Estimados Amigos,
Em
1932, o então Prefeito Interventor de Ribeirão Preto, Eduardo Leite Ribeiro,
doou das terras do município, 50 alqueires para o Estado de São Paulo no
sentido de ser instalado um sítio de voo.
Na
época eram duas pistas, uma no sentido Norte/Sul, que permaneceu até hoje, e a
outro no sentido Leste/Oeste, isso para poder aproveitar-se o melhor vento.
Contudo
o Aeroporto Leite Lopes somente foi inaugurado como tal em 1939.
Em
1940, com a ampliação da pista Norte/Sul, levando a área de aerodromo para os
atuais 161 alqueires, foram utilizadas terras particulares do entorno as
quais até hoje não foram pagas aos detentores dos direitos sobre elas,
caracterizando um dos mais antigos processos indenizatórios do Brasil.
Nas
décadas de 1940, 1950, 1960 e até 1970, o Leite Lopes era um importante ponto
de apoio para atingir-se o sul de Minas Gerais, Goiás e outros pontos do
território, pois as estradas eram precárias.
Era o
tempo dos aviões a pistão, tal como o famoso DC-3. Com a construção de
estradas, o alto custo das passagens e fretes aéreos passou a desinteressar.
Na
década de 1980 o Leite Lopes esteve muito esvaziado, passando a ter novamente
movimento de aeronaves de maior porte em meados da década de 1990.
O
transporte de passageiros e cargas nos anos de ouro da aviação regional foi
importante, e o aeroporto Leite Lopes era suficiente para as aeronaves daqueles
tempos.
Com a
vinda dos aviões a jato, mais velozes e maiores, o Leite Lopes tornou-se acanhado,
e ainda houve o complicador de passar a ser envolvido por rodovias, e bairro
residenciais e industriais. De um lado a pista ficou limitada pela
Avenida Brasil, e de outro lado pela Avenida Thomaz Alberto Whatelly.
Era
previsível, já no início dos anos de 1980 que essas infraestruturas urbanas
iriam limitar uma futuro expansão do aeroporto.
Mesmo
assim se fez. Mas a aviação é rápida.
Muita
mais rápida do que a política.
Em
Ribeirão Preto continuou-se a operar aeronaves de passageiros até um
determinado porte, mas com a impossibilidade de aeronaves mais pesadas, para o
transporte intermodal de cargas, virem a operar no aeroporto local.
Daí
toda essa celeuma em expandir-se o Leite Lopes para receber aeronaves de maior
porte. Ora, há de se pensar que, talvez, não interesse essa expansão do
aeroporto para receber aviões de maior porte.
A
distância de São Paulo, ou de Campinas, representa para um avião, alguns
minutos de voo. Como também pode
interessar à iniciativa privada, a alocação de um aeroporto em qualquer outra
cidade da região.
Talvez
possa-se considerar mais interessante a construção de um novo aeroporto, ao
invés de, mais uma vez, ampliar o antigo.
Para
os aviões de grande porte, pousar em Campinas, em Franca, em Araraquara,
Barretos, Uberaba, Uberlândia é tudo uma questão de logística, de mais
alguns minutos de voo, vindos de qualquer lugar, ou partindo desses aeroportos
para qualquer outro destino.
A
T.A.M. em uma área de 190 alqueires em São Carlos, construiu uma oficina de
manutenção de aeronaves de grande porte que procedem de todos os pontos do
planeta.
A
restrição que ainda há é quanto a Delegacia Alfandegária.
Os
aviões devem pousar antes em São Paulo, receberem o visto da Polícia Federal e
novamente decolar para daí a alguns minutos pousarem em São Carlos para
receberem manutenção.
A
Prefeitura de São Carlos vem se empenhando em conseguir uma alfandega em São
Carlos.
Com a
consequente melhoria da malha viária de acesso para a cidade e o entorno.
Aviões
cargueiros, de grande porte, de várias partes do mundo pousam na pista da
TAM em São Carlos, sendo tudo isso pertencente a iniciativa privada.
A
EMBRAER deslocou-se de São José dos Campos até o interior de estado, indo
construir em Gavião Peixoto, região de Araraquara, uma das maiores pistas de
pouso e decolagem do mundo, com 4967 metros de extensão, com 45 metros de
largura, que serve de testes para aeronaves procedentes de todos os lugares do
mundo.
Os
funcionários moram em São José dos Campos, pegam o avião da empresa que, em
minutos os deixam no serviço, em Gavião Peixoto, e no final do expediente
retornam no avião para as suas casas.
A área
de aerodromo da EMBRAER em Gavião Peixoto é de 736 alqueires.
Para a
moderna aviação a jato, centenas de quilometros são minutos de voo. As
vezes além de uma disputa política, não haja em Ribeirão Preto nenhum interesse
em transformar o Aeroporto Leite Lopes em um terminal de cargas.
Ele se
presta razoavelmente bem para o transporte de um determinado número de
passageiros, em determinados modelos de aeronaves.
O
Aeroporto Leite Lopes é estatal.
Aqueles
que operam em suas instalações são elementos da iniciativa privada, e que tem
um custo para com o Estado que fornece esses serviços de logística.
Portanto,
quem opera as aeronaves, as empresas aéreas em questão, devem manifestar-se no
interesse pelo Leite Lopes. As expansões da pista e das áreas do entorno
é um custo de dinheiro público.
A futura e desejada privatização talvez não traga interesses para a iniciativa privada.
É necessário ouvir-se todos os lados.
Aristide Marchetti