma campanha do tipo Papai Noel (Leite Lopes)
organizando uma agenda denominada de “agenda
positiva” junto a todas as associações de bairros do entorno, para
cooptá-las, em que a palavra de ordem era: ”não adianta lutar contra ampliação
do aeroporto, que é inevitável, mas vamos ser positivos tirando o maior
proveito possível”.
Depois promoveram uma campanha demonizando os moradores do
entorno afirmando que todos são invasores e aproveitadores que se estabeleceram
dentro do zoneamento de ruído do Leite Lopes, mesmo os que moram em terrenos
legalizados. Apregoam aos sete ventos para os primeiros a remoção para locais melhores, mais
dignos no processo de desfavelamento[iii]
e para os segundos uma supervalorização imobiliária.
Sempre escondiam que os loteamentos, legais e devidamente
regularizados, já existiam muito antes de
um campinho de aviação ter virado aeroporto e de ter um zoneamento de ruídos
(por isso ele é o invasor e não os moradores) e os favelados já estavam
ocupando áreas vazias e abandonadas muito antes das pretensões de ampliação do
Leite Lopes e “sugerindo” que só lá é que existiam favelas.
Falaram que iam promover cursos especializados e muitas
outras falácias, entre as quais que os empregos seriam preferenciais para os
moradores e que ocorreria uma tal supervalorização dos imóveis que, se o Leite
Lopes fosse ampliado ficariam todos ricos.
É a velha técnica da formação de demanda política: primeiro
assusta, depois seduz e por último engana. Dessa forma se desloca a Janela de
Overton da rejeição pura, para a situação de normalidade e depois para a
aprovação do projeto usando a ganância do lucro fácil (vou vender o terreno com
uma casinha e compro uma mansão ou vou ganhar uma casa de graça pela COHAB[iv]).
Foi uma campanha bem feita desenvolvida pela mídia escrita,
falada e televisionada além dos prepostos dos interesses dos SLLQC com
penetração junto às comunidades. Desde 1997 até à presente data.
Grandes campanhas televisivas como “Desafio 2000” e “O
amanhã se constrói hoje” martelavam os noticiários tentando enganar as pessoas
criando a imagem de progresso que só a
ampliação do Leite Lopes poderia proporcionar.
Escondiam a alternativa de construção de um novo aeroporto
em local adequado. Nenhuma atividade do Movimento Pro Novo Aeroporto era alvo
de noticiário.
Agora já está em curso a campanha de campo desenvolvida a
partir de 2012, elaborada pelo DERSA, muito
bem descrita, estruturada e organizada
no Relatório de Regularização Ambiental.
Uma das frentes da campanha foi aberta através da sempre
conivente mídia local, principalmente através da imprensa escrita, que publicou
diversos artigos, muito bem feitos por
sinal, “demonstrando” uma “evidente” valorização já em curso no entorno do Leite Lopes.
A
fase final da Janela de Overton aplicada no Leite Lopes:
Engana-se
a população aprovando uma Lei que transformou
os bairros
do
entorno de uso misto para uso industrial, proibindo o uso residencial
Em 2012, na revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo,
transformaram todo o entorno do Leite Lopes (com exceção do bairro Quintino I)
em uso industrial, sem conversar com os interessados, ou seja, os moradores que
lá residem faz décadas.
A imprensa, escrita, falada e televisiva, foi informada disso
pelo Movimento Pro Novo Aeroporto mas se fez de morta, nada divulgando a esse
respeito.
Foi aprovada uma lei de autoria do vereador Dr. Jorge Parada obrigando a
prefeitura a incluir no carnê do IPTU o zoneamento do imóvel. Os carnês foram distribuídos mas não
incluíram essa informação.
Não esqueceram de
cumprir a Lei: foram omissos porque
perceberam aonde isso os levaria.
Não o fizeram para que a população não ficasse sabendo que
agora está irregular e que não pode mais
morar onde há décadas sempre residiu!
E por isso a população continua não sabendo da manobra que
aprontaram contra ela. É por isso que a
administração não quer que a população saiba e muito menos pelo carnê do IPTU!
Esse hábito, já cristalizado na administração pública, de não ser transparente nem se interessar em
divulgar as suas pretensões e atividades, também levou o vereador Beto
Cangussú a entrar com uma representação
junto ao Ministério Público já que a lei da Transparência não permite a omissão
de poder público de fornecer todos os esclarecimentos solicitados por qualquer
cidadão.
O Movimento Pro Novo Aeroporto fez uma pesquisa informal
junto à comunidade que manifestou não acreditar que essa covardia tenha sido
feita pela Prefeitura mas se assim o fosse, é claro que ocorreria a desvalorização de seus imóveis.
Este tema será analisado em maiores detalhes em artigos
futuros.
Enquanto isso, sabem por que é que transformaram todo o
entorno em área industrial?
Conversas na internet, SLLQC notáveis comentaram:
[...]
a maior reclamação são dos moradores no entorno, caso o Governo retire as
pessoas de perto do aeroporto quem ficará para reclamar??? Ninguém, aí sim o
aeroporto estará pronto para crescer mais ainda.
Ou seja, não existe nenhuma valorização no entorno por causa
da transformação do uso do solo para industrial. É que o excesso de ruído, o
excesso de vibrações, do porte do transito mais pesado não será passível de
reclamação de morador porque não deveria estar morando lá. E, por ser legal, os
incomodados que se mudem. Assim os SLLQC podem ampliar ainda mais o Leite Lopes
às custas de todas as poupanças e economias de milhares de famílias que não
terão a quem recorrer.
Esse é o resultado da
manipulação da opinião publica usando o sistema da Janela de Everton para
enganar toda uma população.
Mas o Movimento Pro Novo Aeroporto e o Movimento Pro Moradia
e Cidadania não vai permitir que isso se consolide, porque
POVO ESCLARECIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO
Diga Sim
a revogação da Lei do Uso do Solo
Diga Não
à ampliação do Aeroporto e desvalorização das casas
Nas eleições de 2014 e 2016:
Diga Não aos
candidatos que “vendem” o Papai Noel Leite Lopes
[i] Aqui nasce o Movimento Pro Novo Aeroporto.
[ii] SLLQC É o grupo de pessoas e de entidades que insistem em não deixar construir
um aeroporto novo para Ribeirão Preto e que entendem que Só o Leite Lopes a
Qualquer Custo lhes serve.
[iii] Ao longo destes anos temos assistido ao que
significa, de verdade, esse tal desfavelamento
[iv] Na verdade só ganham 2 carnês: o do IPTU e
o das prestações da casa nova, normalmente com muitos defeitos e localizada em
área sem postos de saúde, sem escolas nem creches